Como fui banida do KDP Amazon inexplicavelmente e agora, semi-reintegrada, me deixaram no limbo!

Caríssimos possíveis novos escritores independentes, ou curiosos em geral, muito cuidado ao escolher sua plataforma! Vou explicar como em um prazo de uma semana, fui da mais incrível experiência a um completo pesadelo!

Vamos desde o começo, através de indicações de uma amiga, optei por utilizar o kdp.amazon.com como plataforma para meu livro. E admito que no início, achei show! Era razoavelmente simples, até precisei de uma ajudazinha do Luiz, mas se quisesse quebrar um pouco mais a cabeça, teria sido capaz de fazer sozinha. Além do mais, a questão logística pesou, porque a Amazon me dava a possibilidade de distribuir meu trabalho em diferentes partes do mundo, onde tenho contatos. Não tinha custos para publicação; não tinha custos caso não houvesse venda; e os roylaties de 70% para mim e 30% para eles (atenção: caso eles tenham exclusividade!) me parecia bastante justo.

Até aí, lindo!

Publiquei meu e-book, recebi os links de venda de onde encontrá-lo, divulguei para deus e o mundo! Luiz saiu fazendo a maior propaganda entre os contatos dele também!

Quanto ao livro impresso, enviei todo o material, mas antes de publicar oficialmente, escolhi a possibilidade de receber primeiro um “boneco”, que é um modelo de como seu livro vai ficar. E só depois de aprovar esse boneco, finalmente, abrir o acesso ao público.

Recebi o tal boneco, fiquei no céu, super feliz! Novamente, saí divulgando para o povo todo! Aguardando apenas liberar o link de compra para botar a boca no mundo!

Daí, de repente, não mais que de repente, sem aviso prévio, recebo um e-mail (achei até desnecessariamente agressivo) do KDP Amazon, dizendo que minha conta foi cancelada por eu ter múltiplas contas e uma delas estar atrelada a conteúdo indevido. Além do mais, me tirando o direito de receber o que havia vendido! Vou copiar o texto abaixo integralmente, em inglês:

“Hello,

It appears that you have multiple accounts, which is a violation of our Terms and Conditions, and that this account is related to an account that has already been blocked due to rights issues and violations of our Content Guidelines. 

As part of the termination process, we will close your KDP account and remove the books you have uploaded through our channels from sale on Amazon. Note that you are no longer eligible to receive unpaid royalties for sales that occurred prior to this termination. 

Additionally, as per our Terms and Conditions, you are not permitted to open any new KDP accounts.

If you have any questions, please email us at kdp-account-status@amazon.com.

Regards,

Amazon KDP”

Veja bem, nunca tive múltiplas contas! Cheguei a pensar que talvez, por engano, tivesse pedido outra senha com o mesmo e-mail (coisa bastante fácil de se evitar, né? Até website barato de supermercado te avisa se você já tem outra conta no mesmo e-mail). Mas definitivamente, só tinha uma publicação! É meu primeiro livro! Então, como haveria outra conta bloqueada por violação ao conteúdo? Não existe outro conteúdo!

Em princípio, e pela demora na resposta, fiquei arrasada! Fui do céu ao inferno! E agora? Depois de fazer toda aquela divulgação, perdi tudo! Saí feito louca apagando os links que havia publicado, alterando post em blog, alterando página no Facebook… etc.

Por sorte, ainda não havia divulgado o link para a compra do livro impresso. Porque optei por receber o boneco antes, lembra?

Pois é, daí a história ainda fica mais surreal! Depois deles me banirem, cancelarem minha conta e ficarem com as minhas vendas… recebo um e-mail, como se nada tivesse acontecido, avisando que meu livro impresso havia sido aprovado e que estava à venda. Fui no link checar, e sim, meu livro estava lá, à venda… tudo direitinho… Exceto, que eu, a autora, não tinha nem como acessá-lo para cancelar e tirá-lo de venda!

Lá fui eu escrever novamente para ao KDP! Então, recebi uma mensagem que eles “muito legais”, a partir da minha resposta, resolveram me aceitar de volta! E, de certa maneira, querendo dizer que eu tomasse mais cuidado com meu conteúdo. Abaixo, em inglês:

“Hello,

Thank you for your email concerning the status of your account.

After reviewing your response, we have reinstated your account and we will once again accept your books for possible publication.

Please be advised that all of your submissions must comply with our Content Guidelines for publishing on Amazon: kdp.amazon.com

Upon reinstatement of your account, you must review your catalog and remove any other titles currently available for sale on Amazon that do not comply with the KDP Content Guidelines.  

Please note that your future submissions may be subject to additional review prior to being published. This may result in a delay in publishing.

As a reminder, if any of your submissions fail to comply with our Content Guidelines, your KDP account and you may also lose access to optional KDP services.

For any questions, please reply to this e-mail: kdp-account-status@amazon.com.

Regards,

Amazon.com”

Ou seja, fiquei confusa, eles me baniram por que eu tinha múltiplas contas imaginárias ou por que o conteúdo (que eles mesmos aprovaram para o livro depois de me banir) de repente ficou inadequado?

Mas enfim, tentei entrar novamente na minha conta, depois de me dizerem que estava recuperada, e nada! Enviei novo e-mail para perguntar se havia um prazo para a conta retornar normalmente ou era outro erro.

Finalmente, eles acertaram essa questão e consegui entrar na conta. Ufa!

Só que não…

Porque, até o momento presente, eu tenho acesso à conta, consigo fazer alterações, mas não tenho acesso aos relatórios. Isso quer dizer que não tenho acesso às vendas. Na parte das informações sobre livros vendidos e próximas vendas, sigo bloqueada.

Assim que ficou pior! Porque agora, teoricamente eles dizem que minha conta está “normal”, portanto, preciso seguir com um contrato de 3 meses de exclusividade, sendo que não recebo um tostão do que vendi ou venderei. Vamos piorar mais um pouquinho? Na verdade, por contrato, mesmo se eu quiser cancelar agora, por ser eu quem está cancelando, continuo devendo exclusividade por 3 meses. Resumindo, estou refém do KDP!

E o pior, há outras plataformas de publicação bastante interessantes! Estou prontinha para lançar meu livro em outro lugar! Mas me encontro no limbo, o KDP Amazon não resolve meu problema, nem me deixa livre para buscar minha vida em outro lugar! Pelo menos, nos próximos 3 meses!

Andei pesquisando pela internet e achei casos parecidos, inclusive com as mesmas mensagens padrão. Não sei que raios eles estão fazendo! Estou segura que a relação deve ser ótima com muita gente, mas aqui, divido uma experiência legítima com vocês.

E então, queridos novos autores, vocês tem certeza que querem correr esse risco?

PS: Finalmente, após muito trabalho, reclamações e troca de e-mails… aparentemente, tudo resolvido! Voltei a ter acesso às vendas e, o que havia vendido antes de todo o problema acontecer, retornou à minha conta. Ainda quero aguardar um pouco para celebrar, afinal, gata escaldada…

Se vou retomar a confiança na plataforma, só o tempo dirá. De toda maneira, tenho 3 meses para tomar essa decisão. Aconselho a quem quiser, ainda assim, fazer parte do KDP Amazon, que pelo menos aguarde um pouco para ver se tudo funciona bem com sua conta, antes de optar pela exclusividade. Prudência e canja de galinha não fazem mal a ninguém!

Fome, minha primeira ficção, e os bastidores de como publicar um livro!

Fotografia: Claudio Harris

Lá se vão quase 16 anos e foi em um blog que comecei a escrever publicamente. Às vezes, me assusta pensar em quanto tempo já se passou! O velho clichê do parece que foi ontem! Durante esse período, muitas pessoas me perguntavam por que eu não escrevia um livro.

A resposta era bastante simples, escrever um livro me custaria caro! Não tenho editora e não conheço ninguém na área. Teria que publicar arcando com todas as despesas e, ainda por cima, precisaria pensar na logística de distribuição.

Ainda assim, há uns 6 anos, tive a ideia de uma história para escrever. Minha primeira ficção! Queria fazer algo diferente do blog, se era para mudar de canal, por que não navegar em outra dimensão?

Escrever uma ficção era libertador e, ao mesmo tempo, um desafio. Libertador, no sentido de poder me tornar qualquer pessoa sem os filtros dos meus próprios valores, pelo menos em teoria. E um desafio em conseguir de verdade me molhar nessas águas, arriscar na criação, ser capaz de imaginar e sentir na pele experiências completamente fora do meu universo.

Entretanto, até o ano passado, terminar o tal livro não era uma prioridade. Era um projeto que estava lá, aguardando uma oportunidade. Mas pelo meio de 2018, achei que ou resolvia esse assunto ou esquecia de vez! Estabeleci um prazo para acabá-lo até o final do ano. E sabe como é, quando realmente direcionamos nossa energia, as coisas começam a acontecer. E, no fim de 2018, terminei o bendito livro!

Então, tá, né? Com o texto pronto na mão, como é que eu fazia agora? Achava fundamental que o livro tivesse algum tipo de edição. Porque eu já estava cega para eventuais erros!

Parti para solução caseira, pedi a minha prima, Fabrina, e duas amigas, Eliana e Cláudia, para lerem para mim. Sem a preocupação de gostar da história, o objetivo era pegar o que poderia haver de errado em ortografia, em ordem lógica, em possibilidades de interpretação… enfim, o que eu já não tinha mais condições de enxergar. E o Luiz, meu marido, era o “me ajuda em tudo aí, por favor”! Na alegria e na tristeza… na saúde e na doença… nos perrengues diversos… Entre concordâncias e discordâncias, achei essa parte do processo fundamental. Porque trouxe novos olhares e toques interessantes. Mesmo o que eu não concordava, acabava por reforçar as ideias, ou seja, usando ou não as observações, considero que no conjunto me adicionou e elevou a qualidade do trabalho.

Ok, legal… mas, e aí? O que fazer para botar o bloco na rua?

Recomendo que você registre seu livro na Biblioteca Nacional. Sei lá, seguro morreu de velho… Dessa forma, você garante que ninguém use sua ideia sem te recompensar por isso. A burocracia é pequena, simples e custa apenas R$20 (em fevereiro de 2019). Achei um guia passo-a-passo muito bom no blog Papo de Autor.

Você também precisa pensar em uma capa. Por favor, não saia copiando imagens pela internet. Principalmente, porque é legal respeitar o direito das outras pessoas. Você quer que respeitem o direito à autoria do seu livro, certo? Imagina ele copiado por aí, em nome de outro! Com a imagem é a mesma coisa, se está lá, alguém fez. Além do mais, o uso indevido de alguma imagem pode te dar sérios problemas (merecidos!). Resolvi eu mesma criar um “cenário” e tenho a sorte de ser amiga de um fotógrafo profissional excelente, o Claudio Harris, que fez e editou a foto para mim. A parte curiosa é que, no meu caso, ainda pude literalmente jantar a capa!

Pergunta daqui, pergunta dalí, fui parar no kdp.amazon.com. Cheguei a publicar por lá, gastei a maior energia com divulgação dos links, vendi alguns livros… e de repente, me chegou um email dizendo que eu tinha múltiplas contas no KDP, o que era irregular, que uma das minhas contas era atrelada a outra bloqueada por conteúdo impróprio e que por isso minha conta havia sido cancelada, os links de venda saíram do ar e não pagariam meus royalties dos livros vendidos. Lindo, né? Eu não tinha outras contas, nunca tive conta bloqueada antes e é meu primeiro e único livro. Obviamente é um erro, mas até provar que focinho de porco não é tomada… E, pesquisando pela internet, li sobre outros autores que tiveram exatamente o mesmo problema! Assim que, se fosse você, evitaria trabalhar com eles ou tome muito cuidado. Pessoalmente, o que achei mais desonesto de tudo foi eles embolsarem os meus royalties dos livros vendidos!

Há outras alternativas e agora estou buscando novas possibilidades, aqui você encontra algumas. E se estiver no Brasil, há plataformas nacionais também, como por exemplo, a Saraiva. Enfim, busque a que melhor te atenda. Estou inclinada a usar o Smashwords.

Livros publicados recebem um ISBN (International Standard Book Number), que é uma identificação. Esse sistema identifica numericamente os livros segundo o título, o autor, o país e a editora, individualizando-os inclusive por edição. Se você fizer direto pela Amazon, eles automaticamente atribuem um ISBN para você.

Estou aprendendo um monte de coisas! Apanhando um pouco, mas ainda assim, adorando!

A parte da divulgação é um pouco mais complicada. Pessoalmente, uso os recursos que posso, Instagram, Facebook, boca-a-boca, peço para amigos, escrevo post no blog… Luiz está ajudando bastante também. E, aproveitando a ocasião, se puder divulgar meu livro, a família agradece!

Fotografia Claudio Harris

Fome é uma ficção do gênero suspense e mistério. É um livro que gera sensações tão incômodas como o título sugere. Trabalha com a ideia de que não existe um ser humano totalmente bom ou totalmente mau. Há um padrão de comportamento e regras sociais estabelecidas, mas quando as pessoas são levadas a uma situação limite é difícil ter certeza para onde a balança pesaria. Tendemos a julgar os outros por esses padrões e por partes de informações que temos acesso, mas na privacidade dos indivíduos, tudo pode acontecer, desde situações absolutamente rotineiras a completos absurdos. Então, se pudéssemos entrar na realidade de cada um, conhecer seus pensamentos e necessidades mais íntimas, será que julgaríamos da mesma forma? E seria justo julgarmos os valores alheios? Quem teria o direito de estabelecer o que está certo? Para repensar esses e uma série de outros questionamentos éticos, inclusive temas considerados tabus, os três personagens principais do livro, Tara, Adroa e Zao, são levados a passar por situações extremas de violência, abusos ou mesmo amor, e tomam suas decisões.

Para quem acompanha o blog, aviso que é bastante diferente do que vocês encontram por aqui. Começa por ser uma ficção, oposto do meu blog que é autobiográfico. Em alguns momentos do livro, utilizo experiências pessoais em personagens diferentes, até porque posso falar com mais propriedade sobre assuntos conhecidos. Mas o que os personagens fazem com isso… é problema deles!

Escrevê-lo não foi simples. Levei a sério o exercício de entrar na cabeça dos personagens e tentar agir de acordo com as suas convicções e valores. Fome é narrado em primeira pessoa, por uma das personagens principais, então, precisei realmente ter esse posicionamento de me colocar no lugar de outra pessoa. Houve um lado muito bacana que foi conseguir ver diferentes prismas de uma mesma verdade. Mas também houve um lado incrivelmente duro, porque há momentos de muita violência ou perversão onde ficava até difícil dormir depois. Por não ter imagens, os temas não podem ser apenas sugeridos, preciso ser muito descritiva e a imaginação pode ser pior do que uma cena pronta de filme, que já haverá passado por certa censura.

A linguagem é direta e, às vezes, até literal. Mas houve um trabalho grande de pesquisa e há uma série de mensagens nas entrelinhas. Portanto, existe mais de uma maneira de interpretar a história. Mais do que respostas certas, o que me interessa são as perguntas, é o questionamento, a possibilidade de ver situações de uma outra maneira. E, se me permitirem o abuso do seu tempo, recomendaria que o livro fosse lido mais de uma vez. Tenho certeza que parecerão livros diferentes. Não é longo, não é difícil de ser lido e é um livro para adultos.

Aos que se aventurarem a seguir caminho parecido, conto que a realização de ver seu livro publicado é fantástica! Por mais que ele estivesse pronto dentro do meu computador, a sensação de entrar em um website e ver sua criação pública e disponível é completamente diferente. Fiquei feliz só de saber que estava lá! Comemorei a primeira venda como se fosse algo extraordinário! Porque, para mim, foi.

Essa experiência de escrever tem me trazido um enorme aprendizado em diferentes perspectivas, ampliou meus horizontes. Escrever especificamente uma ficção, me ensinou ainda mais a me colocar no lugar do outro e tenho muito orgulho dessa possibilidade de empatia. Traz um lado de humildade, por entender que nunca serei a dona da verdade e outro lado de poder, por ser capaz de ver essa verdade com cores diferentes. Não sei se escrever me fez uma pessoa melhor, mas definitivamente, me fez maior.