O melhor possível!

Contrariando muitas expectativas e apesar do incêndio, no próximo final de semana, faremos nossa vindima! Após um período de incertezas, a dedicação e o trabalho duro prevaleceram!

Há algum tempo, assisti um vídeo espanhol que achei muito interessante sobre como as gerações anteriores respondiam à atual diversidade de gêneros. Admito que mesmo não sendo assim tão antiga, às vezes também me pego com algumas dúvidas. Enfim, em determinado momento, está uma pessoa nascida mulher que não se identificava com o gênero feminino explicando essa situação para um casal de idosos. O senhor ficou confuso em como tratar uma pessoa assim, se deveria chamar de senhorita, senhor, ele, ela… como seria a forma adequada? A esposa dele tinha dificuldade auditiva e ele se vira para ela para explicar a questão e ouvir sua opinião. E pergunta à esposa, como você trataria uma pessoa que não se identifica nem como homem nem como mulher? Fiquei curiosa para saber o que a senhora idosa responderia, porque honestamente eu mesma não saberia o que dizer. E ela responde sem pestanejar: trataria o melhor possível! A pergunta era em relação a que pronome ou termo utilizar, mas nesse caso, o verbo “tratar” funciona para ambas interpretações. Achei a resposta genial! Em sua simplicidade, a senhora idosa foi ao centro da questão e ao que verdadeiramente importava.

E, por que estou contando isso? O que a diversidade de gêneros tem a ver com o incêndio na minha Quinta?

Nada! Mas é que, a partir da resposta daquela senhora, todas as vezes que não tenho a menor ideia de como vou fazer alguma coisa, respondo para mim mesma: o melhor possível! E pronto, um magnífico coringa! Num passe de mágica, não tenho mais um problema, não preciso achar a solução perfeita, só preciso fazer… o melhor possível!

Portanto, caríssimos, ao lamber minhas feridas sem a menor ideia se teríamos colheita, se salvaríamos as vinhas, se conseguiríamos fazer nosso vinho… e como seguir adiante depois de levar essa voadora no peito… respirei fundo e pensei: da melhor maneira possível! Vai com medo, vai tropeçando, vai triste, vai puta da vida, mas vai!

E fui! Fomos! Como se diz por aqui, até ao lavar dos cestos é vindima!

Estudei, li, inventei, perguntei, pedi ajuda, trabalhei feito uma burra de carga e acreditei. Assim sendo, outros também acreditaram, em mim, em nós e nas nossas vinhas.

O fato é que sim, em um par de dias, teremos vindima! Sábado, 17/09, colheremos as uvas brancas e no domingo, 18/09, colheremos as tintas! As uvas estão no limite do que podem aguentar, mas aguentaram. Não sei se o vinho será perfeito e não me importa, porque o vinho que ele for me trará o sabor de vitória. De fênix para fênix!

A parte divertida é que, logo após a colheita, começaremos o processo de vinificação. Quando contava isso para minha mãe, ela me perguntou: e você sabe fazer vinho, Bianca? E respondo segura: mas é claro… que não! Você já me viu fazer vinho na vida?

E como é que faremos, então?

Todo mundo aqui sabe o que vou responder: o melhor possível! É lógico!

E, acredite quem quiser, hoje, a meros 3 dias da vindima e do início da fabricação do nosso primeiro vinho, consegui finalmente o contato e acertei com um enólogo para nos apoiar! Isso tirou um peso incomensurável das costas! Imagina quanta coisa a gente pode aprender, sem falar em quantos erros evitaremos! E o fundamental, poderemos entender concretamente quais as castas deveremos nos dedicar nos próximos anos para produzir o melhor equilíbrio da nossa produção.

Tenho usado os momentos de folga para estudar pacas! No mínimo, para entender quais são as perguntas certas. Quando você precisa de ajuda, como eu, é importante ter esse tipo de dedicação. Ninguém tem tempo para perder com quem não se esforça. Por outro lado, muita gente se sensibiliza com quem está tentando acertar e respeita o trabalho. E isso, caríssimos, não é pena, é senso comum de justiça, felizmente, uma das boas características humanas. Portanto, me sinto muito honrada e grata quando recebo uma mão amiga de algum lugar para me dar um impulso para cima.

Amanhã, começam a chegar os primeiros amigos que aceitaram com generosidade doar seu tempo e seu trabalho para essa colheita acontecer! Não posso ser mais agradecida por todo esse desprendimento! Juro que é o que mais me emociona nesse processo. Agora mesmo, as borboletas estão fazendo a festa na minha barriga, é uma mistura de alegria, orgulho, preocupação… A cabeça a mil, passo e repasso as etapas mentalmente ou em listas rabiscadas na agenda para tentar não esquecer nenhum detalhe e, ao menos, oferecer uma experiência bacana para toda essa gente legal que nos cerca.

Nada é garantido na vida! Não sei ainda a quantidade e a qualidade do que vamos colher, temos um longo caminho pela frente. E tudo bem! Importa que não lavamos nossos cestos por antecipação e, às vezes, é muito bom saber que o mundo guarda algo de justiça, que vale a pena acreditar e fazer o nosso melhor possível!

E a frase que estava entalada na garganta, louca para ser dita: habemus vindima!

8 comentários em “O melhor possível!”

  1. Bianca, tenha a certeza que admiro profundamente a sua resiliência e determinação, diante de tão trágico acontecimento.
    Com toda sinceridade que me é peculiar, gostaria imensamente de poder me juntar a você é a todos que se dispuseram a realizar esta duríssima empreitada.
    Que Deus abençoe a todos vocês, e que a vindima seja de muito sucesso, apesar dos pesares. Tenho a certeza que você fará o melhor possível.
    Grande beijo!

  2. Que maravilha! Queria muito participar da vindima! Quem sabe na próxima?

    Vou acompanhar daqui com carinho e feliz por vocês… amigos queridos.

    Bjs

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