
Muita calma nesse momento!
Acredito que por volta de uns 13 anos morando fora (descontando o tempo que fiquei no Brasil) é a primeira vez que consigo ficar mais de um ano sem ir ao país. E leia-se isso como boa notícia! Não é que não aproveitasse ou não quisesse, mas basicamente porque a imensa maioria de vezes que precisava ir era de emergência para resolver pepinos!
Pois bem, dessa vez, não tinha uma urgência (isola!), eu precisava decidir ir de propósito. E confesso que enrolei um pouco, até porque minha mãe e meu irmão vieram nesse período, eu tinha festa de bodas para fazer, queria viajar para outros lugares também… e o tempo foi passando.
O problema é que tenho dois sobrinhos ainda muito pequenos, que não viajam essa distância, e estava há 1 ano e 4 meses sem vê-los! É muito tempo nessa idade! Com a mais velha, de quatro anos e meio, ainda consegui estabelecer um vínculo maior durante os três anos que morei lá, e nos falamos pela câmera na internet sempre que possível. Mas o outro, vi recém-nascido, aliás, o motivo da minha ida anterior ao Rio. Vejo pela câmera também, mas ele ainda é novo para entender.
O engraçado é que vou comprando presentinhos para eles ao longo do ano, coisas que vejo e acho que iriam gostar e tal… até alguém da família passar por aqui ou vice-versa. Só que como essa vez demorou um pouco mais, a saudade foi apertando e, quando finalmente resolvi ir, tinha uma mala enorme de presentes para os dois! Sério, foi uma mala normalzinha de roupa para mim, uma lembrancinha ou outra para minha mãe ou irmão… e outra mala gigante cheia de “muamba” para as crianças!
Mal exemplo, né? Fica querendo comprar as crianças… Então, fico mesmo, suborno na maior cara-de-pau! Sou tia!
Admito que não estava muito animada no início para ir. Não pela família, é óbvio, mas por toda a situação do país. Não suporto o presidente atual, não suporto os anteriores, não suporto a oposição… ou seja, olhando para à direita ou para esquerda, não me reconheço nem me representam. E, francamente, havia perdido completamente a paciência para conversar com as pessoas por lá. De uma hora para outra, parecia haver baixado uma escrizofenia coletiva, onde todos repetem o mesmo discurso com sujeitos diferentes. Fora toda a violência! Eu tenho medo de sair na rua no Brasil e, convenhamos, o Rio de Janeiro está quebrado!
Por isso, de certa forma, me preparei para o pior. Pensei, a prioridade são meus sobrinhos, família e amigos próximos que não me encham o saco! Nem uso mais o Facebook, então nem tinha como organizar grandes encontros.
Juro, até o dia da viajem, não estava nem um pouco animada! Mas sei lá, já dentro do avião comecei a pensar nas crianças, nas pessoas, nas coisas que gosto, na música e fui literalmente sendo invadida por uma sensação boa, de saudade, de amor, talvez do restinho de brasilidade que ainda me reste.
E vou logo adiantando, sem fazer suspense, que foi tudo de bom! Bem melhor do que me preparei! Para começar, nenhum pepino de saúde nem comigo nem com a família! Ufa! Só daí melhorou tudo uns 150%! O resto era lucro.
Fugi léguas de qualquer assunto relacionado à política, chega! Nem moro mais lá! Não preciso passar por isso, não preciso convencer ninguém, nem deixar usarem meu ouvido de penico!
Sempre chego com um pouco de medo no aeroporto. Atravessar aquela linha vermelha ou amarela à noite (ou em qualquer horário) é a primeira barreira de entrada. Mas minha mãe foi me buscar com o namorado, viemos conversando e nem me lembrei de me preocupar tanto durante o caminho.
Dia seguinte, montei um “sofá de presentes” para meus sobrinhos (valorizar um pouco, né? A pessoa faz set design…). Fui buscar minha sobrinha na creche, digo escolinha, afinal, segundo ela, já é uma “menina grande”, não vai mais em creche (mesmo sendo no mesmo lugar)! O sobrinho chegaria mais tarde, na hora da mãe buscá-la.

Claro que a criatura ficou louca! Nem sabia com o que começar a brincar primeiro! E eu arrumei uma encrenca para mim mesma, porque a partir de agora, o padrão foi colocado lá em cima e ai de mim se aparecer só com uma bonequinha! Mas tudo bem, isso é assunto para a próxima viagem! Meu sobrinho também gostou, os dois juntos tocaram um barata voa na casa que nem conto!
Vi os dois quase todos os dias do par de semanas que passei por lá! E foi muito bom para mim poder criar esses momentos, tirar fotos, gravar vídeos, de alguma maneira ainda fazer parte da vida deles.

Se fosse só por isso, já teria valido a pena! Mas foi mais. Fui aos lugares que minha mãe começou a frequentar e me contava por mensagens, conheci pessoas novas que ela passou a conviver. Assim como também saí com meu irmão, primos, amigos queridos, amigos que acabei reencontrando depois de anos, gente nova que conheci… enfim, muito legal!
Fui ao Circo Voador, que adoro… me enfiei com meu irmão nos camarins da Festa Ploc para tietar um pouco… consegui ir à praia um par de dias… tomei ótimas cachacinhas e melhor papo ainda no Adega Pérola na criada “segunda-feira sem lei”… saí pelas ruas de Copacabana de madrugada a pé sem lembrar de ter medo… fui com minha mãe nos bailes de dança de salão do Iate… comi uma carne ótima no Osbar do Centro… brinquei no chão… fiz comidas de mentirinha com minha sobrinha… quase enverguei a coluna pegando o tourinho do meu sobrinho no colo… aprendi músicas novas… e no final, minha mãe ainda resolveu fazer uma festa! Decidida de última hora, por isso foram só umas 40 pessoas! O DNA é forte… E foi divertidíssimo!
Muito bom voltar ao Rio com uma boa experiência! Sei que não é mais meu lugar, talvez nunca mais seja, mas me faz bem saber que ainda tenho meu crachá carioca na gaveta (porra!).
Não é atoa que se chama cidade natal. Nasci ali e serei sempre filha desta cidade. E vivendo no exterior, quando encontro um carioca é como encontrar alguém da família. Laços fortes que ficam para sempre. Triste de ver o enorme buraco em que o Rio está e continua ficando mais e mais fundo 😦
Eu não sou do Rio, mas tenho um carinho muito grande pela cidade. Fomos muito felizes lá (e falo “fomos” porque esse sentimento bom compartilho com meus Nicola’s – a nostalgia aqui em casa é compartilhada kkkk até o gringo já deixou escapar um “que saudade de lá!”). Infelizmente tem todas essas coisas negativas que você citou (desde o medo em atravessar a linha vermelha até a chatice da doença política). Mas, que bom que essa sua última experiência foi ótima e que bom que você pode aproveitar do melhor que tem lá: das pessoas. Agora, preciso te confirmar, por experiência própria: se ralou, menina! Realmente, aiiiiiii de você se aparecer por lá com uma blusinha e uma bonequinha. Será deserdada do papel de tia kkkkkkk 🙂
Nenhuma dúvida, Tati! 😀 Me meti sozinha nessa encrenca, né?… rsrsrsrs… mas faz parte de ser tia coruja morando longe! O mais novo ainda não entende tanto, não teria a expectativa, mas ano que vem já será capaz de comparar se está ganhando o mesmo que a irmã, ou seja, encrenca dupla!:P Mas tá valendo! A farra que os dois fizeram não tem preço! E isso é uma coisa legal, eles brincam muito, aproveitam os brinquedos. Não é aquela coisa de pedir por pedir sem dar valor. Aí, eu me derreto… hahahahaha… Beijo
Pois é, Claudia, a coisa tá complicada sim, não é só marketing político. Mas consegui passar imune, pelo menos dessa vez… Beijos