O trigésimo oitavo endereço!

Foi estressante e trabalhoso, mas deu tudo certo! O que, felizmente, tem sido a manchete da nossa vida ao longo dos anos.

Nos mudamos para meu 38o endereço no dia 15 de abril de 2014. Sim, com esse número quase que intimidador, era de se esperar que tivesse (e tenho!) uma baita experiência no assunto. Ainda assim, tenho essa sensação de que algumas mudanças são mais complicadas que outras e essa foi uma das complicadas.

Por que? Porque não tinha grandes referências de nenhuma empresa transportadora por essas bandas, tinha um nome que uma amiga havia passado, mas não havia utilizado. Portanto, precisei ir tateando um pouco no escuro e torcer para que fossem honestos. E, verdade seja dita, foram corretos em tudo que se proporam. Usei a Simply Removals.

Eles são considerados de um custo mais baixo que a média, mas sem muito mi-mi-mi. O que é uma desvantagem para quem não sabe o que fazer, entretanto no nosso caso, foi ótimo! Veja bem, eu nem preencho aquelas listas de móveis etc para fazer orçamento, já negocio direto com as empresas por número de caixas e metragem cúbica. Não preciso de visitas prévias. Apesar do que, essa foi a primeira empresa que, efetivamente, contou com o que eu disse e não fez nenhuma visita prévia, se eu tivesse dado alguma informação errada, problema meu, iria pagar o que precisasse a mais! Confesso que com toda a onda que tiro, entre nós, me deu um medinho. Será que disse tudo certo mesmo? E se não entenderam meu inglês direito?

Muito bem, havia a opção de fazer tudo em um dia só, ou embalar em um dia e transportar no outro. Sempre faço tudo no mesmo dia, mas era o mesmo preço, minha primeira vez com eles, havia empacotado um monte de coisas por minha conta… quer saber, vamos tentar em dois dias que tenho mais segurança.

Tinha praticamente certeza que os funcionários seriam do leste europeu, ou seja, o pessoal que eu tenho medo (sim, eu sei que é preconceito e tal, mas já expliquei por aqui que meu problema é que não consigo entender a cultura e me sinto insegura. É pura ignorância assumida!).

E não deu outra, segunda-feira, chegam dois indivíduos, um educado, normal, apenas preocupado onde estacionar seu carro. Bom, a gente havia reservado vaga para o dia da mudança e pagamos uma nota por isso, mas para o carro do empacotador, não tinha nada reservado, sinto muito. De toda maneira, me propus a ajudá-lo a tomar conta se alguém aparecesse para multar e tal. O outro empacotador mal abria a boca e tinha a maior cara de mau! Mas enfim, não mexe com quem está quieto, né?

Havia deixado tudo encaminhado em casa, deixo tudo muito organizado antes deles chegarem, porque uma vez que eles entram, é como um furacão, quando você vê… já foi! Pois bem, nas cláusulas que recebi por e-mail em relação à mudança dizia que não transportavam bebidas nem comida. Na verdade, a maior parte das transportadoras dizem isso, ainda que até hoje, sempre consegui contornar a situação e levar as bebidas de alguma maneira. Nós somos colecionadores (e bebedores) de cachaça, temos aproximadamente umas 40 garrafas em casa, fora os vinhos, whiskies etc. Assim que já havia me preparado para levarmos nós mesmos essas garrafas, no carro de amigos, após a mudança. Daí, deixei tudo encaixotado, mas com as caixas abertas, separado embaixo de uma mesa, meio sem saber como abordaria o tema do seu transporte no dia seguinte.

O empacotador com cara de mau, foi o que ficou nesse área da casa e eu na outra ponta do apartamento com medo dele, mas de vez em quando ia lá dar uma olhadinha, bem rápido, no que estava acontecendo. Em uma dessas vezes, quando chego na cozinha, está ele embalando as bebidas que havia separado e achado que eles não levariam; na verdade, havia embalado boa parte delas! Eu devo ter feito uma cara de surpresa quando cheguei e o vi empacotando novamente as bebidas, no que ele me responde sério: essas bebidas não estavam bem embaladas, estou colocando de um jeito mais seguro. Ou seja, com essa frase, queria dizer que ele não estava nem aí se era proibido ou não, se estavam empacotando, eles levariam! Eu nem titubeei, respondi assertiva: você tem toda razão, o seu jeito está muito melhor! E saí comemorando sozinha pelo corredor e já achando o cidadão com cara de mau gente boa pacas!

Em mais ou menos três horas eles terminaram o serviço, foi rápido! Até porque, modéstia às favas, estava fácil de resolver. Achei bom dividir em dois dias, é menos cansativo e me deu mais confiança que no dia seguinte eles realmente apareceriam para o transporte. Porque veja bem, recebi tudo por e-mail, paguei e não tinha um só papelzinho assinado comprovando nossa negociação!

Encurtando o suspense, pontualmente na terça-feira, dia 15, a segunda dupla apareceu, com o caminhão direitinho do tamanho que havia negociado. Ambos novamente do leste europeu, lituanos, e para eu pagar com a minha língua, um deles era a maior simpatia! Um ótimo astral, brincalhão e bastante educado. O outro era mais sério, mas depois descobrimos que simplesmente quase não falava inglês, sempre que precisava se comunicar, o mais simpático traduzia.

Foi um pouco mais demorado do que imaginava, mas é que o caminhão veio cheio até as bordas e é um quebra-cabeças fazer caber as coisas. E o principal, levaram praticamente tudo, inclusive o que imaginava que não fosse possível. O que para nós foi fantástico, porque quase não sobrou o que levar depois, a não ser um aspirador de pó, que deixei de propósito e uma escultura grande e muito frágil que precisava ir no meu colo.

Nós não temos carro aqui, então, uma amiga ficou de ajudar no fim de semana se precisasse, outro amigo estava meio enrolado no trabalho, mas tentando dar um jeito de sair… nisso, durante a mudança uma outra amiga diferente liga oferecendo o carro se quiséssemos levar algo naquele dia. Maravilha! Fechei com ela, na verdade, um casal, fiquei de ligar quando acabássemos.

Quando estávamos quase terminando, como íamos de metrô, Luiz resolveu ir para casa nova na frente e não correr o risco do caminhão chegar primeiro. Além do mais, ainda nem tínhamos a chave da casa ainda, imagina isso! Fiquei eu no apartamento antigo para finalizar o processo.

Daí a jóia rara do meu digníssimo marido, me pergunta em inglês alto e claro na frente do carregador: você não podia ir com eles de carona? Eu queria matá-lo, juro! Veja bem, qual o marido que oferece a sua mulher para ir de carona sozinha com dois lituanos desconhecidos de caminhão? Só o meu, né?

Fui rapido e literalmente tirando o meu da reta, que eu precisava limpar algumas coisas antes de sair e não ia atrasá-los. E o próprio lituano simpático, também já estava se desculpando, mas disse que não podiam levar mais ninguém no caminhão por uma cláususa do seguro ou algo assim. Claro, claro, entendo perfeitamente, não se preocupe…

Pois muito bem, a medida que iam terminando os ambientes, eu ia atrás passando o aspirador para adiantar meu serviço e saí alguns minutos depois deles do apartamento para pegar o metrô. Por via das dúvidas, esperei o caminhão sair para justificar minha estadia. Luiz já havia chegado na casa nova.

Deixar o apartamento vazio foi estranho, costuma ser. Porque de uma hora para outra, não é mais minha casa, a energia muda. Caminhei até a estação do metrô viajando sozinha, lembrando de quando cheguei, também sozinha e com um apartamento vazio. Mas ainda tinha muita coisa para fazer e não dava tempo de ficar melancólica!

Cheguei na casa nova pouco antes do caminhão, Luiz já havia pego as chaves e conversado com o proprietário.

É que como nada nosso é simples, ainda tinha outro porém, a entrada da casa fica em um corredor um pouco apertado para os móveis entrarem, alguns simplesmente não poderiam fazer a curva e passar pela porta da frente. A solução era passar pelo corredor lateral do vizinho e entrar por uma passagem removível na cerca de madeira entre as duas propriedades. Porque a porta que dá para o jardim é bem acessível. Contando assim é mais complicado do que foi na prática, mas sabe como é, tudo depois que se sabe é mais fácil.

O vizinho estava viajando, mas nosso proprietário tem (ou tinha) a chave do seu portão lateral. Isso facilitou bastante, pois não precisamos incomodar ninguém. Quero ver no dia que a gente precisar sair, mas aí é outra história!

Resumindo a ópera, foi trabalhoso, mas nada anormal para uma mudança. Havia feito maquetes improvisadas dos ambientes e sabia praticamente onde iria tudo, isso também facilitou. Modéstia às favas, experiência… sabe como é…

Final da tarde, tudo dentro de casa, finalmente assinamos algum papel, que a essa altura nem me fazia diferença, já estava tudo pago mesmo! Demos uma boa gorjeta para os lituanos, afinal trabalharam bem, sem reclamar e, novamente para eu pagar a língua, nenhuma cara feia! Pelo contrário! Ficaram felizes com a gorjeta, acho que nem esperavam, acho que ninguém espera gorjeta aqui.

Nós estávamos mortinhos da silva, mas ainda faltava voltar para o apartamento, terminar de limpar e pegar as coisas que ficaram por lá. Ligamos para o casal que ía nos dar essa carona de volta. Eles ainda demorariam a se liberar, o que achamos até bom, resolvemos sentar para comer alguma coisa, afinal, nem almoçar a gente havia conseguido!

Com as olheiras arrastando pelos joelhos, paramos em um restaurante de carnes da nossa vizinhança, o Lomito. Luiz me faz a proposta indecorosa de deixar a limpeza do apartamento para outro dia e relaxarmos um pouco. Levei mais ou menos 14 segundos para aceitar! Pedimos uma caipirinha (sim, havia caipirinha!) e comemos uma carne divina!

De qualquer maneira, havíamos marcado com o casal no apartamento e, logo depois do jantar, nos dirigimos para lá. Na verdade, até passei um aspirador rápido onde faltava, e faltava pouco, porque já havia adiantado bastante coisa, mas já não fiz mais do que isso. A escultura não coube no carro deles, mas foi a única coisa que ficou para trás e a buscaríamos no fim de semana.

Eles nos deixaram em casa, mas nenhum de nós aguentava mais tomar ou comer nada, todo mundo cansado! Então, eles só visitaram a casa nova rapidamente para conhecer e se foram.

Lá fui eu dar uma aspirada rápida no andar de cima, onde ficam os quartos, afinal já deve ter dado para perceber que sou neurótica com limpeza, e Luiz ia atrás passando um pano para o acabamento. Limpei o banheiro e o resto podia ficar para depois.

Deixo aqui uma dica para quem se muda, separar uma mala com roupa de cama e de banho, além da roupa que vai precisar no dia seguinte. Dessa maneira, você pode fazer o que fizemos no final de um dia duro de mudança: tomar um banho quente, desses de lavar a alma, deitar na sua cama com roupa de cama limpinha e apagar até o sol despontar!

4 comentários em “O trigésimo oitavo endereço!”

  1. Uau! Curti muito essa historia! Assim como outras, e “viajei” imaginando que seria muito legal ver algumas fotos desses momentos ilustrando o texto. Por mim compraria os direitos e faria um curta que daria origem a serie na TV. Vosso Buraco da Fechadura, (sem trocadilho), está registrado? Kkk Felicidades na nova casa! Bjs.

  2. Sei lá, Caíto, tenho um pouco de pudor em colocar meu buraco da fechadura assim exposto na TV… rsrsrsrsrs… Pois é, tenho que postar mais fotos sim, muita gente me pede isso, vou tentar colocar mais 🙂 Obrigada! Beijo

  3. Olá, Bianca. Muito Prazer !
    Estou há alguns meses em Londres, e este foi um dos primeiros blogs que encontrei desde que fazia algumas pesquisas no Brasil. Venho ler sempre que posso e suas dicas e peripécias tem me confortado e ajudado muito a ter alguma noção de alguma coisa, ainda me divirto e confraternizo.
    Grata pelo trabalho e boa vontade de dividir conosco.
    Saúde e Sorte na casa nova. Kisses

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