Tudo isso passando e, em paralelo, começamos a nos organizar para a mudança de país. Lembra que a gente ia para Miami, né?
Pois é, procura casa pela internet daqui… cota com companhia de mudança dali… escolhe o bairro que vai morar… avisa ao proprietário do apartamento que vamos sair… começa a fazer o treinamento para o trabalho novo (virtual), sem saber em que país vai começar a trabalhar… recebe as últimas hóspedes em janeiro, porque a partir de fevereiro a gente já não sabe mais quando muda… programa o cancelamento da academia de ginástica… dá entrada nos papéis de visto… aquela correria de mudança de sempre! Sem tentar me justificar, boa parte do motivo de quase não conseguir sentar para escrever, era exatamente ter tantas pontas soltas para fechar. Mal conseguia me programar!
Muito bem, queria viajar a Madri para me despedir dos super amigos que temos por lá. É lógico que pretendia voltar em algum momento, mas convenhamos que desde Miami é muito mais difícil que de Londres.
Em Fevereiro, fazíamos regularmente uma grande festa por Madri, o famoso “Feveillon”! Achamos que seria uma ótima oportunidade de rever a todos a fazer uma despedida que não ficasse um clima triste, pelo contrário.
Para quem não acompanha o Buraco da Fechadura, “Feveillon” é um “Réveillon” fora de época, comemorado sempre em fevereiro.
Resumindo uma longa história, tudo começou há mais ou menos uns 7 anos, quando fizemos uma festa de Ano Novo histórica! Foi muito boa mesmo! No ano seguinte, infelizmente, passamos por um período difícil com problemas de saúde na família e cheguei em dezembro muito decepcionada, desanimada, enfim, sem vontade de comemorar. Viajamos sozinhos, Luiz e eu. O fato é que, sem a gente se dar conta, havia um monte de amigos esperando nossa festa de fim de ano que não aconteceu! Bom, eu achava normal convidar as pessoas quando fazia uma festa, mas nunca imaginei que precisava avisar que não faria uma!
Muito bem, começou o ano e seguia complicado. Entretanto, olhei em volta do meu umbigo e percebi que não era complicado só para a gente, todo mundo tinha problemas! Porque a vida é assim, somos nós que temos que nos adaptar! Ainda havia amigos viajando, o povo meio borocochô, parecia que a virada de ano estava incompleta. E como assim, a melhor festa do ano inteirinho ser tão sem graça? Ah, não!
Esperamos terminar janeiro, os amigos mais próximos espalhados voltaram para Madri e organizamos uma festa em fevereiro para iniciar os trabalhos do ano. Assim surgiu a idéia de fazer um novo Réveillon! Todo mundo de branco, estourando champagne à meia noite, pulando 7 ondas (improvisadas), comendo as uvas… enfim, todas as supertições de direito! E, como sempre, os amigos são nota 10 e embarcaram na viagem! E foi de uma das amigas a idéia de juntar: fevereiro + réveillon = Feveillon!
Virou tradição e todo ano a gente fazia!
Enfim, voltando a esse ano, fevereiro seria um mês perfeito para a gente ir a Madri se despedir dos amigos, então, por que não fazer o Feveillon? A única coisa é que como já não moramos mais por lá, organizar um evento ficava meio complicado. Acontece que temos duas amigas dessa mesma turma que começaram a trabalhar com isso, organização de eventos pelas noites madrileñas, então, juntamos a fome com a vontade de comer! Elas organizaram tudo e eu ajudava a colocar pilha e convidar as pessoas virtualmente. Fizemos uma vaquinha para contratar os músicos e pagar as despesas.
E assim rolou um Feveillon le-gen-dá-ri-o! Mas já conto melhor.
A festa foi no dia 15 de fevereiro, um sábado. Luiz precisou viajar na semana anterior ao Brasil, a trabalho. Eu fui antes, na quinta, para Madri e Luiz já me encontraria lá, no próprio dia do evento.
Pois bem, eu de malas prontas para embarcar, Luiz me telefona: precisamos conversar…
Fiquei logo preocupada, achando que fosse algum problema de saúde com a mãe dele! Mas não era. Ele começa a me dizer que tinha acabado de jantar com um dos sócio da empresa onde trabalha. Teoricamente, para acertar os detalhes da ida para Miami.
_ …pois é, Bi, nós não vamos mais mudar para Miami. Ficaremos em Londres!
_ Hein? Como assim? Vamos adiar?
Não, não íamos adiar, a gente não vai mudar mais mesmo! Descobri assim… pelo telefone… embarcando para Madri para uma festa de… despedida?
Sério, fiquei em estado de choque! Não vou negar que, como cidade e país, gosto muito mais de morar aqui. Mas havia me acostumado com a idéia de ir para Miami e havia uma série de vantagens interessantes. Honestamente, a única coisa que me vinha à cabeça era a expectativa que já havíamos gerado na nossa família, principalmente em meus pais, e em um casal de amigos muito queridos que moram em Miami também. Caraca, e agora? Como é que eu conto isso?
Cheguei em Madri meio atordoada, por muitas razões! Primeiro, porque havia cerca de um ano que não ía para lá, foi a primeira vez que fui com outro olhar, de quem já não mora. Escutar o espanhol, reparar pequenas mudanças no comércio e nas ruas, saber que encontraria os amigos tão próximos, que sigo sentindo próximos, mas já não abraçava há alguns meses, tudo tão familiar e igualmente tão estranho. Meu espírito preparado para uma despedida que não seria mais e, ao mesmo tempo, no fundo não era mais minha casa, então essa despedida já havia acontecido. Muito confuso!
E, ainda por cima, eu com aquela bomba recém estourada no meu colo! Não sabia nem se já podia contar para as pessoas! Queria ao menos conversar direito com o Luiz, pessoalmente, para entender melhor que novidade era aquela.Também não queria sair divulgando porque vai que alguém comenta alguma coisa pelas redes sociais? E vamos combinar, comentar o que? Se nem eu mesma havia entendido bem!
Enfim, Luiz chegou e me dei conta de que era aquilo mesmo, não mudaríamos mais de Londres. Na verdade, era até boa notícia, ele acabou recebendo um tipo de promoção por aqui e estava muito motivado. Era final de semana e não tínhamos muito o que fazer a respeito, então, resolvi relaxar, aproveitar e quando chegasse de volta à casa, mudava o chip e sairia amarrando as pontas do que precisasse resolver.
Acontece que os amigos perguntam, é natural. Decidimos divulgar a notícia, mas pedimos que não fosse comentado ainda, porque queríamos falar com algumas pessoas primeiro. Todo mundo colaborou!
Lógico que chutamos o pau da barraca ao celebrar o Feveillon-não-despedida! Entre as melhores festas que já participei! Músicos de primeiro nível, que oficialmente nem teríamos cacife para pagar, a sorte é que eram todos amigos! Todo mundo vestido de branco, um alto astral generalizado! E a promessa de que no ano que vem tem mais!
Voltamos de Madri exaustos! As olheiras pelo joelho, mas muito felizes.
No próprio domingo, ao chegar em casa, liguei para os meus pais para conversar. Para complicar, o computador pifou, queria conversar direito pelo Skype, mas paciência, foi por telefone, não queria mais adiar. Dei a notícia também para o casal de Miami. Acho que ficaram decepcionados, mas entenderam que no final das contas, foi para o bem.
Daí, no sábado seguinte, era a festa de despedida para os amigos aqui em Londres. Pensei, quer saber, não vou avisar a ninguém antes, a festa já está marcada, deixa rolar e contamos a eles pessoalmente!
Assim foi, pela segunda vez, uma festa de despedida que virou ao contrário! E também foi bem bacana. Acho que eles ficaram felizes e é gostoso quando a gente se sente bem vindo.
Até aí, tudo muito bom, tudo muito bem… mas operacionalmente, fez-se o caos!
Lembra que já havia contratado companhia de mudança, pedido para sair do apartamento etc? Precisávamos reverter tudo! Mas espera aí, interrompemos tudo ou aproveitamos que começamos esse processo e mudamos para outro lado aqui em Londres mesmo?
Quem conhece a gente há mais de dois minutos, adivinha? Mas essa história fica para a próxima crônica!
Legal Bianca, fiquei tristinha que não vão mais vir pra Florida, mas Londres é tudo de bom, e promoção de trabalho melhor ainda ehehehe…
Aproveitem essa “nova” fase, e sei lá, precisando de um sol na cabeça, venham nos visitar!!!
Bjõa
Ai que legal! Adoro sua vida! Rsrsrs
Beijos e boa sorte com as pontas 🙂
Oi, Mirella! Pois é, não foi dessa vez… mas sim, Londres é tudo de bom e sempre poderemos visitar Miami para tomar um solzinho e rever os amigos 😉 Beijo
Oi, Lili! Pois seja bem vinda a olhar pelo Buraco da Fechadura… rsrsrsrs… Obrigada! Beijo