De turismo, não teve nada! Fomos com uma missão: arrumar um apartamento com urgência para morar no primeiro ano.
Não é simples achar um bom apartamento no centro de Londres, nem digo que por um bom preço, mas por algum preço possível de se pagar. E não basta só achar, você tem um tempo de negociação da proposta, uma parte burocrática até assinar o contrato… enfim, não é algo que se consiga fazer do dia para a noite.
Para complicar, nosso tempo era limitado. Chegávamos no dia 2 de janeiro, à noite e saíamos no dia 13, um domingo. Eu voltava para Madrid e Luiz seguia a trabalho para os EUA. Ou seja, nem adiantava eu ficar em Londres sozinha para agilizar nada, porque dependia do Luiz para assinar o contrato, apresentar comprovante de renda etc. Assim que tínhamos, no máximo, uma semana para fazer todo o processo.
O que fiz para ganhar tempo foi buscar uma série de opções por internet, além de pedir informação para os amigos. Os amigos ajudaram com dicas, mas às vezes ficavam sem graça de me dizer que determinado bairro era ruim ou desaconselhável, o que acho besteira. Nesse caso, realmente, preferia a sinceridade pura e dura para direcionar melhor os esforços.
Enfim, o bairro que achei que ia morar não nos agradou muito, mas havia um apartamento muito bom, que nos empolgou. Chegamos a fazer uma proposta, mas o proprietário relutava em baixar um pouco o preço. Acho que com mais tempo poderíamos haver conseguido, mas os corretores não são bestas e sacaram que tínhamos pressa.
Mas sei lá, houve um momento que empaquei e disse, não subo nem um centavo! Se tiver que perder, a gente perde. Ficou um clima meio chato entre a gente, acho que no fundo Luiz concordava comigo, mas estava preocupado em resolver logo. Quer saber, tinha alguma coisa que não estava agradando, nem a mim nem a ele, e acho que muito relacionado às redondezas do imóvel. Tem vezes que não é para ser e não era.
Ainda assim, a gente tentava à noite ir a algum bar e tomar um vinhozinho para relaxar. No dia que perdemos esse apartamento que contei, fomos a um pub onde o dono e a clientela eram quase todos russos (ou alguma nacionalidade parecida, como não falo o idioma, todos se parecem). O lugar é agradável e perto de onde estávamos hospedados, em Kilburn, chama-se Queens Arms. Era uma sexta-feira, tinha música ao vivo e estava bem cheio. A música era ótima! Até teria aproveitado mais, caso não estivesse com a cara embutida no meu ipad, buscando apartamentos como uma louca para visitar no sábado pela manhã. Depois vou querer voltar lá com mais calma.
Selecionei um monte de imóveis e Luiz ligava para tentar marcar visita. Entre esses, marcamos em uma imobiliária, em Maida Vale, para ver dois apartamentos. Vimos três, mas achamos pequenos. Conversando com a corretora, contamos do primeiro apartamento que quase fechamos negócio em Kilburn, mas estava um pouco acima do que queríamos pagar e tal.
Ela disse que, por aquele preço, havia um apartamento que acabara de entrar, mas estava terminando uma reforma e não haviam tirado fotos e anunciado ainda. Querem ver?
Macaco quer banana? Lógico!
Resumindo a ópera, foi justo esse apartamento que alugamos.
Mas não foi tão rápido, levamos toda semana para passar a documentação requisitada e assinar o contrato.
É assim, a primeira coisa que costumam te pedir é um valor, no nosso caso, referente a duas semanas de aluguel, para reservar o apartamento. Isso quer dizer que outros corretores da mesma imobiliária já não podem mais mostrar esse apartamento. Se o proprietário não concordar em assinar o contrato, te devolvem esse dinheiro. Se o negócio for fechado, entra como parte da fiança.
Quando você paga essa reserva, também preenche uma ficha para se candidatar ao apartamento. As perguntas são basicamente sobre sua documentação, fonte de renda e referências de antigos proprietários. Depois de preencher essa ficha, você deve enviar alguns documentos que comprovem o que disse.
Logo, há taxas de administração, como por exemplo para checarem se seus dados são verdadeiros (emprego e salário), se você tem algum problema de crédito e tal. Não é caríssimo, mas também não é barato, algo na ordem de grandeza de 200 libras e, acredite se quiser, pagos pelo potencial inquilino.
Se o proprietário te aprova, te enviam um contrato. Geralmente, é um contrato padrão e pode ter algumas cláusulas absurdas, como cuidar de um jardim que você nem tem, enfim, nesse caso, você simplesmente ignora porque não aplica.
Apenas no sábado seguinte, ou seja, uma semana após o dia que fizemos a proposta, conseguimos assinar o contrato. Entretanto, só nós assinamos, o proprietário ficou de assinar quase uma semana depois (que será amanhã). Mas entendemos que isso já está certo (espero!).
Daí, tivemos que pagar 3 meses como fiança e o valor do primeiro aluguel. Felizmente, não pedem que ninguém te assine como fiador.
Ainda bem que isso deu certo, porque caso contrário, estaríamos meio ferrados, pois no dia seguinte, embarquei eu para Madri e Luiz para Atlanta.
Vale dizer que Luiz começou a trabalhar já no dia 7 de janeiro. E não tínhamos o dia inteiro para resolver pepinos. Ele ainda precisou tirar o número da seguridade social, ou não teria salário, providenciar conta em banco, essas coisas. No meu caso, é possível esperar até estar morando de vez.
Durante todo esse processo, conseguimos encontrar um único amigo, na casa de quem inclusive ficamos hospedados nos últimos dias. Só no sábado, após fechar o contrato de aluguel, conseguimos uma pequena brecha para almoçar com mais duas amigas. Fomos a um pub simpático, chamado Eagle, em Clifton Road. Aliás, essa rua é bem legal, havia outras opções de restaurantes, talvez até melhores, mas estavam lotados. É perto do meu novo endereço e tem uma loja de flores show, que já fiquei de olho.
Cheguei a me comunicar virtualmente com antigos e novos amigos, aproveitei os dias que ficamos hospedados fora do centro e eu não tinha muito mais o que fazer do que esperar o contrato ser assinado. Mas um encontro mesmo, só na próxima ida a Londres.
Já temos um jantar, no início de fevereiro, marcado com uma das meninas que almoçaram conosco no sábado. A conheci pessoalmente naquele dia mesmo. Gosto de gente assim, que mal te conhece e chama para ir em casa, me identifiquei no ato!
Aos poucos, começo a pensar na minha vida na cidade. Normalmente, levo uns 15 minutos para me adaptar a um novo endereço, mas para isso, preciso de um ponto fixo, uma casa para visualizar. Daí tudo fica mais fácil.
Já comecei a imaginar um vaso enorme de flores brancas na mesa de centro, os primeiros hóspedes chegando, uma moqueca na nova cozinha, a festa de inauguração com Luiz agoniado porque convidei vários desconhecidos, a escova com a polonesa do salão de cabeleireiro perto do metrô, uma caminhada no parque próximo ainda que vá estar meio nublado, um capuccino descafeinado na esquina de onde poderei atualizar meu blog enquanto não tiver internet (e talvez depois que tiver também), o brunch com ovos beneditinos no italiano da rua de trás…
…Que bom que as “Crônicas Britânicas ” já estao no ar!. Adoro.
Você está me influenciando: na noite passada sonhei que estava de mudança para Londres … :o)
Coisa boa que já encontraram casa. E olha, essa burocracia daí, perto da que tivemos aqui, foi “fichinha”.
Boa mudança e todas as boas vibrações possíveis na nova vida in London!!!
Kiss!
Seja bem vinda sempre, Neusa! 🙂 Beijo
hahahahah… Tati, seria ótimo tê-los em Londres, mas imagino que estejam aproveitando bastante no Rio 😉 E sim, a burocracia britânica é bem razoável, pelo menos, por enquanto as coisas parecem mais desenroladas. Em países latinos é que o bicho pega! Obrigada! Besitos & Kisses
Amodorei, as always!
Bianca, os teus amigos que ficaram sem jeito de falar que tal bairro nao era um bom lugar ou aconselhavel… Eram ingleses ne ? 🙂 xxx
Oi, Lu! Esperando uma visita! Pode deixar que para o Dani a gente faz um “bifinho”… rsrsrsrs… Beijo
Ana, brasileiros também, mas já morando em Londres por muito tempo… rsrsrsrs… Pessoalmente, até me falaram depois que não gostavam ou me deram outras dicas, mas antes ficaram sem graça. Já passei por uma situação muito parecida no Brasil, quando mudei do Rio para São Paulo, as pessoas ficam sem jeito de te dizer que onde você pretende morar não é uma boa área.Tem problema não, quem tinha que tomar essa decisão éramos nós mesmos, mas acho que eu não ficaria cosntrangida em avisar para alguém que determinado bairro era mais ou menos. Há maneiras e maneiras de falar sem ser ofensiva, eu acho… Beijo
Adoro sua forma de escrever. Tbém tenho seu estilo de querer a casa cheia. Bjos
Obrigada, Jamile! Já estou em Londres, cheguei ontem à noite! Agora estou em um pub, aproveitando o wi-fi para por a vida virtual em dia 🙂 Pena que a conexão tá péssima, ou já escrevia uma crônica agora! Doida para escrever… rsrsrsrs… Beijo