Caminho rapidamente para um ano de tentativas para engravidar. Verdade que nos primeiros meses não foi tão a sério, mas de uma maneira ou de outra, comecei a tomar hormônios e a direcionar minha cabeça para isso por agosto do ano passado.
Foi invadindo minha vida de uma forma mais ou menos intensa e virou minha prioridade declarada.
O fato é que a gente começa muito animada, sou otimista por natureza, sempre acho que vai dar certo. Por que não daria?
Mas a questão é: o que é dar certo?
Meu balanço desse período são 4kg a mais, meu cabelo caindo, um cisto começou a dar sinais e tive um aborto. A cada mês minhas chances diminuem. Não é muito animador, ainda não desisti, mas confesso que estou cansando.
Não falo de arrependimentos, os quais não tenho, e é verdade que houve muita coisa bacana por esse período também. Mas começou finalmente a rondar minha cabeça que devo estabelecer qual é o meu limite. Em que momento devo dizer chega e simplesmente seguir o que sou? E como tomar essa decisão sem decepcionar a família, os amigos e principalmente a mim mesma?
Porque em última instância, é a mulher que toma essa decisão, ou deveria ser, mas é ingênuo pensar que não se envolve quem está em volta. Isso sem falar da força e da esperança que pode exercer um exemplo.
Por duas vezes eu desanimei. E das duas recebi em seguida a notícia positiva da gravidez de amigas que também estavam tentando com dificuldade. Para mim vem como um fôlego a mais, como se fosse um sinal me dizendo, tenta mais um pouco, olha como elas tiveram determinação e conseguiram.
E penso que se eu também tentar mais um pouco posso conseguir ou posso inspirar a que mais mulheres sigam tentando e, quem sabe, algumas consigam.
Ainda assim, estou cansando.
Eu sei que tem mulheres que tentam anos e que fazem mil tratamentos. Eu respeito essa vontade e determinação. Mas eu não sou assim. Eu gosto do resto da minha vida e tenho sentido falta de poder ser mais espontânea, planejar menos, arriscar mais. E sobretudo, sinto que não tenho controle, me sinto meio impotente. Posso tomar algumas iniciativas para auxiliar, mas nenhum ato ou comportamento meu irá garantir uma gravidez.
E eu não sei lidar com a frustração de não conseguir algo que quero. Pode ser um pouco de arrogância, nem me importa, mas eu sempre consegui e o histórico me fez assim.
Ao mesmo tempo, não quero parecer uma louca amargurada, insistindo em algo que talvez não seja para mim. E será que é para mim?
Olho para as amigas da minha geração que optaram por ter filhos e estão todos, ou quase todos, criados. São adolescentes ou adultos. E me dá até um pouco de vergonha de engravidar nessa idade. Fico meio deslocada. Em que momento o julgamento alheio ganhou essa importância? Com isso, sei que posso lidar, mas ainda assim é estranho.
Eu queria terminar esse texto bem, alguma coisa como, apesar de tudo, não desisti, finalmente deu tudo certo e fomos felizes para sempre. Mas a verdade é que não tenho nem idéia de como essa história vai acabar e preciso me acostumar que nem sempre os finais de ciclos são como a gente quer.
E talvez também haja outras mulheres cansadas e sem querer desistir para não parecerem fracas ou com dificuldade para aceitar que pode não ser para elas. Se ajuda em algo, posso dizer que é humano, todo mundo se cansa um dia e há muitas formas diferentes de felicidade. Ninguém deveria se sentir culpado pelo que não pode controlar.
Sigo aqui, estou cansada, mas ainda não desisti.
Ânimo Bianca! Sem clichês, mas eu já ouvi casos de que a mulher simplesmnete desopilou, parou de se cobrar e bingo! Felizmente funcionou e a gravidez aconteceu simplesmente. Ou que adotou e quando menos esperou ficou grávida, casos assim provam que era realmente pra ter sido. Tu eres uma mulher forte,cheia de vida e alegria, com a alma do bem, entao por que seria diferente contigo? Querer é poder, acredita e nao fica cansadinha ok? Fica bem, besitos
Chica, sabe o que eu acho? Que qdo vc desencanar e relaxar em relaçao a esse tema terá uma bela surpresa :-)! O universo sempre sabe o que faz! Mas tbem pode ser o que vc falou, pode que nao seja pra voce, e a vida seguirá seu rumo e a felicidade seguirá existindo de outro modo. Enfim, estou sempre aqui, seja qual for a tua decisao :-). Beijosss Didis anonima rsrrs
Querida Bianca,
Voce tem todo o direito ao cansaco e ‘a frustracao. Porque cansa, mesmo. Frustra mesmo. Mas sua lucidez toda ao expressar tudo isso e’ vital para sua sanidade fisica e mental. Imagino que uma das suas amigas que voce menciona tenha sido eu :-). Eu ja’ tinha jogado a toalha, tamanha a frustracao que estavamos (o Renato tambem) das tentativas em vao. Ja’ tinha colocado na minha cabeca que meus ovinhos ja’ estavam inertes. Quando a cabeca conseguiu entender que nao acontecer de novo estava bem, que ficariamos bem, veio o nosso segundo bichinho! E, pensando bem, nosso bebe veio na hora certa, que deveria vir. Nem antes nem depois, por uma serie de motivos. Olhando para tras, tinhamos que concluir alguns ciclos, algumas coisas inacabadas.
Nao deixe de externar seu cansaco e frustracao. Eu fiz isso o tempo todo, ate’ me livrar do ciclo psicotico que a gente entra quando esta’ nessa situacao de tentante. Por incrivel que pareca, engravidei no unico mes que nao controlei minha ovulacao. Mas se nao tivesse engravidado, estaria bem e reprogramando minha vida com as coisas que me foram dadas ate’ agora!
A gente continua na torcida, por voces! Para que o melhor da vida se descortine! Besitos!
Bianca, acabo de ler todo seu relato da FIV, incrível, como vc soube se expressar… muitas coisas q vc fala ali eu penso tbm, e vc soube colocar na ponta do lápis toda essa situação… tenho endometriose, grau 4, e indicação pra fazer FIV. Estou lendo tudo o q posso a respeito, pra saber como é, etc. Discordo totalmente desse comentário anônimo, pois o q mais ouço nessa terra é “relaxa q qdo for o momento certo vai acontecer”… ou então “porq vc não adota” – meu, concorda q eu tenho o direito de querer ter um filho legítimo, do meu próprio sangue? é errado tentar isso? vejo o tempo passar e como não me desesperar e relaxar? … só sabe dessas coisas quem sente isso na pele… pelo que li vc tem tudo pra conseguir, saiba q só de não ter endometriose já está com mta chance… rsrsr – tudo de bom desejo a vc! continue postando…
Oi, Vivi!
Pois é, vivo escutando esse ” a hora que você relaxar…”. Cheguei a conclusão que não posso e não devo me aborrecer com as pessoas por isso, no fundo elas acham que estão ajudando com comentários assim, então, procuro pensar que estão falando para o meu bem e estão torcendo por mim, pronto! Mas entra por um ouvido e sai pelo outro 😉
Porque a verdade é que você não relaxa, na melhor das hipóteses você cansa! E não é só uma questão semântica. Como vou simplesmente “relaxar” se tomo três comprimidos diferentes em datas diferentes? Tenho dias definidos em que posso estar fértil, nos outros, só se for do espírito santo! E como vou “relaxar” e não me preocupar em saber que dias são esses? É um fato, a cada momento que passa, minhas chances diminuem.
Portanto, estou de pleno acordo contigo, não acredito nessa história da carochinha de que a hora que eu relaxar é que acontece! Ou melhor, que só acontece porque relaxei.
E vamos combinar, como você desliga essa chavinha na sua cabeça e decide que vai deixar de se preocupar se essa questão não é totalmente racional? Ninguém relaxa premeditadamente. Acho que te deixa mais tensa essa quase obrigação de relaxar do que fazer alguma coisa a respeito.
E às vezes, sim que depois que você cansa e desencana um pouco as coisas podem acontecer. Mas, na minha opinião, se você consegue engravidar quando desencana é muito mais porque você estava tentando antes do que porque “relaxou”.
Esse mês eu me cansei e apertei o botão do “foda-se” para algumas limitações que me impunha anteriormente por precaução. Se vou engravidar ou não, quem pode dizer? Mas se engravido, certamente foi porque tomei os hormônios antes e transei nos dias corretos, não porque tomei o vinho e “relaxei”.
Essa história funciona quando você tem vinte e poucos anos e está plenamente saudável. Aí sim você pode e deve relaxar. Se tem algum problema ou se já passou da idade aconselhável, se não correr atrás, pode relaxar à vontade que a probabilidade de engravidar é ínfima! Tem mais é que tentar tudo o que estiver a seu alcance e não se arrepender nem se culpar (ainda que às vezes seja difícil, mas pelo menos a gente tenta, né?).
Quanto à adotar, penso um pouco diferente de você, ainda que concorde com seu ponto de vista. No meu caso, a adoção é uma possibilidade concreta.
Acontece, que a adoção para mim era uma possibilidade mesmo antes de decidir engravidar. Outro dia me perguntaram se eu entrasse para uma fila de adoção e engravidasse no caminho se era possível desistir da adoção. Na minha cabeça só veio um: como assim? Como desistir no caminho de uma criança? Se isso acontecesse, estaria feliz porque minha família aumentava de maneira mais prática e ponto final. Eu não descarto a possibilidade de adoção mesmo que eu engravide e tenha um filho meu.
Entretanto, mesmo pensando assim, enquanto estou tentando engravidar, não quero pensar em adotar. Porque, nesse momento, entrar em um processo de adoção seria como se eu já não acreditasse que pudesse engravidar, eu sentiria que estava desistindo e ainda acho que tenho condições. Talvez por isso te incomode pensar em adoção nesse momento, quando te sugerem adotar, é como se estivessem te dizendo: desiste!
E no fundo, você ainda acredita que tem chances, certo? Pois então, corra atrás e não relaxa coisa nenhuma… heheheheh… Você tem todo o direito de querer um filho das suas entranhas, não há nada de errado nisso, nem te faz uma pessoa pior. Adotar não é substituir.
E essa resposta já virou outra crônica de tão grande… rsrsrs…
Enfim, sorte e ânimo para nós duas, Vivi! Quem sabe ano que vem estaremos trocando figurinhas sobre os “pimpolhos”… rsrsrs… ou curtindo nossa independência em uma super viagem.
Besitos
Pois é, dona Selma… rsrsrs… sim você é uma das minha animadoras 😀 E também acho importante colocar para fora as frustrações. Depois de escrever, a verdade é que consegui dar uma desencanada, pensar em outras coisas, bebi meu vinhozinho, saí com os amigos e assim o peso fica mais leve. Relaxar, como falei acima, me parece impossível, mas sim que me cansei um pouco. Mas já descansei outra vez, pronto! 😉 Besitos
Oi, Ana e Anônima Didis! Obrigadinha e lá vamos nós esperar o próximo teste… rsrsrsrs… Besitos
Pois é Bianca, na verdade sobre a questão do adotar eu acho que não teria um sentimento tão nobre assim, mas admiro muito as pessoas que abraçam essa ideia… uma amiga minha é muito feliz com sua filhinha adotada, na verdade o amor de mãe é o mesmo, nascendo do ventre ou não…
Bem, por toda a história, decidi esse ano ir a uma consulta no médico da FIV.
Acho q até julho eu vou lá.
Aí te falo as novidades… friozinho hj aqui no Rio… rsrsrsr
bjos 🙂