Pois é, em função dessa história de tentar engravidar, tenho um tipo de tabelinha torta onde registro os dias que posso chutar o pau da barraca e outros que é melhor me comportar. Assim que, ultimamente, passo mais ou menos uma semana sem grandes limites e o resto do mês como uma lady, sem beber, sem abusar.
Enfim, ainda por cima, nas últimas três semanas Luiz vinha meio gripado e tal. De maneiras que estávamos super tranquilos e bem comportados.
Daí, na quinta-feira, fiz meu exame de gravidez, sem grandes expectativas, é verdade, e deu negativo. Tinha o aniversário de um amigo perto de casa. Luiz tinha que trabalhar no dia seguinte e ainda por cima estava gripado, não quis ir. Pensei, quer saber, posso beber, vai um monte de amigos, vou aproveitar para dar uma relaxada.
Fui ao forró aqui perto, fica literalmente há uns 3 minutos de casa. Dali ainda nos animamos e fomos ao El Junco e, para não chegar em casa meio mais ou menos, passamos para comer uma pizza no caminho. Tomei meu whisky sossegada e feliz da vida, afinal, estava tudo certo.
Cheguei em casa pelas 4 da matina e já estranhei da porta quando vi a luz acesa. Luiz estava acordado tossindo. Disse que não conseguiu dormir. Não gostei muito e quando lhe beijei senti que estava com febre. Peguei o termômetro e pedi a ele que medisse a temperatura.
E aí, quer ir a um hospital?
Ele não tinha muita certeza. Ficamos conversando um pouco na cama, esperei para ver se ele melhorava. Mas bateu os cinco minutos e quer saber, vou por uma roupa e vamos ao hospital de uma vez. Já estou acordada mesmo, você também. Pensei que pelo menos não devia ter fila.
Ou seja, que nem dormi, fui direto com ele para o hospital. Chegamos nós dois, ele mais para lá do que para cá e eu com aquele cheiro de whisky e o carimbo da Sala Barco na mão.
Acho que por um momento, a médica ficou na dúvida de quem ela devia atender. Confesso que me senti tentada a pedir um “shot” de glicose, assim, aproveitando a visita, né? Mas tudo bem. Na verdade, achei que ela ia examiná-lo, receitar uns antibióticos e voltaríamos para casa.
Ele fez um raio X e ficamos esperando o resultado.
Ele deitado em uma maca e eu sentada vendo estrelinhas. Luiz, estou morrendo de sono, fica deitado aqui e vou esperar o resultado no carro. Deitei no banco de trás, esperando ele bater no vidro a qualquer momento para a gente ir embora.
Mas isso não aconteceu.
Ele me ligou e pediu que eu voltasse. Ups! Voltar, como assim? Na radiografia apareceu uma mancha no pulmão, poderia ser pneumonia. A médica recomendou que ele se internasse para fazer mais exames.
Hein? Pneumonia? Internar? Como assim?
Ok, então internamos e vamos ver o que acontece. Eu ainda tinha aquela ilusão que ele faria os exames ao longo do dia e iríamos para casa no fim da tarde.
Mas essa ilusão se desfez muito rápido.
Fomos para um tipo de quarto na emergência, com uma cama para ele e uma cadeira ao lado para mim. Ali ele já começou a receber a medicação, mas precisava esperar vagar um quarto para subir e fazer os exames.
Lógico que o quarto pequeno devia estar com o maior cheiro de whisky, afinal, eu era o próprio sachet da bebida, né? Ele deitou na cama e começou a cochilar. E eu naquela cadeira dura, sem dormir, com a cabeça batendo na parede de vez em quando.
Nisso chega o enfermeiro e pergunto se há alguma previsão de que horas sairia a internação. Ele não foi específico, mas deu a entender que seria após o meio dia. Era mais ou menos umas nove da manhã.
Luiz, quer saber, estou sem condições e não estou fazendo nenhuma diferença aqui, fora esse aroma agradável que exala do meu ser. Vou em casa tomar um banho, tentar descansar um pouco e já volto. Enquanto isso, aproveita para tentar dormir, afinal, ele também não havia dormido bem durante a noite.
Fiz isso. Consegui deitar um pouco, não dormi, mas foi o suficiente para o mundo parar de rodar. Escovei bem os dentes para desaparecer aquele hálito que me incriminava, deixei mais comida para o gato, tomei um café com cafeína (tomo descafeinado há mais de um ano) e toquei para o hospital novamente, pouco depois do meio dia.
Daí já estava mais acesa, cansada, mas normal.
Esperamos por toda a tarde e só vagou quarto quase às 18h. Pequeno detalhe, essa hora já não tinha mais médico e a enfermeira nos informou que não se faziam exames no fim de semana.
Hein? Como assim? Vamos ficar aqui fazendo o que? Pensei seriamente em ir embora, mas por outro lado, Luiz já estava tomando os antibióticos e lhe fizeram um segundo exame de sangue. Ficou de vir um médico na manhã do dia seguinte explicar tudo melhor. Mas com certeza, antes de segunda-feira ele não teria alta.
Esse hospital é público. Aqui, de modo geral, os médicos são melhores nos hospitais públicos que privados. Assim que, mesmo tendo plano de saúde, na hora que o calo aperta, muitas vezes é mais garantido ir para o sistema público.
Acontece que o quarto é dividido com outra pessoa. Não tem cama de acompanhante, tem um tipo de poltrona, até bem confortável para passar o dia, mas para dormir é dose. Como ele estava independente, nem soro ele estava tomando, achamos que não tinha sentido eu dormir por lá.
Com a certeza que Luiz ficaria internado pelo fim de semana, achei melhor vir em casa buscar algumas coisas para ele, pijama, escova de dente, roupa para ficar durante o dia, livro, frutas, enfim, algo que desse um pouco de conforto.
Vim em casa de novo e voltei ao hospital pela terceira vez no mesmo dia! Bom que nesse período, foi uma amiga visitar Luiz e ele não ficou só. Verdade que a essa altura, eu estava só o pó, não conseguia nem conversar mais direito. Fiquei com ele até quase 23h, ele já estava pegando no sono.
Voltei para casa e dormi como uma pedra. Acordei cedo no sábado, mas bem disposta.
Mas estava bastante incômoda com aquela história de não saber direito o que estava acontecendo e tendo que esperar um fim de semana inteiro com Luiz internado com esse nível de informação. De maneira que cheguei no hospital no sábado pronta para tirar Luiz de lá, se ele quisesse, e irmos procurar atendimento em outro canto.
Acontece que no sábado ele estava se sentindo melhor e a febre baixou. Ele disse que foi monitorado toda a noite e achava que devia esperar mesmo. O médico chegou, conversou com ele, explicou tudo e entendemos melhor o quadro.
Não é que ele tivesse que ficar ali à toa, ele estava sendo medicado desde sexta-feira. Faria um raio X no domingo e na segunda-feira, se estivesse tudo seguindo bem, ele poderia ter alta do hospital e seguir tomando os antibióticos em casa. E foi isso que acabou acontecendo realmente.
Aproveito para dizer que achei o atendimento surpreendentemente bom! Sempre me queixo, e com muita razão, dos médicos aqui em Madri. Por isso, me sinto também na obrigação de relatar que fomos muito bem atendidos em todos os sentidos.
No sábado e no domingo a gente teve visitas de amigos, o que ajuda o tempo a passar mais depressa. Mesmo na segunda-feira de manhã, uma amiga e um amigo passaram para visitar. E na própria segunda, Luiz teve alta. Saímos do hospital pelas 15 horas.
Em casa tudo é melhor, não tem nem comparação! Ele seguiu tomando antibióticos, eu tratei de fazer umas comidinhas mais indicadas e foi tudo certo. Na terça e na quarta-feira, ele inclusive foi trabalhar. Aproveitou que a semana era curta, por causa do feriado e também não pegou muito pesado.
Esse negócio ainda vai render um pouco, até essa mancha sumir é melhor ele se cuidar, mas agora é vida normal.
Enfim, tudo bem quando acaba bem.
E ainda por cima quase rola uma festinha basica no sabado hospitalar ne chica hahahaha. Beijoss Didis
Pois é, Didis, nem contei da nossa festinha no corredor, né? rsrsrs Se a gente soubesse antes como nosso companheiro de quarto e a esposa eram animados, tínhamos feito no quarto mesmo! Quando a gente falou brincando com eles sobre os intrumentos de percussão, eles nem fizeram cara de espanto, disseram logo: por nós, tudo bem…rsrsrsrs Bom que ele teve alta no mesmo dia do Luiz! Besitos
Essa história, apesar de nao ser por um motivo bom, foi ótima! Ficou pra história mesmo 😉 Suz