Essa é uma das grandes vantagens de se morar na Europa, a gente pode dar uma esticada de última hora e se mandar para outro país.
Há algumas semanas perguntei ao Luiz se ele não queria aproveitar esse finalzinho de inverno e ir esquiar em algum lugar. Nada que fosse muito complicado nem caro. Ele falou que estava afim, mas sem grandes perspectivas.
Semana passada, ele foi trabalhar em Barcelona na segunda e na terça-feira. De Barcelona mesmo, me perguntou se o plano de viajar seguiria de pé. Ué, por mim… macaco, quer banana? Só me avisa antes porque tem que achar alguém para ficar com Jack.
Na quarta-feira, por sua própria iniciativa, resolveu tudo. Conseguiu dia livre, converteu milhas, comprou passagem, reservou hotel e me avisou: viajamos na quinta!
Quinta amanhã? Sim, amanhã! Lá fui eu correr para cancelar aula de Pilates, perguntar se uma amiga podia ficar com Jack e arrumar as malas.
E para onde a gente vai mesmo? Uma tal de “Seefeld”, no Tirol. Pegamos um vôo até Munique, de lá alugamos um carro e fica entre uma hora e meia, duas horas dirigindo até chegar ao destino final.
Assim que chegamos na Alemanha, pegamos o carro e partimos para a estrada. Advinha qual a primeira música que tocou na rádio? Nossa, nossa… assim você me mata… ah, se eu te pego… Veja bem, a primeira! Não foi a segunda nem a terceira! E adianto que na Áustria tocava também! Em pleno Tirol, nas lojas ou no bar do hotel, lá estava a voz de Michel Teló! Inacreditável!
Bom, eu não gosto nem do estilo nem da música. Não iria a um concerto do cidadão. Mas tampouco me incomoda tanto assim e acho que ele não denigre a imagem do Brasil. De maneira que se o menino está fazendo sucesso mundialmente, sorte a dele e que aproveite bem!
Chegamos em Seefeld pelas 22h, já tarde para jantar. Mas tiveram a gentileza de nos deixar um prato de frios no quarto para nossa chegada. O hotel era ótimo, um jeitão bem familiar, como de costume nas cidadezinhas dessa região. Ainda que a recepcionista se chamasse “Piroska” e me parecesse um pouco intimidador ser recebida pela Piroska assim logo de cara! E óbvio que fiz mil e novecentas piadinhas cretinas com esse fato.
Nessas cidades pequenas austríacas é muito comum que os hotéis façam esquema de meia pensão, o que inclui o café da manhã e o jantar. Porque na hora do almoço, está todo mundo esquiando pela rua. E no jantar, todos cansados e querendo dormir cedo para aproveitar o dia. Não costuma haver uma vida noturna interessante. Eventualmente, os hotéis organizam vernissages, pequenos concertos de músicos locais ou jogos de cartas.
Funciona assim, logo no primeiro dia você recebe uma mesa e todos os dias é ali onde você sentará no café da manhã e no jantar. Fica uma plaquinha com seu nome de família nesse local definido. No próprio café da manhã, você tem acesso ao cardápio da noite, com entrada, salada, queijos e sobremesa fixos e opção de três pratos principais a eleger. Você escolhe seu prato, marca um “x” em um papel que fica sobre sua mesa, com o número do seu quarto. Ou seja, logo pela manhã, você precisa decidir o que vai jantar. A comida é caseira, mas muito bem cuidada no preparo e na arrumação dos pratos. Não é pretensiosa, mas tem um toque gourmet. Aliás, comemos muito bem todos os dias.
No fim da semana, tinha que fazer a prova de gravidez, mas isso era fácil, porque era desses exames de farmácia. Pensei, beleza, assim se for positivo a gente comemora e se for negativo, tenho mais com que me distrair. Comprei meu exame ainda em Madri, para evitar confusões. E para cortar o suspense, deu negativo. A verdade é que durante a semana, meus sinais foram sumindo e no fundo era já o que esperava. Sem problemas, tentaremos de novo sem grandes neuroses.
Mas acabou que essa história rendeu um mico divertido. Porque a tonta aqui confundiu o dia de fazer o teste e acabei fazendo antes. Quando me dei conta do erro, ainda que fosse muito improvável, resolvi fazer novo teste no dia correto. Só que daí tinha que comprá-lo na Áustria. Veja bem, a atendente da farmácia só falava alemão, lógico! E o alemão da Bianquinha é algo que beira o inexistente!
Cheguei tentando com inglês: pregnancy test? Ela olhou para mim com aquela cara que interrogação. Ok, parti para a mímica, pregnancy… e fazia o gesto de barriga de grávida… test… e colocava cara de dúvida!
Funcionou, ela começou a me apontar para uma prateleira e segui suas indicações. Acontece que na prateleira só havia uns folhetos pequenos, meio compridinhos, que falavam de teste de gravidez. Pego aquele papel: e o que faço com isso? Tenho que fazer xixi nesse folheto? Olho para a atendente com aquele jeito de “mas é isso mesmo”?
Ela começou a me chamar dizendo que sim e apontar para embaixo do caixa. Entendi que ela trocava aquele papel pelo teste. Acho que deve ser algum tipo de controle para menores de idade não comprarem o produto, sei lá.
Bom, com a caixinha do produto em mãos, perguntei: english instructions? E ela balançava a cabeça que sim. Mas eu, escaldada, tratei de abrir a caixa ali mesmo para ver se entendia as instruções. Claro que só tinha instruções em alemão! Tudo bem, já tenho experiência no assunto e fui direto para os desenhos. Geralmente, são 3 desenhos, um é sim, os outros dois são não ou nulo.
Apontei para o primeiro desenho e fiz o gesto do barrigão outra vez. Ela olhou e fez positivo! Os outro dois desenhos ela dizia algo que me soava como: nirr… nirr… fazendo cara de não. Beleza, resolvido! Ainda bem que a farmácia estava vazia, né?
No restante da cidade, a gente se virava bem com o inglês. Aliás, pessoal bastante amável e simpático.
Essas cidadezinhas entre vales nevados sempre me parecem de conto de fadas, me sinto em uma fábula de Natal. Havia nevado bastante e os telhados ainda guardavam cerca de um metro de neve, apesar da temperatura chegar à incrível marca de uns 15 graus! Nem sabia que com essa temperatura ainda era possível que a neve não derretesse inteira!
Enfim, fizeram dias lindos e ensolarados, ainda que nevados.
Descobrimos uma delicatessen especializada em produtos austríacos e italianos que era uma autêntica perdição. Ali tomamos um vinho tinto italiano fantástico, porque vamos combinar, os vinhos tintos alemães são sofríveis, pelo menos ao meu paladar. Acompanhamos com uma tábua de frios divinos, dos quais selecionamos um em especial para trazer a Madri. Um salame trufado dos deuses! Até hoje nossas roupas de esqui estão cheirando a trufas, mas tudo bem, valeu à pena!
No domingo, dia de voltar para casa, a diária do hotel vencia às 11h e nosso vôo só saía de Munique às 19h. Podíamos almoçar em Seefeld e fazer uma hora por lá, mas temos um casal de amigos que mora em Munique e queríamos almoçar com eles. Assim, além de passar o tempo, também aproveitávamos para fofocar um pouco pessoalmente.
Domingo é um dia meio morto em Munique, aliás, acho que na Europa de modo geral. Mesmo aqui em Madri, que é super animada, boa parte dos restaurantes simplesmente fecham no domingo. Mas minha amiga acabou achando um vegetariano bem bonitinho no centro da cidade e ali gastamos algumas horas.
De lá, nos despedimos, e fomos para o aeroporto tomar o rumo de volta. Melhor não chegar tão tarde, porque ainda tínhamos que devolver o carro alugado.
Antes de devolver o carro, precisávamos abastecê-lo. Normalmente, tem posto de gasolina perto dos aeroportos e contamos com essa facilidade. Achar o posto nem foi complicado, estava bem sinalizado. Mas na hora de abastecer, cadê que a gente conseguia?
Bom, em geral, eu nem salto do carro, porque odeio essas bombas que a gente tem que se servir sozinha. Adoro o esquema brazuca que alguém faz isso para você. Mas o Luiz está acostumado. Saltou ele e daqui a pouco me chama, Bi, não estou conseguindo abastecer, vê se você descobre como é. Ele colocava a bomba, mas tinha uma espécie de tampa por dentro que não abria e não entrava o combustível! Inclusive, vazou um pouco pelo lado de fora. Lá fui eu catar o manual de instruções, todo em alemão… putz! Ele foi atrás de um taxista para pedir ajuda. O taxista apontava para a entrada de combustível que tinha escrito “Diesel” e a gente, ok, mas a bomba não entra…
O taxista desistiu e foi embora. Eu achei no manual o desenho de onde abastecer, mas aparentemente não fazíamos nada errado. Até que Luiz venceu a vergonha e perguntou para o carro que estava atrás da gente se podiam ajudar.
Foi quando a gente entendeu que Luiz estava tentando enfiar a bomba de gasolina, ao invés da de diesel, e o carro muito inteligente reconhecia o erro e simplesmente não deixava entrar o combustível errado!
Fica a gente com aquela cara de nádegas, querendo se enterrar, mas com vontade de rir da mancada! Daí Luiz tenta com a bomba certa. Acontece que quando ele tentou com a bomba errada, vazou um pouco de combustível, lembra? E enquanto não pagasse a incomensurável conta de 13 centavos, a bomba não funcionaria novamente. Lá foi ele no posto pagar os centavos para liberar a bomba e, finalmente, conseguir encher o tanque do carro! Ufa!
Que mico!
Mas enfim, sobrevivemos e até achando graça. O resto da viagem correu tudo bem. Chegamos em casa pelas 23 horas, exaustos, mas ao mesmo tempo relaxados.
Minha amiga que ficou cuidando do Jack ainda foi legal e colocou a roupa da casa para lavar, porque sempre que a gente chega de viagem tem um monte roupa suja. Assim que já foi bom chegar com a vida adiantada.
Nosso felino, como todo fim de viagem, estava um docinho, uma carência só, pedindo atenção o tempo inteiro. Mas em um par de dias já está normal novamente. Ele anda mais sociável com quem fica em casa.
E isso, pues nada, para quem não tinha planos até quarta-feira passada, não podemos reclamar do fim de semana inesperado.
Q idéia genial vocês tiveram Bianca! Que o universo tenha conpirado a favor de vocês 🙂 e que na cidade austríaca de conto de fadas a. ” Storch ” (cegonha) tenha voado por lá por vocês 🙂 besitos
Obrigada e ojalá! 🙂 O jeito é praticar bastante! rs Besitos
Chica realmente parece cidade de desenho animado, fofissima. E quanto a historia da farmacia lembrei do Nando na Suiça com a atendente que tbem só falava alemao e ele queria uns desses compeed, mas queria especifico rsrs ai começou a confusao na farmacia, mas ai ele pediu o computador dela, abriu a pagina do traductor de google e “voilà”, conseguiu comprar o compeed e a proveitou que tinha o tradutor e ja comprou mais coisas rsrsrs. Beijosss
Rolando de rir com a saga do posto de gasolina… e antes a cena de “Imagem & Ação” da farmácia… hahaha
Uma boa oportunidade de negócio para os Smartphones da nova geração. Você fala e ele traduz na lingua desejada. Que tal?
By the way, a vendedora dizia “nicht”.
Oi, Claudinha! Sei que ela dizia “nicht”, mas queria reproduzir como soava 🙂 Nem lembrei de te contar isso no almoço, né? No posto, acho que o mais engraçado foi a cara do Luiz indo pagar os primeiros 13 centavos de gasolina… rs… mas nem posso falar muito que ele pode ficar bravo comigo! 😛 Já me contaram desses tradutores, acho uma mão na roda, mas prefiro mesmo o old fashion way… rs… mais rápido e divertido! Fala sério, que seriam das viagens sem os micos? Besitos
Oi, Didis! Uma graça de cidade, deu vontade de voltar, mas sabe como é… acaba tendo outros lugares que a gente quer conhecer e nunca voltamos. Como respondi no post anterior, realmente acho esses tradutores úteis, mas prefiro me arriscar com as mímicas ou tentar aprender alguma coisa do idioma 😉 Pode ser que algum dia me renda, como me rendi ao gps, a ver… Besitos
Bianca, eu e minha esposa adoramos seu post muito engraçado, agora queremos saber sobre o teste o que aconteceu?
Oi, Anônimo! Bem vindos! Eu contei já no texto, deu negativo!
Muito Bacana, seu relato!
Obrigado e Parabéns,
Vladimir.
Obrigada, Vladimir! Bem-findo!