E a vida segue. Ainda que esteja monotemática, por motivos óbvios, tento não perder a programação madrileña, que de tranqüila não tem nada.
Fim de semana, dois aniversários para ir e um concerto de música e dança brasileira no parque. O primeiro aniversário, na sexta e felizmente pertinho de casa, sossegado, agradável e um bolo maravilhoso. O outro no sábado, começou pela hora do almoço e entrou pela noite. Na sequência, uma das convidadas tinha um show para fazer e lá fomos para dar um apoio moral com nossos caxixis e tamborins! E quando acabou o show, para onde ir? Ué, aqui para casa, lógico! Resultado, seguimos cantando e tocando até às 5 da matina.
Domingo, já havíamos marcado de ir ao parque com alguns amigos. Uma preguiça daquelas e Luiz de ressaca! Mas como dispensar o ar livre do começo de outono? Em breve o frio vai complicar, melhor termos reservas de luz.
Chegamos lá e os amigos tinham armado o maior esquema, mantas no chão, geladeirinha portátil com comidinhas e bebidas. Ok, no Brasil a gente chama isso de farofa, né? Pode ser, mas é uma delícia.
Muito bem, eu juro que fui toda animada para assistir aos shows e dançar, mas foi só olhar aquelas mantas convidativas espalhadas na grama que não resisti a me integrar a elas. Ou seja, fui até o Parque de Aluche simplesmente para cochilar na companhia de amigos.
Até aí, tudo ótimo! Num bom humor daqueles! Cheguei a me surpreender comigo mesma de como estava levando esse período tão leve e tão segura do que quero.
Daí chegou segunda-feira e não tinha vontade de tirar o nariz da cama! Agoniada, querendo que o tempo passasse logo. Como de um dia para o outro meu humor muda dessa maneira? E na hora em que começarem os hormônios? Putz! Bom, tive umas notícias chatas no fim de semana de duas amigas que precisaram abortar por problemas genéticos. Será que fiquei impressionada? Mas isso eu já sabia que era assim. Tive pesadêlo com meu pai, pára de pensar nisso! Será que é TPM? Será a lua? Nem vontade de sair para correr eu tive!
Mas no fim da tarde teve ensaio do coral e deu para espantar os fantasmas. Uma amiga chamou para uma roda de samba, achei que Luiz não fosse animar em plena segundona, mas ele animou. E na volta para casa ainda paramos para comer fora e dar uma baixada de adrenalina. Conversarmos um pouco sobre todas as mudanças que estão prestes a acontecer e, na verdade, em muitas frentes ao mesmo tempo. Aliás, é sempre assim, uma mudança puxa a outra, que puxa a outra…
Na terça-feira, não conversei, despertador para bem cedo! Fui correr! E à tarde, pilates! Vamos malhar!
Luiz conseguiu chegar um pouco mais cedo do trabalho e me chamou para jantar fora. Tinha algumas boas notícias, nada definitivo, mas a gente aprendeu a comemorar cada etapa e nisso somos muito bons. Jantamos no Paralelo Cero, acompanhados de um belo Bourgogne Premier Cru.
Quarta-feira, lá fui eu correr e gastar o jantar da noite anterior!
No que estou escrevendo em casa, me chamam pelo Facebook, uma amiga perguntando se queria pegar um cineminha. Por que não? Vamos nessa!
Fui assistir a Árvore da Vida, não sei como se traduziu no Brasil, mas é o filme do Terrence Malick que andou gerando algumas polêmicas. Bom, para mim não teve polêmica nenhuma, achei chatérrimo mesmo! Verdade que visualmente é lindo, mas me deu a sensação de passar duas horas e meia olhando um aquário!
Na sequência, um amigo em comum havia chamado para uma apresentação, ele é bailarino de salão. Lá fomos nós achando que seria uma apresentação de samba. Quando a gente entra no local, está rolando uma palestra… ops! Caraca, será que entramos em uma roubada?
Acabou que nem foi roubada. Realmente, o iniciozinho foi uma palestra, mas logo começaram as apresentações. E além desse nosso amigo bailarino, outros amigos músicos, muito feras, também tocaram. Acabou valendo bem à pena! No final, todo mundo se conhece.
Voltei caminhando toda nostálgica e pensando na ambigüidade de sentimentos que tenho por essa cidade. Essa coisa provinciana que me irrita profundamente, mas ao mesmo tempo, é bastante confortável. Como é ruim a sensação de estacionar no tempo e como é boa a certeza de encontrar o conhecido.
Tem coisas que as pessoas “normais” não percebem mais, como o alívio de saber de cor o caminho para casa, desviar da pedra solta na calçada com antecedência, reconhecer os cachorros da redondeza, os horários dos seus vizinhos. São detalhes que, por princípio, não deveriam ser mais que rotina, mas entram e saem da minha vida a todo momento e por isso eu presto mais atenção nessas bobagens. No final das contas, são essas mesmas bobagens que nos trazem a sensação de lar, de pertencer.
E eu vivo nesse dilema entre aproveitar meu momento atual, meu lar de agora, e o comichão de buscar algo novo.
Não sei se me explico bem, eu realmente aproveito cada momento, não tenho dúvidas disso, mas na hora em que entro naquele quentinho confortável do ninho, não é que eu não goste, mas pressinto que a mudança virá. Então já não resisto, porque não há alternativa, a vida seguirá e me arrastará com ela. Melhor ir de boa vontade.