Chegando em Viena

Ano passado, quando fomos ao Brasil em agosto, durante uma festa com boa quantidade alcoólica na cuca e um charutão nos pulmões, combinamos com um casal de amigos de São Paulo que nos encontraríamos nesse carnaval para esquiar em algum lugar da Áustria. Para quem achava que era papo furado, aviso que a promessa etílica foi devidamente mantida. 

Eu amo carnaval, mas esse ano tocou ao Luiz escolher e ele prefere esquiar. Tudo bem, mas pelo menos vamos dar uma paradinha em Viena? Não conhecia a cidade e tinha bastante curiosidade.

Portanto, no dia 4 de março, partimos de Madri para Viena, com escala em Frankfurt. Não há vôo direto para lá e detesto escalas, mas paciência. Nós costumamos viajar bastante leves, o que não foi verdade dessa vez. Malas para quase 10 dias de viagem, precisava de roupas de inverno, tanto informais, quanto mais arrumadinhas para sair à noite e isso sem contar que as roupas e botas de esqui tomam o maior espaço.

Assim que no total tínhamos 4 malas e uma mochila. E isso porque Jack não foi, caso contrário, ainda teríamos sua bagagem. Uma amiga dormiu aqui em casa para ficar com nosso felino.

Chegamos no check in e descobrimos que não eram 2 malas de 20kg por pessoa e sim até 2 malas, com o máximo de 20kg as duas. Putz, uma mala de 10kg de excesso de peso. Paciência, na volta a gente se rearranja e vem mais uma mala de mão. E por que estou contando essa história? Porque obviamente, uma das malas não chegou em Viena conosco, justamente a que levava meus sapatos e minhas botas de esqui. Tentei não me estressar e acreditar que chegaria. Já nos extraviaram malas antes e sempre chegou.

Aterrizamos no hotel pelas oito da noite e nossos amigos brazucas chegariam mais tarde. Achamos melhor sair para jantar, porque não sabia como funcionavam os horários por lá e corríamos o risco de ficar sem restaurante aberto para comer. Com o tempo, descobrimos que os lugares não fecham tão cedo assim, mas nesse momento a gente não sabia.

Fomos a um restaurante perto do hotel, indicado pela própria recepcionista, muito simpática por sinal. Lugar agradável, boa comida e, porque não, uma champanhezinha que ninguém é de ferro. Luiz ia monitorando pelo celular a chegada dos nossos amigos. Eles saíram de São Paulo e fizeram uma escala em Milão.

Voltamos para o hotel e eles ainda não haviam chegado. Descobrimos que ali mesmo havia um bar interessante, frequentado por gente da própria cidade e não apenas pelos hóspedes. Resolvemos esperar pelo bar, sem grandes pressas para subir ao quarto.

Lendo a impressionante carta de bebidas, não é que tinham cachaças? Sim, no plural, cachaças! O que acontece é que nosso contrabandista favorito se mudou para China e agora nosso estoque de cachaças está evaporando a olhos vistos. Resultado, desprezamos os vinhos e whiskies e caímos na marvada!

Algumas doses depois, chegou o casal de amigos, foi só o tempo deles largarem as malas no quarto e se juntaram à mesa conosco. E não é que nosso encontro deu certo! Saímos de cantos diferentes do mundo para nos encontrar na Áustria!

Só teríamos o sábado em Viena e no domingo, seguiríamos para uma estação de esquis. Portanto, tentamos não acordar tão tarde no dia seguinte, para aproveitar o máximo que desse, mas sem grandes afobamentos. Nos encontramos para o café da manhã e resolvemos passear a pé pelo centro da cidade. Um dos amigos já havia estado por lá e a gente preferiu não esquentar tanto a cabeça e seguí-lo por onde ele nos guiasse. Falei que só queria ir a um Museo, o Belvedere, para ver os trabalhos do Klint e que seria legal se a gente conseguisse assistir a um concerto.

Na saída do hotel, passei pela recepção, por via das dúvidas, mas sem grandes expectativas de encontrar a mala. Pois não é que havia chegado! Maravilha, assim já fui passear mais sossegada.

Rodamos pelo centro da cidade que é bem charmoso, passamos pelos principais edifícios históricos e entramos na catedral de teto colorido. Paramos para comer no Sacher e de sobremesa, me atraquei com a famosa torta de chocolate com damasco.

 

Descobrimos como chegar no Belvedere e lá fomos nós ver, entre outros, os trabalhos do Klint. Uma visita que tinha tudo para ser a tradicional e previsível visita a museu, se não fosse pela mania do meu digníssimo marido de falar apontando e cutucando as coisas (e pessoas). Em um desses empolgados comentários sobre um quadro do Klint, lá foi ele e seus dedões enormes apontando bem de pertinho, até que conseguiu encostar no vidro que protegia o quadro. Obviamente havia um sensor por segurança e o alarme do museu disparou! Sim meus amigos, Luiz conseguiu disparar o alarme anti roubo do Belvedere! Micão dos bons!

É aquele momento que você espera aparecerem guardas armados de metralhadoras apontando para a sua cabeça! Mas a verdade é que nada aconteceu. Provavelmente, não era o primeiro turista cutucão, e as câmeras registraram ele se afastar do quadro com aquela cara de ops-fiz-merda. Fomos saindo de fininho meio desconfiados e quando pareceu que não íamos levar nenhuma bronca, foi aquela sacanagem com o Luiz e a história virou a piada da viagem! Você já tem essa cara de “brimo”, eles tem um histórico com os turcos e você ainda tenta roubar o Klint… A polícia vai esperar a gente lá no hotel, para não ter escândalo aqui! Enfim, dali até o fim da viagem, Luiz passou a ser conhecido como “o turco”! Considerando que nossa integridade física foi garantida, até que foi bem divertido.

Esqueci de contar que durante o dia, conseguimos comprar entradas para um concerto. O problema é que pela falta de antecedência, só havia lugares em pé. No fundo, acho que é uma coisa legal que eles fazem, você tem as cadeiras com os preços diferenciados por local e é bem caro. Mas atrás do teatro, eles vendem para você assistir de pé, pelo preço bastante acessível de 5 euros. Não é nada confortável, mas populariza e dá a oportunidade de qualquer pessoa ter condição de assistir a um concerto clássico ou uma ópera.

Começava às 19h30, de maneira que voamos do Belvedere ao hotel para tomar um banho rápido e já sair para o teatro. Nesse dia, tocou a filarmônica de Viena e eles realmente são bárbaros! Mas admito que depois de um dia bem movimentado, foi cansativo assistir ao concerto de pé. Acabamos nos esparramando pelo chão e assisti quase tudo de olhos fechados. Até porque, sentada no chão, meu visual era um mar de bundas, o que não tinha nada a ver com o fundo musical! No último quarto do concerto que durou duas horas, houve algumas desistências e consegui um bom lugar para ver o palco. Luiz já havia desistido e foi para o bar do teatro tomar uma champagne e nos esperar. Apesar dos pesares, valeu muito à pena.

Bom, minhas viagens não são viagens se não forem gastronômicas. E lógico que havia pesquisado alguns restaurantes que queria ir. Nesse dia, fomos ao Korso, ficava bem perto do teatro. Achei que seria boa opção por ser em um hotel (Bristol), então, provavelmente ficassem abertos até mais tarde. Não nos arrependemos, comemos divinamente bem! Optei pelo menu degustação de três pratos, todos acompanhados por seus respectivos vinhos. De entrada, vieiras preparadas de três maneiras diferentes com alcachofras de Jerusalem. Belisquei a bisque de lagosta do Luiz, que estava di-vi-na! De prato principal, uma vitela no ponto e textura perfeitos, com folhas de mostarda refogadas e batatas cozidas. Os vinhos eram austríacos, não guardei os nomes, mas me surpreenderam positivamente. Eram bem melhores que os alemães que já provei, e que não são meu forte. Jantar nota 10! Ambiente agradável, comida no ponto perfeito, atendimento muito gentil e companhia excelente!

Passava da meia noite e resolvemos encerrar nosso dia. No domingo cedo os meninos foram buscar o carro alugado para seguirmos viagem. Por volta do meio dia, deixamos Viena em direção a uma cidade chamada “Going”. O que claro, gerou mais mil piadinhas, afinal we were going to Going!

4 comentários em “Chegando em Viena”

  1. Hahahaha eu to aqui imaginando a cara do Luiz qdo soou o alarme rssrsrsrs.
    Cachaçaaaaaaaaaaaaaaa??? Nao to acreditando rsrs e era alguma conhecida???
    Beijosss

  2. Didis, essa do Luiz preciso te contar pessoalmente no detalhe, com representação e tudo… ahahahahaha… No cardápio tinha até a Vale Verde, babei, mas quando pedi havia acabado, tomamos Germana e uma Ypioca especial, inacreditável! Eles tinham também um absinto com uns 90 graus de álcool, uma coisa absurda! Meu amigo pediu e tomei uns golinhos para provar. Besitos

  3. Hahaha, alarme disparado!!! Q micoooooooooo!!!!kkkkkkkkk
    Mas se não for assim, não tem histórias boas p contar!!!
    A melhor parte foi essa!!!
    🙂

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