Pois é, no ano passado andei tendo uns piripaques do tipo labirintite. Fui logo aconselhada por uma amiga: só precisa cortar café, chocolate e álcool. No que me deu vontade de perguntar se também deveria cortar os pulsos! Se ainda por cima tivesse que cortar sexo, podia me matar de uma vez porque não sobrou muita coisa!
Muito bem, não posso dizer que tenho juízo, mas cuido muito do que entra pela minha boca e num pequeno impulso de maturidade resolvi ser razoável e tentar cortar ao menos os excessos. Pensei que se não me cuidasse, poderia chegar o dia em que fosse realmente obrigada a eliminar essas três tentações da minha vida; então, melhor reduzí-las e assim viabilizar seu consumo por mais anos. Minha lógica é um pouco torta, mas foi uma maneira de me motivar.
Chocolate, impossível viver sem, mas diminuí muito, deixo apenas para o limite da gula e para aquela época do mês onde ele é o melhor amigo de uma mulher!
Álcool, veja bem, não dá para deixar de tomar um bom vinho, só se eu estiver mesmo em coma! Mas deu para cortá-lo durante a semana. Ajudou o fato do Luiz estar de dieta há meses. Foi até bom para nosso orçamento.
Restava ele: o café! Ai, o café…
Bebo café desde que tomava mamadeira. Porque no meu tempo (olha a fala de idosa!) não tinha esse negócio de criança que não podia tomar cafeína. Na verdade, nós nem pensávamos na composição do café, café era café e pronto.
Acredito que até começar a trabalhar, era uma consumidora normal. Depois, admito que passei dos limites, minhas doses diárias de cafeína passaram a ser cavalares. A possibilidade de acordar e não haver café era apavorante! Junkie total!
Como a maioria dos vícios, pelo menos dos que já ouvi falar, não é só a substância em si, mas todo o gestual que gira em torno dela. E no caso do café, para mim beirava ao ritual. Desde a preparação, ao aroma, ao local onde bebo, o toque quente da xícara na minha mão…
(Falando nisso, vou na cozinha buscar um cafezinho e já volto)
Acontece que não sentia nenhum grande efeito, além do prazer de tomar um bom café. Meu corpo estava tão acostumado, que podia tomar um balde depois do jantar e não faria minha noite de sono diferente. E talvez essa falta de efeitos relacionados a uma droga tenha me feito acreditar que toda essa bobagem em torno da cafeína era um tremendo exagero. A típica frescura de americano.
Nessa mesma época que me perguntava se deveria cortar ou não cortar a cafeína – eis a questão! – uma amiga próxima teve problemas sérios em relação à sua pressão arterial. E tornando curta uma longa história, ela estava com um tipo de overdose de cafeína. Ela exagerava muito mais do que eu, porque no caso dela não era só o café, também incluía coca-cola, medicação, enfim, outras coisas que possuíam a substância. Ela teve que excluir a cafeína a nível zero no ato.
Ops! Como é que é? Isso pode matar? Foi a primeira vez que me toquei que o buraco era mais embaixo. Veja bem, não estou aqui em uma cruzada contra a cafeína e muito menos contra o café, pelo contrário, acho que tem seus benefícios. Simplesmente estou dizendo que o excesso pode efetivamente ser perigoso. Aliás, como quase tudo na vida.
Achei que zerar de vez o consumo do café seria um pouco demais. Como coloquei antes, grande parte da minha dependência incluía o ritual, portanto, comecei a substituir o café em casa por descafeinado. Até porque o sabor é muito bom e o aroma é perfeito. Ou seja, passei a tomar uma única dose de café normal diário e complementava com descafeinado.
Comecei a ter dores de cabeça e sonolência todos os dias, não tem milagre. E se por um lado foi incômodo, por outro, me fez ver que realmente estava viciada, não era uma força de expressão. Era mais do que psicológico, era físico. Foi quando tomei a decisão de cortar de vez a pequena dose diária e migrar para o descafeinado em definitivo.
Nunca mais na vida vou tomar um café normal? Vou. Mas em circunstâncias muito específicas e pouquíssimo. Levei meses com dores de cabeça, como em uma desintoxicação, mas agora passou e não quero fazer isso outra vez. O engraçado é que se por alguma dessas exceções tomo um café normal, passou a me acelerar um pouco o coração ou me fazer as mãos tremerem ligeiramente. Muito louco isso! Tomava litros antes e não me dava nada, tomo uma merreca agora e tenho esses efeitos!
Ou estou ficando velha, ou é um bom sinal. Provavelmente, ambos.
Bianca, eu novamente, isso de vicio em cafeína não é brincadeira, há uns dez anos atras, eu tinha dores de cabeça que não sei nem quantificar a dor, bom não era enchaqueca, e nem tinha causa física, fiz tratamento e não tinha resultado nenhum, dai meu médico começou vasculhar meus hábitos, excesso de cafeína o que fazia o remédio não ter efeito algum, fora a irritação e o mau humor que me davam, me obrigou a parar com o café e coca cola, resultado sarei da dor de cabeça, hoje em dia não tomo refrigerante de espécie alguma e café só nos dias de folga e pouco, aprendi da pior forma sentindo dor, como você disse tudo em exagero cedo ou tarde da algum problema, como a máxima sempre certa, melhor prevenir que remediar, abraços.
Oi, Fernando! Minhas dores de cabeça foram pela abstinência da cafeína, mas acredito que mais cedo ou mais tarde também as teria pelo uso prolongado, sei lá. Muitos anos tomando direto, acho que a gente fica como um fumante (eu não fumo). Tenho ouvido muitas histórias parecidas ultimamente de problemas pelo excesso de cafeína, talvez porque esteja prestando mais atenção agora. Refrigerante não me faz a menor falta, nunca fui muito fã. E aqui em Madrid tem uma vantagem, você vai nos bares ou restaurantes e o preço de um copo de coca-cola é o mesmo de uma taça de vinho! Daí, advinha o que eu prefiro? 🙂 Besitos
Acabei de ler meus gostos nesse post, especialmente o café. Entendo vc totalmente. Oh vício gostoso!! em, mas saúde em primeiro lugar. Cuide-se!! Adorei seu blog e com o tempo vou lendo tudo por aqui. Bj
Obrigada Anônimo! Apareça! 🙂
Boa Tarde! Em tempos de pandemia e rede social, encontrei uma bela solução exemplar em um blog, algo do meu tempo! Parabéns por lembra-me oque eu já sabia e precisar ler “ouvir” de alguém! A Nostalgia e super útil!
Obrigada, Tiago! Seja bem-vindo!