Sobre a generosidade

A pessoa mais generosa que conheci na vida foi minha avó por parte de mãe.

Veja bem, não venho aqui fazer nenhum discurso familiar, até porque outros familiares tem qualidades e defeitos que posso falar por horas, mas não interessa agora. O ponto que quero abordar é a generosidade, e o maior exemplo que tive nesse ítem foi minha Vó Noca. Da categoria de pessoas que dão a roupa do corpo, literalmente.

A gente achava que era até demais e, às vezes, as pessoas se aproveitavam disso. Ela nem queria saber, respondia o ditado que cresci ouvindo: nasci nua, estou vestida… estou no lucro. Eu não tenho a generosidade por natureza e o que consegui desenvolver, tenho quase certeza que foi graças a seu exemplo. Sorte a minha, porque o ditado que me corresponde é, de onde veio esse, sempre virá mais. Sempre veio. Mas há uma diferença conceitual entre meu desapego e a sua compreensão real de que a vida é finita e efêmera. Muitas vezes, consigo ter essa compreensão e esse já foi um longo caminho, mas minha ambição é que um dia seja algo natural.

Minha mãe não é tão generosa com ela mesma, mas é muito com quem ama, o que me incluiu. Meu pai não abria mão do que tinha, mas sentia um prazer enorme em compartilhar e, nesse sentido, é com quem pareço mais. Na verdade, ele também sempre foi muito mais generoso que eu. Meu irmão não é propriamente generoso, mas comigo é bastante. Luiz tem por objetivo descarado me fazer feliz, eu realmente acredito nisso e acho lindo, me dá vontade de sê-lo.

Posso seguir essa lista, mas me concentrei nos mais próximos. Estar tão protegida assim, me deixa quase na obrigação de ser melhor. É um privilégio e também uma responsabilidade.

E eu persigo essa generosidade, me aproximo das pessoas generosas. Não pelo que elas podem dar, mas pelo que posso aprender. E toda lição de generosidade me emociona.

E por que estou falando nisso? Porque hoje estive cercada de gente generosa e cheguei em casa melhor, é contagiante.

Acabei de chegar de um concerto de música instrumental com um acento brazuca flamenco. Cada vez gosto mais de música instrumental, é uma obra de arte abstrata que estou por um triz de entender os detalhes e os segredos das histórias que estão por detrás e alguém, cheio de generosidade, digeriu em sons.

3 comentários em “Sobre a generosidade”

  1. Esses dias eu escutei uma frase que se encaixa perfeitamente no teu post: “Solidário não é aquele que dá o que já não lhe faz falta ou que tem duplicado, é que aquele que consegue dar e ficar sem”.
    Fiquei pensando e acho que faz sentido… dar o que já não nos serve mais é relativamente fácil, só uma questão de pesapego… agora dar uma coisa e ficar sem ela é bem mais difícil.
    Beijos!

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