…quer dizer, pelo menos a primeira fase da mudança.
Às vezes, eu mesma me surpreendo com a facilidade em que navego no caos, parece que é meu elemento mais produtivo, vai entender! Não é que não me preocupe ou não me canse, mas sempre é mais estimulante.
Fizemos tanta coisa que nem sei por onde começar a contar, essa é a desvantagem de levar mais de uma semana sem escrever. Vamos pela cronologia, que assim vou me lembrando.
No último fim de semana de março, começamos a trazer algumas coisas para o apartamento novo. Tinha feito meu dever de casa e deixado o indispensável empacotado e separado para trazermos antes da mudança definitiva. Em princípio, Luiz queria alugar uma perua, recrutar dois amigos que se ofereceram para ajudar e carregar aquele monte de tralha. Achei a maior roubada! Cheio de gente forte precisando de trabalho, vamos combinar, tem economias que honestamente não compensam. Alguns dias antes, ele chegou a sugerir que eu deveria dirigir a furgoneta! Engraçado como há 16 anos casados e ele ainda não perdeu o medo da morte! Eu? Euzinha? Esquece, contrata ajuda!
Pois acho que foi a melhor coisa. No domingo pela manhã, chegaram três indivíduos bem dispostos, dois deles brasileiros, e carregaram o que tínhamos de mais pesado. Acabamos por incluir algumas coisas e assim ter maior conforto para esperar a mobília.
Entre nós, acho que até o momento que a bagagem saiu de casa, Luiz não estava muito convencido que deveríamos ter contratado alguém. Acontece que eu sabia muito bem a quantidade e o peso das coisas que estávamos mandando, além de já haver subido e descido algumas vezes as novas escadas. Estive limpando antes o apartamento e esperando encomendas, como por exemplo, os móveis da cozinha e eletrodomésticos, cujas caixas tomaram meia sala. Os carregadores chegavam no apartamento com um palmo de língua para fora!
Por outro lado, logo que começamos a subir os três andares de escada e Luiz resolveu dar uma mãozinha para os rapazes, percebeu a encrenca que seria subir tudo aquilo. Eu nem quis saber! Não sou preguiçosa, mas esse negócio de me matar de fazer força com quatro cavalheiros robustos, três deles pagos para isso! O feminismo que se dane! Luiz, solidário, caprichou na gorjeta gorda, que verdade seja dita, foi merecida. Eles tiveram muito boa vontade e trabalharam para valer em pleno domingão.
Bom, missão parcialmente cumprida, porque por mais que eles tenham levado o grosso, sempre sobra algum rabo para ser levado depois. Muito bem, à noite um amigo passou em casa para levar algumas coisas e sobrou para ele dar uma forcinha, aliás, um forção!
A gente chegou a considerar dormir no apartamento novo, já que os colchões estavam por lá. Mas não tinha condição, não tinha água e a cozinha não estava montada. Então, simplesmente, arrumei os armários e dei mais uma limpada.
O que acontece é que o apartamento está em fim de reforma e obra faz um tipo de pó muito fino que custa a sair, parece que são camadas e camadas de pó! Até aí, nenhuma surpresa.
Certo, mas se os colchões estavam lá, onde a gente ia dormir? Forrei um feather bed, que é como um edredon grossinho, com uns travesseiros e um colchão de acampamento por baixo do Luiz. Eu encarei o edredon diretamente sobre o tatame (nossa cama é japonesa). Bom, dormindo com a barriga para cima não é tão mau, as costas ficam esticadinhas, mas não dava para virar de lado que doía tudo! Tenho os ossos meio pontudos. Super confortável, né? Tudo bem, duas noites não matam ninguém.
Domingo à noite, descobrimos que sim, havia água quente e fria no apartamento. Inclusive, foi o único dia em que o mestre de obras apareceu. No restante, furou conosco e não atendeu mais quando Luiz telefonou.
O que importa é que com água, tudo melhora e, com isso, sabíamos que poderíamos nos instalar. Coisa que até esse momento, não tínhamos certeza.
Segunda-feira, veio o montador da cozinha e alguns eletromésticos que faltavam. Vi com esses olhos, que a terra há de comer, o super-homem-tartaruga, um baixinho de metro e meio, truncado, subir três andares de escada, em um só tirão, com uma máquina de lavar louça e um fogão nas costas! Luiz, eu e o montador ficamos apostando se ele também subiria sozinho com a máquina de lavar roupa, que é mais pesada. Mas para essa, teve ajuda de um segundo homem.
O rapaz da cozinha montou tudo no mesmo dia. Bom, tudo que tinha, né? Porque não veio a pia nem o exaustor. Sim, nossa cozinha não tem pia ainda, a gente usa a do banheiro. Mas melhorou muito o fato de ter máquinas de lavar louça e roupa. Claro que nada na vida é simples e houve alguns pepinos para resolver e decidir, mas quando há solução, é normal. Pequeno detalhe, havia uma serra elétrica no meio da sala! Alguém tem idéia da quantidade de pó e serragem que isso faz? Eu tenho. Mas saímos na segunda à noite com tudo limpo.
Na terça-feira, saiu toda nossa mudança do apartamento antigo para um guarda móveis. Logo após o almoço, a casa já não nos lembrava. Estranha essa capacidade que as pessoas tem de transformar uma casa em um lar e vice-versa. Todo mundo quando mora em algum lugar deixa um tipo de energia, que chamo assim por não ter outro nome melhor. É algo intangível, mas que a gente nota quando chega nos lugares. A cada casa que me mudo, trabalho para arrumar essa energia da mesma maneira como arrumo os móveis. Trabalho os cheiros, os ângulos dos olhares, as quinas, a facilidade para limpeza, a privacidade, os acessos. Um lar precisa de vida, pode ser gente, animais, plantas, crianças, música, precisa de movimento. É como água, que é vital, mas parada não gera boa coisa. Um lar precisa ser um lugar para o qual você tenha vontade de voltar quando acaba o dia. Se em algum momento você não quer mais voltar para casa, melhor modificá-la ou mudar-se, porque já não é mais seu lar.
Lembro quando nos mudamos para o apartamento anterior, em um bairro bastante tranquilo, havia todo um sistema de segurança montado. A porta da terraza era trancada à chave e tinha grade, o que me fazia pensar quem entraria por ali? O Homem-aranha? Por que tanto medo? Uma das primeiras coisas que fiz foi pedir a proprietária que desligasse esse sistema e ela me perguntou se tinha certeza que não queria nenhuma proteção. Não respondi, mas pensei, como assim? Tenho na porta cinco moedas chinesas e duas fitas do senhor do bonfim! Quem entra se depara com um espelho, o que deseja recebe de volta. Estou muito bem protegida! Não nos descuidamos, uma vida em um país sul americano faz a gente desenvolver defesas e instintos que nem nos damos conta. Mas aqui há um ditado que gosto muito: mariconadas, las justas! Que o medo seja apenas o da prudência, a paranóia que fique do lado de fora!
Mas voltando à atual mudança, entramos de mala, algumas cuias e o Jack! Nosso felino finalmente conheceu sua nova residência. Chegou desconfiado, como é bom que seja, foi identificando possíveis esconderijos, entendendo os cheiros e ruídos. Depois de ter um gato, aprendi a prestar mais atenção aos cheiros e ruídos que cada casa tem. Aos poucos foi relaxando e se aventurando a buscar as frestas de sol, mas ainda passa a maior parte do tempo em nosso quarto, onde se sente mais seguro normalmente. Cada dia conquista um pouco mais de espaço e deu seu aval de aprovação, ainda ficará mais feliz quando os móveis terminarem de chegar.
Passamos toda a semana limpando e limpando. Tenho a sensação que dissolvi minhas digitais! E não adianta, nesse comecinho, tenho que fazer eu mesma ou com ajuda do Luiz. Minha necessidade de limpeza beira à doença! Quero ter certeza absoluta que está bem feito.
Mas nem tudo foi só trabalho, também aproveitamos bastante as redondezas. Estou simplesmente a-do-ran-do! Cada dia conhecemos um lugar diferente e até agora, nada me decepcionou.
Até visitas já recebemos! Na quarta-feira, foi o show de dois amigos no Kabocla, que agora é super perto daqui. Marcamos com um casal de amigos em casa para irmos juntos. Lógico que abrimos uma champagne para comemorar, afinal, os móveis não chegaram, mas todas as bebidas sim! Uma questão de prioridades. Legal que esse mesmo casal também inaugurou o último apartamento, então melhor manter a tradição!
Seguimos para o Kabocla e nos deparamos com um show particular, porque praticamente todo mundo que chegava era amigo! Juro! Virou a sala de casa e, adicionando-se algumas caipirinhas, todo mundo se meteu! Pedimos música, cantamos, tocamos… e tudo em um tom muito sereno, é lógico! Bom encontrar os amigos e pagar os habituais micos tão redentores. Bom saber que fofocas se dissipam no tempo quando não alimentadas. Bom voltar para a casa com Luiz quase de manhã, completamente tortos e caminhando. Não me lembro se foi difícil subir as escadas, mas acho que nem senti.
Na quinta-feira, tivemos mais um casal de visitantes e daqui fomos jantar juntos. Na sexta, rodamos tudo em volta, mas não encontramos ninguém, ainda pensamos em esticar no Kabocla, mas deu preguiça. Estou gostando desse negócio de passear um pouco a cada vez que descemos para comer. No sábado, fomos almoçar na casa de amigos, até para lembrar que existe vida além do centro da cidade, coisa que nesse momento está difícil de acreditar.
No domingo, mais um faxinão para não perder o hábito e o resto do dia, morgação total. Saímos para almoçar e passear, mas resolvi fazer o jantar em casa. Não dá para caprichar muito, porque sem o exaustor a casa ficaria muito esfumaçada. Então, rolou um macarrão de pacote e um assado desses congelados. Até que não foi mau.
Hoje tirei para escrever e dar mais uma arrumada na casa. Agora vou ver se descubro que dia teremos pia!
Hahaha ia passar por aqui e fazer Toc toc, tem alguem por aqui??? E quando vejo , topico saindo do forno hehehe que otimooooooooo!”!!!! Pois depois do Kabokla nosso retiro foi na casa dos sogros com familiao comendo e bebendo sem parar rsrs affeeeee. Os primos ainda ficam por aqui até sexta!
Beijoss
hehehe… dessa vez rolou uma crônica geralzona! Acho que vou abrir outra categoria só para falar de restaurantes! Vou lá no seu ver se tem novidades! Besitos
Felicidades na casa nova!!!!!!
Bjs
Obrigada, Neusa! Faz tempo que a gente não se vê, né? Besitos
mariconadas, las justas!
Grande sacada!
Parabéns novamente! E vi a foto no FB, adorei a cozinha!
Besitos!
Oi, Selma! Obrigada! 🙂
Luiz Paulo, você vai se tornar um especialista em expressões espanholas! 😛
Besitos
Oi Bianca
Sabe que este lance de casa tem que ter gente é pura verdade, minha mãe nesse momento ta até gostando da bagunça, voltou aquela energia saudável pra casa dela, criança, horário para almoço e jantar, até o Fumaça ta fazendo bem pra ela, já ta pensando até em comprar um!
Beijos
Marianne
Oi, Marianne! Imagino a Anna com o povo todo em casa! Depois ela vai sentir falta e vai querer sequestrar a Luciana ou o Fumaça… hahahah… Taí, um gatinho ia fazer bem para a casa dela! Quando sua obra fica pronta? Bj