Na nossa divisão de tarefas matrimoniais, a mudança é responsabilidade minha. Não que a faça sozinha, sempre conversamos sobre as possibilidades, mas como reza o ditado, cachorro de dois donos morre de fome, então melhor definir quem alimenta cada bicho. Pela prática, tenho as coisas esquematizadas na cabeça, o que facilita um pouco nossa vida. Essa próxima é especialmente divertida.
É assim, o próximo apartamento está fechado na palavra, mas não assinamos o contrato, o que nesse momento, por conhecer as pessoas em questão e ter uma relação de confiança, honestamente não me preocupa. Mas como sou filha dos meus pais, para mim negócio só está 100% fechado depois de assinar.
Muito bem, mas vamos continuar, o apartamento que estou nesse momento está em plena disputa judicial. Todo mundo sabe disso. Pois bem, a proprietária, com quem temos maior afinidade, já trocou a fechadura da porta com medo do louco do ex-marido tentar invadir. Pequeno detalhe, como ele não sabe exatamente quando sairemos, se cogita a possibilidade do indivíduo aparecer na minha porta enquanto nós ainda moramos aqui. Por via das dúvidas, o taco de baseball está bem acessível e não seria a primeira vez que partiria para a porta bem acompanhada. Sei que não é muito razoável, mas ele é meio doido e eu sou doida e meia. Luiz ainda tenta ser o policial bonzinho da história e tem uma relação civilizada com o indivíduo, mas de bobo não tem nada e já tem auxílio jurídico na manga, caso seja necessário. Afinal, estamos totalmente legais nessa confusão.
Diante das circunstâncias, estamos tentando adiantar o máximo possível nossa saída do imóvel. Acontece, que o próximo apartamento fica em uma zona bastante central, em uma rua estreita, onde o caminhão da mudança bloqueará toda a passagem. Ou seja, precisamos de uma autorização especial que tarda cerca de um mês, para bloquear o trecho da rua, no quarteirão do edifício. Sim, meus amigos, para mudar a gente precisa fechar uma rua!
Luiz não quer esperar mais um mês aqui nem que a vaca chegue no nosso ouvido e faça cof cof… Bianca, se vira! Seu marídio quer porque quer mudar até o fim desse mês! Tudo bem, melhor assim, porque a verdade é que já começa a me agradar a idéia de dar umas pauladas no ex-marido-louco-da-proprietária. E isso não é coisa que se deva passar na cabeça de uma mocinha educada.
Lá vou eu ligar para a empresa de mudanças e negociar soluções. A menina tem até boa vontade, mas maneiras diferentes são muito confusas para quem faz sempre as coisas do mesmo jeito. Acontece que é a terceira vez que contrato essa mesma empresa, o que me dá alguma credibilidade e margem para negociação.
Então, o plano é o seguinte, empacotar tudo e enviar para o guarda móveis da transportadora. Enquanto isso, já pedir as autorizações necessárias para a mudança, e assim que saírem, fazer uma segunda mudança, do guarda móveis para o próximo apartamento. Para um brasileiro isso pode parecer bastante lógico, inclusive, melhor para empresa que me cobra duas mudanças, mas pode acreditar, não foi nada simples explicar isso aqui.
Bom, e até aí, nem estou me preocupando que a mudança no novo apartamento subirá por três andares de escada! Isso é problema da empresa! Estão sendo pagos para fazer força ou para colocar aquele elevador que sobe por fora da janela, que não é exatamente uma novidade na europa.
Está fácil? Ah, então vamos complicar mais um pouquinho?
O novo apartamento ainda não está pronto, simples assim. Falta pouca coisa, mas as obras por essas bandas são demoradas. Pelo que entendi, falta o box do banheiro, alguns espelhos e todos os armários e eletrodomésticos da cozinha. Daí, o mais complicado seria mesmo a cozinha, mas como a obra suja já terminou, é viável.
Isso quer dizer o seguinte, assim que a nossa mudança sair daqui, ou nos instalamos na casa de amigos ou vamos para o apartamento sem móveis e sem cozinha!
Era uma casa, muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada…
Olha Luiz, seguinte, topei encarar essa mudança maluca, tudo bem, até levo com bom humor, mas a gente não sabe quanto tempo realmente levará essa tal de autorização. Não vou me enfurnar na casa dos outros por um mês, com um gato, assim na cara de pau, hotel por esse período nosso orçamento fica estratosférico, então prefiro levar meia dúzia de coisas para o apartamento novo e a gente se vira por lá. No máximo, podemos contratar uma furgoneta mané dessas e levar o kit básico de sobrevivência na selva: colchão, laptop, roupas e cafeteira. O fundamental é a cafeteira, porque o café não pode me faltar, sinto muito! Nas duas vezes que mudamos de país juntos foi assim, chegamos antes dos móveis, nem é novidade. Lá vamos nós acampar! Ele topou, acho até que preferiu dessa maneira.
Bom, só faltava a gente ter hóspedes, né? Não falta, teremos um casal de hóspedes em abril. Tudo bem, é minha prima e temos intimidade. Além do mais, acho que quando eles chegarem a cozinha estará pronta.
Considerando tudo isso, minha cabeça anda a mil, normal. Acontece que é curioso como o que me afeta se reflete na cozinha. Por exemplo, se estou de mau humor ou com raiva, minha comida sai salgada. Se estou preocupada ou distraída, queimo tudo. Na semana passada, consegui queimar o feijão de ficar aquela crosta preta no fundo da panela de pressão. Hoje, quase incendiei a casa, juro! Inventei de fazer torrada… o telefone tocou… era a empresa de mudanças… esqueci… me toquei com o cheiro de queimado chegando na sala.
Corri para a cozinha e já saía fumaça preta do forno, putz! É que pão queimado vira carvão. Imagina queimar carvão dentro de casa! Desliguei tudo, abri o forno e fui correr para abrir as janelas, ligar o exaustor e a ventilação do ar condicionado. Na boa, se fosse uma vizinha vendo a quantidade de fumaça negra que saía, teria chamado os bombeiros sem nem pestanejar! Felizmente, meus vizinhos fofoqueiros estavam ocupados, era hora da siesta, e dei conta da fumaceira sozinha. Não sabia se ria, chorava ou abanava. Jack se defende, tratou de sumir do caminho e foi para perto de uma das janelas abertas.
Baixada a fumaça, fui procurar se restou algum dano colateral, mas não, nada além daquele cheiro de queimado indisfarçável.
Pergunta se depois me atrevi a cozinhar hoje? Estou com uma fome do cão, mas nem chego na cozinha! Assim já vou me acostumando à vida no mês que vem!
Se eu estivesse aí vcs teriam um sofá lá em casa 😉 mudança é um saco, mas sempre é pra melhor. Bairro novo, escadas, ok, mas vai ser bom 🙂
beijoooo
Se quiser mais emoção, podemos programar uma visitinha aí para meados de abril! HAHAHA!
Boa sorte com as pendengas! Fique tranquila que no final tudo sai, de um jeito ou de outro!
Besitos!
Hahahah nao to acreditandooooooooooo rsrsrs
Bibis melhor mesmo deixar a cozinha ficar pronta por ultimo rsrsrsrs affeeeeee
Bom, ja sabe que fiquei com inveja do seu feijao queimado e queimei o meu tbem bé? Mas o meu deu pra salvar hehehe.
Beijos e muito cuidado com as comidas daqui até a saida de voces rsrss
Morei aqui mais de um mês em um apartamento sem box no banheiro e sem cozinha. Solução: comprei um fogãozinho elétrico de uma boca. Sem geladeira tinha que comprar e cozinhar o que consumiria no dia. A louça era lavada na pia do banheiro. Foi uma aventura, mas ficaram somente boas recordações. E o fogãozinho usamos hoje em dia pra cozinhar panquecas diretamente na mesa no café-da-manhã.
HAHAHAHAHAHA…adorei….só com humor mesmo, né?
Café é fundamental..Café e internet, né?rssss…..mas caso tenha problemas ao lado tem muitos ciber baratiiiiiissimos….pra caso de urgencias.
Olha, esses problemas de escada desencana. Vc vai no Corte Ingles (ou de Conde de Suchil ou de Princesa que tem um pouco mais de coisa) , escolhe tuuuuuudo bonitinho a seu gosto, paga e manda eles levarem em casa. Eu só compro assim.
Alem do mais vc vai ter o Mercado Barceló ao lado da sua casa, MARAVILHOSO, frutas, verduras, peixes e carninhas tudo fresquissimo e com bom preço. Eu amo esse mercado. Acho que vc vai amar tambem.
Precisamos marcar um dia prar uma voltinha pelo seu novo bairro e eu te dar dicas. Algumas porque as outras vc vai pegando a seu gosto.
E tem tambem a Le Pain cotidian!!!!!!!!!Olha que maraviiiiiiiilhaaaaa…..Pâes gostosos, coisinhas boas…..
Tem um mexicano que fica aberto até 1 ou 1:30 pra casos noturnos de fome de urgencia, enfim….vamos fazer uma turne de bairro algum dia?
Beijocas e paciencia com a transiçâo!!!
Tudo vai dar certo…..
mercado de Barcelo fechou. e faz tempo…
Nâo fechou nâo sr anonimo.
Reabriu ao lado. Só mudou de lugar. Os postos sâo os mesmos.
Oi, meninas!
Suz, sei que contaria com seu CS… heheheh… na verdade, temos para onde ir, afinal, nossos amigos são muito legais 🙂 Mas acho mais fácil ficar já por lá, sabe? Facilita também para cuidar das coisas que faltam ficar prontas. E entre nós, tô doida para mudar logo!
Selma, pode vir! Aproveita, traz o carrinho de bebê da Beatriz… hahahahaha…
Didis, minha alma gêmea, até queimar a comida junto? 😛
Claudia, vou levar o micro ondas para quebrar um galho. Depois, tem milhões de restaurantes em volta! Mas enfim, fica registrada a idéia, porque achei legal fazer as panquecas na mesa 🙂
Vanessa, com cafeína e internet, sou uma pessoa feliz! Vou aproveitar e adiantar uns trabalhos para a expo no Brasil. O tempo vai passando e tenho que dar um gás nisso também. A Le Pain Cotidian é um arraso! Mas sabe que estou fazendo pão caseiro direto! E fazemos um tour quando você quiser! Acho que fica mais fácil depois que mudar, afinal seremos quase vizinhas 🙂 Ontem vi o projeto da cozinha que Miguel negociou, vai ficar liiiinnnda!
Anônima, não sei se o mercado fechou ou está em reformas, como aconteceu com o San Miguel e alguns outros. De qualquer maneira, não é um problema, como a Vanessa falou, o que não faltam são opções.
E é isso aí, ai que vontade de mudar! 🙂
Vanessita, estamos em sintonia total! É a segunda vez que respondemos algo ao mesmo tempo! hahahahah…
Bianca queria te perguntar algo, esses moveis que voce tanto carrega pelo mundo afora, sao antiguedades de familia?
Porque se nao for larga isso menina è muito mais caro isso de ir e vir com esses mastodontes, quando vim pra Espanha trouxe uma mesa que esta ha mais de cem anos na familia, livros muitos escolhidos dos 20000 que tinha, e roupas e se quer saber ja foi muito.
Os moveis daqui sao bons e baratos, as cozinhas que è o mais caro sao mobiliadas.
Seus bens mais preciosos sao Luiz e seu gato.
Desencana disso.
Sei la tanto stress , na vida as vezes cargamos com muita coisa inutil, agora entendo o de minha vida de caracol, voce realmente leva a casa as costas.
Bem è sò uma ideia um beijo e boa sorte.
heheheheh… Antonia, não trouxemos nem 1/3 dos móveis que tínhamos no Brasil. Vendemos ou demos uma parte considerável das nossas coisas. Se tem algo que não sou é apegada a nada, pode ter certeza. Primeiro, havia uma questão prática, a empresa do Luiz nos pagava nossa mudança, já que nos estavam transferindo, mas não nos pagaria móveis novos. Depois, os móveis que mantivemos, todos, além de úteis, tem alguma história nossa, independente do valor financeiro. E quando você muda tanto, é legal ter algo da sua própria história te acompanhando como referência. Além disso, tenho muitas peças de arte (minhas), o atelier (com material, livros e ferramentas importantes), louças, acessórios de cozinha etc… enfim, tudo que carrego são coisas que preciso e uso efetivamente. Não tenho absolutamente nada em casa que não seja muito usado. Honestamente, isso nunca me atrapalhou, não é um problema, é só uma contingência 🙂 Besitos