Aproveitando o sol que abriu, deixa me animar um pouco também e contar como andam as coisas. Pelas minhas contas e anotações, estamos no meu endereço número 32, acontece que efetivamente morei em Paris por pouco mais de um mês e acho que contou como o número 33. Logo, estamos partindo para o trigésimo quarto.
Nos últimos dois finais de semana, ficamos basicamente por conta de visitar apartamentos. No primeiro deles, vimos um apartamento praticamente do lado da nossa casa, com um bom tamanho, mas o estado de conservação incomodava um pouco. Marcamos de ver outro em La Vaguada, no domingo, mas estava um pouco reticente em relação à localização, por ser mais afastado do centro do que gostaria.
Tudo de metrô é muito fácil, mas o planeta sabe que gosto mesmo é de caminhar.
Na noite de sábado, fomos a um reunião na casa de uma amiga. Divertido, ainda que não conseguimos ficar muito tempo, porque Luiz estava gripado e meio cansado. Mesmo assim, foi legal porque alguns dos convidados estavam no nosso desfile improvisado de carnaval e é muito engraçado lembrar dos episódios, digamos, peculiares, que sempre somos protagonistas. Outra coisa que foi boa, é que duas mães de amigos moravam em Vaguada, e nos falaram bem do bairro, o que me animou um pouco mais.
Muito bem, domingo de manhã, lá fomos nós ver o tal apartamento em Vaguada, que tinha a vantagem de ser no condomínio de outro amigo. Gostei do apartamento e meio que entubei andar de metrô. O preço era bom e era grande, paciência. Saí de lá crente que ia fechar negócio.
De lá, fomos almoçar na casa de um casal de amigos, um filet à Daniel, daqueles com bastante alho! Uma delícia e bem propício, já que Luiz estava gripado e eu ameaçando a ficar também. Bom para conversar, desabafar um pouco da encheção de saco que estava de Madri. Aparentemente, o humor feminino está em conjunto naquela fase tepeêmica, pode ser o tempo chuvoso, sei lá, ou então aquela onda de energia que sempre afeta as pessoas com afinidades. Aproveitei para tirar uma casquinha de um neném gorduchinho simpático, naquela fase que está por um triz para começar a andar.
No caminho para casa, Luiz me perguntou se não queria dar uma última olhada na internet, para ver se algo de novo havia surgido no mercado imobiliário. Por que não?
E já que era por desencargo de consciência, resolvi olhar bem no centrão mesmo, coisa que não havia feito antes por acreditar que seria impossível encontrar um apartamento com garagem. Essa era uma condição para a gente, é um complicador, mas acontece que Luiz tem que trabalhar de carro e não acho justo ele chegar tarde e ainda sofrer para achar uma vaga.
Caraca, e não é que de cara acho um apartamento do jeito que a gente queria, com garagem, perto do Palácio Real. Putz! Até sonhei com o apartamento! No dia seguinte, pela manhã, Luiz ligou para lá e o dito cujo do apartamento estava apalavrado, para assinar contrato na quinta-feira. Não acreditei! Que vacilo!
Tudo bem, Bianca, sem pânico! Você já conhece esse jogo! Mais importante do que conseguir ou não algo específico é entender o que a gente quer e focar esforços. A verdade é que até esse momento, estava atirando para todos os lados. Sabia que não era o melhor, mas é que não conseguia querer nada, queria mesmo era ir embora. Estava procurando apartamentos por absoluta diciplina, vontade não tinha um pingo! O que valeu desse apartamento perdido foi sentir essa vontade de morar por ali, trouxe alguma motivação.
Então, está bem, vamos dar mais uma procurada antes de fechar com o imóvel de Vaguada. Achei outro interessante em Salamanca, fizemos proposta, mas a dona queria um pouco mais, nos pediu alguns dias. Enquanto isso, continuamos buscando. A época é vantajosa para a gente, tem muita oferta no mercado e os preços cairam bastante. Você até vê muito anúncio com preço alto, mas não alugam nunca, quem quer de verdade alugar, precisa baixar.
Apareceu um em Las Rozas, muito perto de onde Luiz trabalha. O apartamento era realmente ótimo, enorme! Mas tão longe quanto bom. Outra vez, ficamos muito divididos.
Nisso, uma amiga fala que seu marido tem um apartamento em um local que para nós seria ótimo. Só que tinha um problema, o edifício não tinha elevador. Putz, mas aí não dá! Sem elevador, nem a pau Juvenal! Nem quis ver porque sabia que seria tentada.
O tempo passando e eu começando a ficar preocupada com prazos, não dá para ficar até sempre esperando o apartamento perfeito, uma hora a gente precisava decidir.
Tive a idéia de ir visitar garagens para ver se havia vagas para alugar e depois buscar apartamentos na redondeza. Com isso, aumentávamos nossas opções, já que é difícil encontrar edifícios com garagem no próprio prédio, pelo menos, nas zonas centrais onde estava interessada. Uma idéia muito simples, que deveria ter tido antes, mas paciência, talvez as coisas tenham seu tempo e, honestamente, essa decisão pelo local custou a aparecer.
Achamos possibilidades de garagem e achei um apartamento próximo a uma delas, perto da San Bernardo, uma zona bem central e de bom tamanho. Lá fomos nós visitá-lo na sexta-feira, às 20:00hs. Chegamos lá e o apartamento era bem razoável, mas só alugava mobiliado, coisa que nos impossibilitava. Sempre tem alguma coisa. A pessoa que nos mostrou nos disse que ele mesmo tinha um imóvel bem perto dali, mas que era algo diferente, menor e em um prédio mais antigo. Não havia me interessado até ele falar o preço, quase metade ao que estávamos visitando. Pensei que a longo prazo não toparia, mas por um tempo e por aquele preço, até que encarava. Fomos visitá-lo.
Chegamos lá, era um edifício sem elevador, respirei fundo e pensei, eu posso! Acontece que não cabiam nossas coisas, nem com muito boa vontade. Agradecemos e saímos, meio desanimados.
Justo em frente, havia um restaurante que Luiz leu não sei onde que era bom, comida de Nova Orleans, ou algo assim. A essa altura, estava com um pouco de fome, chovia para cassilda e ainda era cedo para ir ao Kabocla, tínhamos um aniversário para ir por ali. Então, resolvemos sentar um pouco e tomar fôlego.
Aproveitei para tentar relaxar com uma taça de vinho e ouvir as vozes da minha cabeça. E, a propósito, o restaurante é legal, chama Gumbo e fica na Calle Pez 15.
Lembrei do apartamento que minha amiga tinha dito, aquele lá atrás que não queria ver porque não tinha elevador. O único impecílio que ele oferecia, havia acabado de me provar que seria capaz de conviver, não a longo prazo, mas por um tempo e por alguma razão.
Resolvi falar em voz alta o que estava pensando, Luiz, você acha que nosso amigo toparia um contrato por um prazo menor? Um contrato de um ano, por exemplo? Porque se não me acostumar, um ano não mata ninguém e estou careca de mudar de casa mesmo. Além do mais, é um prazo para a gente ter as coisas mais claras na nossa cabeça. Para ele talvez seja bom, não tem risco nem preocupação de alugar para um estranho. E se eles resolverem que querem mudar para lá, um ano também não é muito para esperar.
Senti que Luiz gostou da idéia, parecia um alívio. Quando quero alguma coisa, a vida dele é muito mais simples. Dali mesmo ligou para nosso amigo, que estava próximo e disse que podia passar no restaurante para nos encontrar. Beleza! Já nem durmo com essa curiosidade.
Não vou mentir, subir três andares de escada é broca! Mas o apartamento está uma graça, todo novinho e com uma boa distribuição e espaço. Tem um jeito de loft, com duas colunas de madeira descobertas e uma parede de tijolos aparentes que é um charme. Nosso amigo tem uma garagem dupla que pode dividir com o Luiz ali perto, ou seja, a única concessão mais complicada é realmente o elevador.
Quer saber, tudo bem, vou encarar. Dane-se, talvez seja bom para emagrecer! Às vezes, a gente precisa quebrar alguns paradígmas. Por agora, temos a sorte de ser saudáveis e jovens o suficiente para subir umas escadas. Estou vendo como uma experiência de vida diferente, não apenas pelas escadas, mas pelo local. É mais alternativo, onde imagino que as pessoas devam ou deveriam ter a cabeça mais aberta. Vai ser bom uma mudança de ares.
Agora a gente precisa acertar alguns detalhes. O apartamento está terminando de reformar, faltam algumas coisinhas e hoje pedirei um orçamento para uma empresa de transportes. Só não sei como será essa mudança, porque não vi nenhum local para parar um caminhão sem impedir a passagem dos outros veículos, é uma rua antiga e apertadinha. Fora uns móveis pesados para burro que a gente tem! Mas enfim, quando chegou nossa primeira mudança no país, também não tinha a menor idéia de como seria e eles tinham solução para tudo. Estou tentando acreditar nisso.
Duro está cuidar do apartamento atual e sua rotina, meu desapego é um clássico e minha cabeça já foi, não moro mais aqui. A vantagem é que não sofro, mas esse período intermediário é chato pacas! Paciência, Bianca, paciência…
Oi Bianca, quando eu cheguei na Espanha morei num terceiro sem elevador, o pior mesmo è subir as compras, eu comrava tudo pela internet, naquele tempo o Corte Ingles estava começando esse serviço, è dficil levar os moveis, mas claro os espanhois estao super acostumados, e se voce mora em um piso sem ascensor te tratam melhor vc se torna mais igual.
Sei que voce esta meio cabreada com os espanhois, è dificil Bianca, mas aos poucos vamos nos acostumando, meu marido nao se acostuma nunca, protesta sempre. Mas eu ja me acostumei, com o no passa nada mañana lo hacemos.
sorte um beijo
Oi, Antonia! Pois é, acho que também só vou fazer compras por internet 🙂 Hoje conversei com uma companhia de mudanças e acho que tudo se dá um jeito. Outro dia lembrei de você, medi minha pressão duas vezes e está normal, ontem me bateu um insight que posso estar bebendo pouca água, parece simples, mas faz diferença. E sim, ando meio cabreada, mas nem sei te dizer se é com os espanhóis em si, porque não é assim tão pessoal, tenho amigos aqui que gosto muito. Difícil explicar, o que me irrita é essa atitude provinciana, mas não tenho a expectativa que eles mudem, acho que quem tem que mudar sou eu… talvez de país, né? Sabe que apesar da crise ter um lado bastante negativo, acho possível que ajude a mudar isso um pouco. A ver… Besitos
Bianca…a falta de elevador é algo perfeitamente “adaptável”. Também pensava como vc, mas há mais de dois anos moro num 3 (4 pra gente do Brasil) sem elevador… o lado ruim é qdo se vem do supermercado. Mas até isso tem solução! Aqui em Sevilla, por 4 euros o Mercadona te entrega as compras em casa! Beijos e boa sorte!
Menina,
Os três andares sem elevador não me assustam. Quero saber é do tamanho da cozinha e se é suficiente para você cozinhar, pois no próximo ano vou passar por aí depois de fazer o Caminho Cantábrico, partindo de Irun.
Beijos e sucesso no 34.
Luiz
ahahahahah… a cozinha ainda não está pronta, mas com certeza ficará um show! Porque o dono do apartamento também é um apaixonado por cozinha e parte do nosso acordo é que ele possa cozinhar lá em casa de vez em quando 🙂
Enfim, seja bem vindo em casa quando quiser! Mas escuta uma coisa, quando você vai fazer o Caminho Cantábrico? Porque se não for em uma temperatura absurda como agora e quiser companhia, bem que me animo. Tô querendo voltar ao Caminho mesmo, mas queria uma rota diferente. Acho que a escadaria vai ajudar a me preparar fisicamente… heheheheh…
Besitos
Oi, Glenda! Valeu o ânimo! Por aqui também se pode mandar as compras em casa. E não me custa dar uma gorjetinha para um cidadão subir com as tralhas para mim, assim ficamos todos felizes, distribuição de renda! Besitos
Bianca,
As escadas vc vai tirar de letra!
Ainda mais p/ vc q gosta de caminhar…além do q é uma atividade física q vc vai sempre fazer querendo ou não…olha o lado bom!!!hehehe
Bjos e boa sorte na sua nova moradia!
Renata
Chica, é só pra fazer um teste e pra dizer que nao vejo a hora de conhecer o ap !!! rsrss
Nao lembro da minha senha aqui do wordpress , socorrooo, vc sabe o que tenho que fazer pra recuperá-la??? É que vou ver se mudo pra ele o meu blog!!
Beijos
Se você for morar num quarto andar sem elevador, depois de um tempo os 880 km do Caminho Cantábrico vão parecer brincadeira. Estou pensando em fazer em maio do próximo ano. Vou te mandar um site desse caminho para você ir pensando no assunto.
Ei Biiiii!!!!!
Então chegou a hora do 34, hein? Coisa doida!!
Enquanto vais mudando de casa, a única coisa que permanece estática, em um mesmo lugar, ainda que em expansão, é a tua fazenda, não é mesmo? hehehehehe
Menina, vou aparecer por aqui mais vezes, viu? Acabo de atualizar o meu blog e respondi recados teus de séculos… hehehehehehe. Agora sim, depois de mais de um ano de volta ao Brasil, vou recomeçar realmente a MINHA vida.
Meus pais com saúde, meu doutorado na fase final, agora posso me jogar para o desafio de ter uma vida normal. Saindo do casulo (ou da caverna), estou preparada para o que vier. Mais forte, mais “madura”, mais preparada.
Estás de mudança de casa, eu também… claro que não chego nem perto das tuas 34 mudanças, mas acho que o numeral é o de menos, não é? O melhor das mudanças é quando elas nos trazem boas perspectivas, desafios, novos ares. Estes últimos sempre são importantes – por mais que a gente também goste de ficar “acomodada” confortavelmente por um tempo. Mas só por um tempo…
Aproveito para te agradecer, Bi, por estares sempre tão presente. Seja por recados no blog, por e-mail ou por pensamento mesmo. Te adoro. Você é fundamental.
Essa é a hora de te desejar uma mudança para o bem. Que tua nova casa te dê ânimo para buscar novos desafios para ti, e que eles te traigam bons frutos. Sempre! Você simplesmente merece o melhor. Beijos grandes.
Oi! Tenho passado por aqui de tempos em tempos, mas preciso me atualizar! Tantas novidades!
Olha, estamos há 4 anos aqui na Coreia em um prédio sem elevador. Dois andares, compras, cacarecos e um bebê de 10 kg para cima e para baixo! Fica tranquila que em pouco tempo você se acostuma!
Besitos!
No começo vc vai achar punk, mas depois de uma semana vc já se acostuma…imagina que na ultima semana e meia de Madrid eu morei com o meu “tangueiro” e ele morava no 5º sem elevador! Mas depois de uns dias eu já subia de um fôlego só! Chegava lá, tomava um copao de agua e fim. Vai ser bom pras pernas mesmo 😉 sorteeee!