Meu novo vício

Pois é, quando era criança, não brincava com bonecas ou de casinha. Com bonecas, porque era chato mesmo, mas de casinha, nunca tinha companhia. Meus vizinhos, por coincidência, eram sempre meninos. Não tenho queixas, gostava das brincadeiras de rua também.

 

Mas estou chegando a conclusão que devo ter trazido essa fase mal resolvida e o porquê beira as raias do ridículo. Estou completamente viciada em um joguinho do facebook, o FarmVille. Para quem não conhece, é algo tão simples como plantar, colher e reinvestir na própria fazenda. E é nesse investir que mora o gancho do jogo, porque quanto mais estrategicamente você atua, mais rico você fica e mais rápido. Daí tem o seguinte, você pode só plantar e ganhar dinheiro, mas sua fazenda fica meio feinha e sem graça. Então, te dão opções de comprar casas, decorações, animais… ou seja, é quase brincar de casinha. Você descobre também que essas coisas te dão experiências, e a experiência conta ponto no jogo. Além do mais, é importante que você tenha vizinhos, porque ao visitá-los e ajudá-los te dá dinheiro e, outra vez, experiência. Você pode enviar presentes a eles e vice-versa, e dessa maneira, seu objetivo não é vencer seu vizinho, quanto mais nos ajudamos, mais crescemos mutualmente. Aos mais competitivos, nenhum problema, você pode ser melhor que os outros, mas isso não prejudica ninguém. Achei o jogo uma grande sacada e fora os elementos que já descrevi, adoro a idéia de ter terras, casas e animais, mesmo que seja de maneira virtual. De quebra, ainda me divirto e interajo com os amigos-vizinhos. Até gente nova (de verdade) cheguei a conhecer!

 

Isso tem me feito pensar. O que me fez gostar tanto do jogo? Sempre há um conjunto de coisas, mas estou convencida que há dois motivos principais.

 

O primeiro, porque me possibilita construir minha casa. Não sou de todo maluca, sei que não é real, mas o mundo virtual hoje faz parte da minha vida, portanto, me realiza uma parte do sonho, me dá ao menos o gostinho.

 

O segundo é que trabalho. Não há como negar, tenho a cabeça para estratégia, até quando brinco. Estou fora de consultoria há quase dez anos e não há uma vez que não termine uma refeição em algum restaurante, sem antes calcular se é ou não um bom negócio. É complicado quando alguma amiga chega empolgadíssima me contando uma grande idéia de um negócio infalível, e levo 37 segundos para ter certeza absoluta que não se paga. Até para ser artista plástica tive a pachorra de fazer um business case! Claro que deu errado, mas porque nesse caso me faltava um detalhe importantíssimo, a experiência, o conhecimento.

 

E aí a coisa se complica um pouco mais, como medimos essa experiência, esse conhecimento? Não estamos em um joguinho onde a cada etapa cumprida, te aparece um número determinado. Não é objetivo. Mas todos concordamos que está lá, é real, tem um nome e um conceito: experiência.

 

Algumas coisas que aprendo, sei exatamente de onde vem, outras são absolutamente subjetivas, a única dica que tenho é que vieram de uma experiência. Até que ponto isso é gravado na nossa memória, ou vai mais longe, ficou cravado no DNA?

 

Tenho uma angústia atual que é perceber uma onda de oportunidades e não ter uma ferramenta de atuação, por exemplo em mídias sociais. Um monte de gente percebe isso, nenhuma novidade, mas tenho a sensação de ter um diferencial, simplesmente por uma questão de experiência. Acontece que não sei como medí-lo, muito menos como vendê-lo. Estou chegando a conclusão que é por usar um sistema antigo de mensuração, que não mais se aplica aos novos modelos econômicos e sociais.

 

Bom, digo isso porque realmente acho que o mundo mudou. Não estou falando de uma coisa pequena como a crise, mas da mudança na economia global. Apesar disso, continuamos atuando e nos medindo como no modelo antigo. Há uma transição, ok, sorte de quem perceber e se adaptar primeiro. E não acho que estejamos falando apenas de negócios, não vejo mais como separar as vidas em pessoal e trabalho, acredito que hoje seja tudo junto. No momento que transitamos para uma economia do conhecimento, já não há mais barreiras concretas entre sua vida pessoal e profissional. Você é o que experimentou, o que conhece, vai muito além dos cargos que ocupou.

 

Para quem se interessa pelo tema, repasso um blog de negócios que leio e me deixou encafifada por esses dias. No blog da Table Partners, há três posts em sequência sobre o livro “Innovation Happens Elsewhere”, de Ron Goldman e Richard P. Gabriel. Trata das mudanças que estão ocorrendo na economia global, por estarmos transitando de uma economia industrial para uma economia do conhecimento.

 

Enfim, não sei se disfrutarei dessa nova sociedade, ou se apenas triscarei na sua periferia, mas gosto da idéia de poder testemunhar de maneira consciente algo de novo.

 

Enquanto isso, deixa eu ir lá no FarmVille, que está na hora da minha colheita! No máximo amanhã, terei experiência e “dinheiros” para a próxima aquisição: a casa principal da fazenda! Yes!

4 comentários em “Meu novo vício”

  1. Hehehe, bem que notei que vc anda bem envolvida com o Farmville. Aliás, a maioria dos meus amigos do facebook. Só eu que nao gosto desses joguinhos… hehehehe.

    Eu me senti assim também quando comecei a jogar Sims na Wii. Adorava decorar a casa, mudar de emprego dos sims, cuidar dos cachorros, comprar um monte de coisa… e é muito interessante, porque o Sims é um jogo da vida mesmo, vc tem que ter uma casa bonita, roupa da moda, ter um emprego que goste e que ganhe bem, e ainda ter tempo pra se divertir, fazer amigos e cultivar as amizades! Senao, os amigos brigam com vc e adeus. E vc perde pontos, fica desanimado… nossa, eu fiquei bem viciada na época, mas agora desviciei, hehehe.

    Gostei de saber desse seu lado empreendedora, eu já sei a quem consultar entao, tenho um plano futuro e que me dá um medao de botar em prática… hehe.

  2. Ahhhhh… aí é que tá! Só dou consultoria se você virar minha vizinha no FarmVille… ahahahahahah… Vem cá, pergunta a seus amigos do facebook se eles também estão atrás de vizinhos, por favor 🙂 Se estiverem, pode me apresentar!

  3. Hê, Bibi!

    Esse “strategizing” mental constante é “sub-produto” dessa sua capacidade de fazer analogias, conexões, entre coisas que, para a maioria das pessoas, parecem completamente desconexas.

    Espero que vc descubra ou crie um canal para aplicar essa aptidão única – rara e valiosa para todos – de forma, em primeiro lugar, prazerosa, em segundo lugar, proveitosa.

    Seus potenciais “sócios à mesa” estamos aqui, às ordens, se sua intuição e seu coração apontarem nessa direção.

    Beijão e um abração no Luis, do
    Mauro

  4. Oi, Mauro!

    Seja bem vindo, e obrigada!

    Pois, potenciais sócios à mesa, por aqui sigo pensando bastante a respeito e a recíproca é verdadeira. Pode ter certeza que no momento que essa intuição “assoprar” uma oportunidade, vocês serão os primeiros a saber.

    Besitos

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