Granada e sua Alhambra

Nos dirigimos para Granada, com Jack protestando pela segunda viagem de carro. Fomos pela serra de Ronda, para evitar engarrafamentos. Uma boa idéia para a gente, mas que deixou o gato totalmente mareado, mal saiu do meu colo. Por outro lado, a viagem era bem menos longa, umas três horas mais ou menos.

 

O hotel que escolhi, o Navas, ficava bem no centro da cidade, em uma rua com o mesmo nome, que descobrimos pouco antes ser de pedestres. Tudo bem, depois de um ligeiro stress de onde parar… essa rua é proibida… porque a multa… blá, blá, blá… chegamos no hotel. Nada extraordinário, mas limpo, bem localizado e com muito boa vontade em receber animais. Em terra firme, Jack relaxou rápido e nós fomos buscar o resto da bagagem e descobrir um lugar para almoçar pelas 16:00hs.

Nem foi difícil. Na própria rua havia um monte de bares com a pouca pressa dos Andaluzes e seus visitantes com menos pressa ainda. E no calor de 37 graus, que pareciam mais, quem estaria com pressa para alguma coisa?

Nessa noite resolvemos pagar uma de turista e nos meter em um show flamenco. Compramos um pacote de 24 euros por pessoa, que consistia em alguém vir te buscar no hotel, te levar para o show, com direito a um drink e te trazer de volta. Se quem está na chuva é para se molhar, então vamos, né?

O que não tinha entendido é que, antes do show, faríamos uma caminhada de quase uma hora a pé por Albayzín, o antigo bairro árabe. E já que íamos e voltaríamos de condução, por que não aproveitar e colocar meu saltinho básico de 10 cm? Pois é, caminhar por ladeiras de paralelepípedos com esse sapato completamente inadequado foi uma verdadeira via sacra! Menos mal que fui agarrada no braço do Luiz, me equilibrando naquelas pernas de pau. Mas tudo bem, inacreditavelmente sã e salva consegui chegar em algum lugar plano e com cadeiras, onde seria a apresentação.

O lugar que fomos se chama Los Tarantos, uma das cuevas de Sacromonte. A vantagem era ser um local bastante intimista, cujo tablado era no centro da sala. Ou seja, vimos tudo bem de perto, como é bom se ver uma apresentação de flamenco, e a verdade é que foi excelente, a melhor que já vi.

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A volta para o hotel foi bem mais simples, mas fiquei com vontade de conhecer melhor o bairro visitado. Obviamente, com sapatos adequados.

E assim foi. No dia seguinte, com minhas queridas botas de trekking, lá fomos nós explorar Albayzín e suas ladeiras. Muito melhor que na noite anterior. Honestamente, quando vi à luz do dia os lugares onde havíamos passado, me questionei como havia sido possível caminhar por ali de salto alto! Tudo bem, algum mico tinha que pagar.

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A vista de Alhambra inunda a cidade. Por onde você esteja, lá estão suas torres imponentes no alto. É hipnótico, você quer o tempo inteiro olhar para sua direção. Mas ainda não seria esse dia que a visitaríamos. Não sei desde quando, mas agora você precisa comprar os ingressos com antecedência, a maioria das pessoas compra por internet ou no próprio hotel onde estão hospedadas. É até possível conseguir entrar comprando ingressos na porta, mas só se houver ingressos sobrando, coisa que não é garantida.

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Muito bem, mas voltando a Albayzín, tinha um plano malévolo de almoçar em algum restaurante árabe. Eu gosto de comida espanhola, mas não consigo passar duas semanas seguidas comendo o mesmo tempero. Luiz e eu gostamos de variar um pouco. Encontramos um bem bonitinho, com decoração característica, onde comemos cuscus, kafta e salada de iogurt com pepino.

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No jantar, Luiz conseguiu reservar no Las Tomasas, indicação do casal de amigos espanhóis que conhecemos na primeira parte da viagem. É engraçado porque não tem letreiro, é uma porta onde se toca a campanhia, alguém te responde por um interfone e você entra como se fosse uma casa normal. Só ao descer que você percebe que consiste em uma grande terraza, bem de frente para a Alhambra. Não é muito formal, acho difícil ser formal com tanto calor, mas a comida tem seu toque de sofisticação. E ali tomamos um Hacienda Monasterio, enquanto a iluminação da Alhambra ia se modificando de acordo com o anoitecer.

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Voltamos caminhando para o hotel, providencial depois do exagero do jantar. Dessa vez, eu malandra, fui de sandalinha baixa e bem confortável.

De maneira geral, comemos muito bem. Meu restaurante favorito foi o Puerta del Carmen, na praça que leva o mesmo nome.

No domingo, achei que era boa idéia caminhar até a Alhambra, para conhecer o lugar, ver se era tão longe e se precisava mesmo ir de ônibus. Não precisava, poderíamos ir se quiséssemos, mas era razoável ir caminhando. Descobrimos também que não era totalmente fechada, havia lugares, como os jardins e o Palacio Carlos V, que podiam se conhecer de graça. Os ingressos comprados serviam para o Palacio Nazaries, Alcazaba e Generalife. Foi bom, porque adiantamos o passeio e ganhamos um pouco de tempo para o dia seguinte.

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Como ninguém é de ferro, resolvemos ir até os baños árabes, um Hamman, o mais antigo da Espanha. Não é o nosso primeiro, aqui mesmo em Madri tem um muito interessante. O lugar tem três piscinas, uma fria, uma quente e uma morna, além da sauna e um espaço para massagens. Foi muito bom, mas o de Madri é melhor, talvez não tenhamos dado muita sorte com o grupo que foi conosco, meio barulhentos. De qualquer forma, saímos de lá bem relaxados.

Nós dois gostamos da cidade. Achei bonita e misturada, eu adoro uma mistura. Achei divertido o sotaque, mudei um pouco a maneira de me vestir, acho que fui ficando um pouco moura. Luiz não aguentou o calor e praticamente raspou a cabeça. Sei lá, acho que fomos entrando no clima e nossa imagem foi acompanhando automaticamente.

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Chegou segunda-feira e finalmente, tcham, tcham, tcham, tcham, a tão esperada Alhambra! Vou ser sincera nunca havia ouvido falar em Alhambra antes de vir morar na Espanha. Um único amigo brasileiro, hóspede que tivemos, quis conhecê-la, ele é arquiteto e contou que era o sonho de quem cursava arquitetura conhecer o lugar. Foi ele quem me despertou essa curiosidade. Alguns meses depois, houve aquela história de votar nas 7 Maravilhas do mundo e os espanhóis ficaram ofendidíssimos porque ela não foi eleita, ainda que eles mesmos não tenham se preocupado em votar. Ficaram aborrecidos porque o resto do mundo, que mal sabia o que era Alhambra, não votou na dita maravilha.

Bom, não me importava muito a disputa de egos e de maravilhas, queria mesmo era conhecer a tal Alhambra. Não gosto de ficar comparando o que é mais bonito ou mais interessante, é comparar chocalho com banana, cada lugar tem seus próprios atrativos.

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Achei interessantíssimo, mas não, não fiquei impressionada. Provavelmente, por tanta expectativa e propaganda a respeito. Essa é a grande desvantagem, por falta de palavra melhor, em viajar e ver muita coisa, é cada vez mais difícil me impressionar. Às vezes, sinto falta da emoção que me provocava encontrar uma muralha medieval ou constatar que um simples tapete tinha a idade do meu país.

 

Enfim, ainda assim, achei que valeu totalmente à pena. É uma riqueza de detalhes fascinante, e tantos detalhes em algo tão gigantesco é realmente admirável. Foi bom ter conhecido uma parte no dia anterior, porque mesmo dessa maneira acabamos o dia mortos de cansados. É verdade que o calor não estava contribuindo em nada.

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Vou contar um segredo de liquidificador, nessa noite jantamos em um japonês, que nosso amigo de Granada não nos escute. Estava desesperada por um arrozinho e algo fresco e leve. Para nossa surpresa, o restaurante lotou, em sua maioria estrangeiros.

Na terça-feira, acordamos com calma, tomamos um bom café e partimos para a estrada rumo à casa. Jack deu menos trabalho, só de não ser serra ele relaxou um pouquinho, expliquei para ele que estávamos voltando para a casa e ele pareceu entender. Umas três horas e alguma coisa de viagem, chegamos em Madri, com um felino aliviado e exultante em reconhecer seus cheiros.

Luiz ainda tinha férias até o fim da semana, tempo que aproveitamos de maneira mais caseira. Pas mal, pas mal du tout!

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4 comentários em “Granada e sua Alhambra”

  1. Sério que vc nao ficou impressionada??? Puxa, eu amo o Alhambra… talvez justamente porque eu nao fui com expectativa nenhuma, eu visitei porque tinha lido num guia de Espanha na minha primeira viagem ao país, em 2001. Nem tinha idéia do que iria ver. Fiquei apaixonada… voltei em 2003 e continuei amando aquele lugar. Nao encontrei até hoje outro monumento que me deixasse assim, nem sequer na Grécia, que por anos foi meu sonho, eu me senti assim. Vamos ver quando eu ver o Coliseu, hehehe…

    Já a cidade de Granada eu nao gostei. Nao sei, nao me chamou a atençao. Fui a esse mercado também (esse, da foto), e ali eu gostei, achei muito bacana. Mas… sei lá, acho que cada um capta de uma forma o local que visita. Fiquei decepcionada com o Albaycin… esperava mais… nao sei, talvez foi porque eu estava sozinha, nao conhecia ninguém, nao tinha ninguém pra me dar uma dica, e pode ser que nao soube aproveitar.

    Desde a minha visita em 2001 já falavam sobre comprar o ingresso para o Alhambra por internet, mas eu resolvi encarar, fui bem cedinho e consegui comprar na porta. Em 2003, também. Vai ver que agora tá mais difícil. Mas vocês fizeram bem em se garantir, realmente seria muito chato ir até ali e nao haver mais entradas.

  2. Oi, Alessandra!

    Pois é, não sei, Alhambra não me impressionou. Também não queria passar a idéia errada de que não gostei, porque realmente achei que valeu super à pena e recomendo. Só acho que não vi nada novo, não sei se me explico, mas era como se reunisse em um único lugar, várias coisas que gostei em lugares diferentes. Então não tive essa sensação impactante de ver algo pela primeira vez, ainda que não conhecesse o monumento.

    Quanto aos ingressos, foi o que falamos antes, você é que é sortuda… heheheh… Acho que se alguém não sabe da história de comprar antecipado ou se não tiver outro jeito, não custa chegar cedo e arriscar. Mas quando você planeja uma viagem para lá, melhor se garantir.

    Besitos

  3. Eu tambem fiz, NOSSA, igual á menina de cima, a Alessandra. Porque tambem amei com loucura….e achei monumental, lindo, etc. Acontece que acho que uma coisa pode ter a ver:
    Vcs foram no verão, e no verão não se vai para o sul da Espanha, muuuuuuuuuuuuito calor.
    Eu fui na primavera, os jardins estavam todos floridos, o clima era gostoso e ameno, foi tudo perfeito e ameeeeeeei tudo. Conheço bastante a arquitetura islamica da Espanha e até do Norte da Africa, Marrocos….mas acho que tão bem cuidada e conservada só mesmo na Allambra!!

    Mas zuzo, gosto é gosto, né?

    Ah, Alessandra, o Coliseu é bacana…mas quando eu soube que era um campo de concentração de pessoas e de animais perdeu todo o encanto!!!!

    Beijos.

    Ta lindona de cabelo novoooooooo.

  4. … nãaaaao, esse é Auschwitz! 😛 Sorry, horrível, porém irresistível! Adoro quando escrevo 937 coisas e todo mundo se concentra num pedaço de frase, ai meu santo…

    Mas aí, valeu, porque essa é uma boa comparação para o que defino como impressionante. Uma coisa é gostar, adorar, admirar e outra completamente diferente é se impressionar. Talvez seja só uma interpretação. Fui ao Coliseo de Roma e tive essa mesma sensação negativa e pesada por seu passado, mas… me impressionou! O curioso é que voltaria amarradona à Alhambra e não tenho um pingo de vontade de voltar ao Coliseo (só ao Coliseo, porque Roma eu amo!).

    E quanto a não ir no verão para o sul da Espanha, melhor avisar para todos os espanhóis, ingleses, alemães, marroquinos… acho que ninguém sabe disso… heheheh… Olha, a gente foge de lugar cheio e é a primeira vez que viajamos em agosto, porque não tinha jeito, mas não me arrependi nem um pouquinho. Na primeira semana, estávamos nas montanhas, bem mais fresco do que Madrid; é verdade que em Granada, realmente estava um calor infernal, mas juro que também não muito diferente daqui. O que fizemos foi nos proteger mais, cobrir a cabeça, tomar mais água… essas coisas.

    Quando é que você volta mesmo? Tenho lembrancinhas Granadinas para as Lulus!

    Besitos

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