“Currar”, dito com cada “r” bem pronunciado, vem da palavra “curro”, na gíria popular, um trabalho duro e normalmente mal remunerado. É um tipo de bico e costuma ser trabalho braçal.
Contrariando a lógica, sou chegada a um curro! Fazer o que? Eu gosto de trabalho físico, até durmo melhor.
Essa semana um amigo precisava montar sua exposição e sentiu que sozinho não daria conta a tempo, me chamou para ajudar. É engraçado porque as pessoas te chamam sem graça para essas consideradas roubadas, un curro. Mas o pior é que não achei nada demais, na prática foi legal.
É a primeira vez que ajudo a montar uma exposição da qual não vou participar. Curti da mesma forma, adoro um bastidor. Traz essa sensação de que você está vendo um segredo, algo que os outros seres humanos não terão acesso. É uma viagem na maionese, sei disso, mas embarco direitinho.
No Brasil, uma vez fiz um curso no MAM, e para entrar nas salas de aula, nós passávamos por trás do salão de exposições. Eu achava o máximo passar por ali nas épocas de montagem, pois estava fechado ao público em geral e a gente sempre via primeiro. Outra vez tinha a sensação de estar em um lugar secreto, mesmo sendo cercado por janelas gigantescas. Segredos de liquidificador.
Enfim, a exposição do meu amigo foi muito legal e foi melhor ainda me sentir parte dela, mesmo como mão-de-obra absolutamente braçal. Ganhei até um agradecimento no discurso de abertura! Que chiquérrimo!
Ele eventualmente trabalha para galerias com montagens de exposições de outros artistas e já me ofereci para ajudar caso apareça alguma oportunidade. Não seria nada mal fazer alguma coisa que gosto, em um ambiente que quero entrar e ainda por cima ganhar uma dinherrinha, né?
Vê se pode, tanto estudo, a maior pinta de dondoca e doida para ser pião de obra! Tô com uma saudade de pintar uma parede…