Então tá, né?

Muito bem, passados os primeiros dias de chateação, meu humor está retornando aos poucos. Na verdade, já consigo olhar as fotos da viagem e achar muita coisa legal. O bom do tempo é isso, coloca tudo em perspectiva.

 

E é engraçado como, quando estamos prestando atenção, a gente vai encontrando as respostas no dia a dia. Por exemplo, essa semana, logo depois que chegamos, passou um programa inteiro sobre os Pirineus. Em um primeiro momento, me veio na cabeça um “putz grilo, de novo!”. Mas depois olhei melhor e não vou dizer que me deu vontade de voltar agora, mas pude sentir uma pontinha de orgulho em imaginar que já os atravessei a pé.

 

As bolhas vão melhorando, ainda passarei alguns dias na base do chinelinho. Agora estou fotografando e acompanhando sua evolução. Olha que bonitinhas, depois de mais ou menos uns cinco dias de recuperação.

 

Tenho pensado nas causas. Simplesmente, queria entender e não repetir o erro. Podem ser as botas, mas é estranho, considerando o quanto estão amaciadas e que vivo com elas nos pés. Nosso treino foi bem mais no plano, mas por outro lado, não faz tanto tempo que voltei do Caminho e peguei algumas subidas razoáveis. Coloquei um compeed antes de sair, para justamente evitar o atrito, será que isso atrapalhou? Repuxou a pele? O efeito deveria ser o contrário. Usei vaselina e meia dupla de cool max. Ou seja, que eu saiba, não faltou nada. Realmente, meus pés são bem mais sensíveis que os de uma pessoa normal, mas até que melhoraram muito do último ano para cá. Tendo a achar que o que pesou foi a longa subida mesmo, porque agora que as bolhas secaram, tem uma aparência de queimadura.

 

Bom, chega de show de horrores, né?

 

Então vamos às partes boas. St. Jean é uma gracinha de cidade, fica do lado francês, logo na fronteira com Espanha. Tem bons hotéis, ainda que não sejam muito baratos, comparando com outras cidades ao longo do Caminho de Santiago. Também tem os albergues e refúgios, onde boa parte dos peregrinos fica hospedada. Em um único dia você é capaz de conhecer tudo, e vale a visita.

 

Não tem trem direto de Madri a St. Jean e as baldeações complicam um bocado. Melhor ir de trem até Pamplona e de lá pegar um taxi. Não é difícil, o caminho dura cerca de uma hora de carro e pode custar entre 75 e 100 euros. É normal os peregrinos dividirem o valor da corrida. E, se ao invés de ir até St. Jean, resolver parar por Roncesvalles, fica menos uns 30 euros.

 

O trecho de travessia a pé entre St. Jean e Roncesvalles é de 25 a 27 km, e chega a 1.400 metros de altitude. A vista é realmente muito bonita, mas não tem estrutura durante o caminho. Há um único bar em Orisson, há 8 km de St. Jean. Depois, só Roncesvalles mesmo. Aviso às meninas que não tem nem um banheirinho por quase 20 km e a vegetação não ajuda muito.

 

Roncesvalles é bem pequena e interessante. Depois da catedral compostelana é considerada o segundo ponto mais importante para os peregrinos. Por sua localização, sempre foi um ponto estratégico de passagem de soldados e viajantes que queriam atravessar a cordilheira dos Pirineus. Trata-se de um conjunto arquitetônico repleto de história. Ali foi derrotado o herói Roldán, na batalha de Roncesvalles, em 778. Acredita-se que a peregrinação começou a passar pela região por volta do século X. Em 1127, foi construído um hospital para acolher peregrinos e se tornou um ponto de partida para o conhecido Caminho de Santiago francês.

 

Falando de coisas mais mundanas, só há dois lugares para jantar, mas não tivemos problemas, fomos bem atendidos. Em épocas de maior movimento, às vezes você precisa jantar em turnos. Ficamos em um apartamento turístico da Casa Beneficiados, o prédio é super antigo e imponente, mas os apartamentos foram reformados e trazem bastante conforto.

 

Na sequência, veio Zubiri. Uma cidade também pequena, mas com boa estrutura para dormir, comer e comprar mantimentos. O lugar me pareceu charmoso e bem tratado, ainda que já não tivesse muita condição de me locomover.

 

Acabamos por Pamplona, mas sem humor para passear pela cidade. Só conheci a estação de trem. Ficará para a próxima vez. Acredito que reiniciaremos dali.

 

A vontade é de esperar as bolhas sararem e voltar logo, mas não me parece razoável. As temperaturas baixaram com grande velocidade e já está com pinta de começo de inverno. Caminhar no frio é viável, diferente do verão, quando é impossível. Entretanto, você precisa levar mais roupa, o que representa peso na mochila. Além do mais, as roupas lavadas diariamente sempre custam mais a secar. Enfim, melhor esperar a primavera.

 

Uma hora dá certo…

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