A primeira cirurgia no exterior a gente nunca esquece

Ninguém gosta de hospital. Acho que nem médico gosta de hospital, a gente vai porque precisa. Acontece que passei minha infância frequentando hospitais e, mesmo não achando divertido, não tenho medo, nunca tive.

 

Assim que quando recebi a notícia que Luiz precisava operar, foi chato, me deu pena, mas encarei com naturalidade. Parecia simples e tinha total condição de cuidar dele, sou quase acompanhante hospitalar profissional.

 

Muito bem, eu achei que estava levando tudo com naturalidade, mas às vezes o corpo te avisa o que você não quer admitir. Minha boca, por exemplo, ficou toda ferida, era óbvio que devia estar nervosa.

 

A situação era diferente, não estava na minha zona de conforto. Estava em um país estrangeiro, com outro tipo de tratamento onde não conheço todos os códigos. E quando me vi sozinha com Luiz no quarto do hospital, sem a família por perto, foi foda!

 

Ter o apoio dos amigos foi fundamental, pelo menos a gente não se sente tão só. Mas na hora que buscaram ele no quarto e fiquei eu e a TV esperando o tempo passar, o buraco foi bem mais embaixo. Não tem como não pensar, e se acontece alguma coisa mais grave? O que faço? Por onde começo?

 

Chegamos ao hospital ao meio dia, Luiz foi preparado às 15:00 horas, mas só entrou para operar às 19:30. Nem sabia que alguém começava a operar a essa hora. Mas enfim, por volta das 22:30 o médico veio me encontrar no quarto para informar como foi a cirurgia.

 

Começou dizendo que foi mais complicado do que eles esperavam, o que me tirou o chão, como assim? Mas ele está bem, está acordado? Ele disse que sim, que subiria em breve, a cirurgia no ombro é que foi mais complicada. Médicos precisam tomar cuidado como começam suas frases. Recuperada do susto, tentei prestar atenção na explicação técnica que a essa altura me importava bem menos. Realmente, a operação foi mais complexa, ele precisará de mais tempo de recuperação, mas foi um sucesso.

 

Por volta das onze da noite chegou Luiz no quarto, ainda meio grogue da anestesia, mas lúcido. E roxo de fome, claro! Estava em jejum desde às nove da matina e só poderia comer e beber no dia seguinte.

 

A noite foi difícil para nós dois, mais para ele. Sentia muita dor, fome e não conseguia dormir. Ele não dormindo, também não dormi. No dia seguinte, logo que ele pôde tomar um suco de laranja, vim correndo em casa para ver como estava o Jack, que dormiu sozinho. O gato estava em uma carência só, mas estava bem. Voltei rápido para o hospital, a tempo de cruzar com o médico, que havia acabado de explicar ao Luiz toda a saga do ombro. Ele estaria liberado para voltar para casa à tarde.

 

O horário de saída não ficou muito claro, ninguém veio dizer para ele que já era hora de ir. E acho que ninguém diria se a gente não perguntasse. Fui eu mesma quem dei banho nele e nem perdemos tempo em ficar perguntando o que podia ou não podia. Enfim, por volta das seis da tarde estávamos em casa.

 

Chegar no nosso apartamento foi um alívio. Jack estava um pouco estressado, mas até à noite foi normalizando. Luiz ainda tinha bastante dor e nesse dia fomos deitar bem cedo, exaustos! Acho que estava meio descompensada.

 

A partir do fim de semana, tudo foi melhorando, a dor foi se acalmando, o humor foi voltando e as coisas foram tomando seu rumo. No sábado já começamos a receber visitas de amigos, o que deu uma animada na casa.

 

Em paralelo, surgiu a oportunidade de fazer uma exposição individual no dia 04 de dezembro, na Casa do Brasil. Na verdade, tudo começou com a apresentação de fim de ano do coral que participamos, que será nesse mesmo dia. Daí nossa professora-cantora perguntou se eu não toparia inaugurar também uma exposição nesse dia e achei muito legal. Por outro lado, como ficou meio em cima da hora, tenho trabalho pelas orelhas. Por sorte, meu atelier é em casa, estar um pouco internada foi até bom, me deixou bem produtiva, apesar de ocupada.

 

E assim se passou uma semana da operação e mal consegui sentar no computador para checar mensagens, que dirá para escrever. Agora as coisas estão mais tranquilas, Luiz está bem independente e meus trabalhos vão no prazo para a exposição.

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