Lembro quando celebrar bodas de prata era coisa dos nossos avós! Algo tão distante que sequer pensava na possibilidade de um dia ser comigo.
Na verdade, já adulta, não queria me casar. Cheguei a ficar noiva uma vez, enquanto era só um conceito, uma demonstração de compromisso, mas na hora mesmo da decisão, amarelei! Casamento não era para mim!
Claro que não! Nunca! Nem adianta, não era para mim!
Até que Luiz entrou no meu caminho, definitivo! Nos conhecemos no trabalho. Naquele ambiente que eu também dizia que jamais iria namorar ninguém, imagina! Tanta gente no mundo, vou arrumar confusão no trabalho? Na empresa onde trabalhávamos, inclusive era proibido.
Daí comecei a notar que toda hora ele arrumava alguma coisa para fazer perto da minha mesa. Tudo bem, passou ligeiramente em meus pensamentos que ele podia estar me dando mole, mas eu era meio ruim para perceber essas situações, principalmente, se não estivesse prestando atenção e eu não estava. E depois, realmente, ele tinha coisas para fazer na minha áerea. Devia ser minhoca da minha cabeça e eu estava ocupada, deixa para lá! Melhor nem dar ideia, já falei que era completamente contra a namoro em local de trabalho?
Então, não demorou muito, um dia ele me chamou para sair e eu, sendo bastante coerente com tudo que acabei de dizer sobre relacionamentos no trabalho… aceitei, claro! Mas eu não ia ficar com ele, lógico que não, só ia conversar…
… e ele deve ser muito bom de papo mesmo, porque estamos conversando há 26 anos, 25 deles, casados!
Tenho 49 anos, casei aos 24, e isso quer dizer que mais da metade da minha vida estivemos juntos! É difícil ter alguma memória de acontecimentos marcantes onde ele não estivesse presente. Nós viramos sobrenomes, na agenda dos nossos amigos sou a Bianca do Luiz e ele o Luiz da Bianca.
Casamos em 18 de março de 1.994, no século passado! Caracas! Faz um século e faz meia hora!
E como passou? Passou voando! Só consigo notar o efeito do tempo quando vejos as fotos do dia do meu casamento. Como éramos jovens e como acreditávamos que éramos invencíveis! Talvez por nisso acreditar, nos tornamos. E talvez por não tomar isso por garantido, renovamos nosso acordo diariamente. Há 25 anos dizemos eu te amo um ao outro absolutamente todos os dias. Mas esse é um assunto nosso!


O dia do meu casamento foi, se não o mais feliz, um dos dias mais felizes da minha vida! E tenho certeza que parte disso foi o fato de poder compartilhar o momento. Foi o primeiro ritual de passagem que entendi a importância. Pois muito bem, eu que a-do-ro uma celebração e agora entendo muito melhor essa importância, cismei que nas tais das bodas de prata a gente ia botar para quebrar! Queria porque queria dar uma super festa!
Mas tínhamos um problema, nós nunca sabemos onde vamos morar com uma antecedência maior do que três meses. Quem conhece a gente ou acompanha o blog, sabe que isso não é um exagero. Portanto, onde raios fazer a festa?
Acontece que aqui pelas bandas européias não é uma coisa muito rara você resolver se casar em outro país. E as pessoas vão porque é razoavelmente acessível. Nós chegamos a ir a dois casamentos assim, um na Grécia e outro na Espanha.
Verdade que no nosso caso não é um casamento, mas é uma comemoração similar. Talvez, até mais forte em alguns sentidos, porque é legal dar a esperança que essas relações existem, são reais, que é possível!
Quer saber, Luiz, e se a gente ao invés de se preocupar onde estará morando, resolvesse fazer uma festa onde a gente realmente quisesse?
Encurtando uma longa história, acabamos por encontrar um castelo na França muito charmoso, ao mesmo tempo, despojado e com uma história bacana. Foi comprado em ruínas por um pintor que, com sua família, passou a vida o restaurando. Não era um nobre, nem de família abastada, era uma pessoa comum com um propósito extraordinário. Quem quiser conhecer melhor a respeito, o local é o Château de Mauriac.

Cerimônias em castelos não são algo tão raro por aqui. Entretanto, para mim, era algo que parecia inatingível, coisa de contos de fadas! E, de repente, a gente podia viver essa experiência, era só se esforçar um pouco e acreditar. Quem sabe, não éramos mesmo invencíveis?
Conseguimos reservar com antecedência de um ano, possibilitando aos nossos amigos que se planejassem para estar presentes. Além de podermos nos preparar melhor.
Pois é, lindo, maravilhoso, um sonho! Só que eu nunca, jamais, em tempo algum, planejei nada com tanta antecedência assim! Nem meu próprio casamento, que a propósito, quem fez tudo foi minha mãe! Luiz e eu só aparecemos para casar, literalmente!
A festa acontecerá em abril, com a temperatura mais amena que agora. Eu já estou agoniada de imaginar e está muito pertinho! Não é mais uma ideia maluca distante, é uma questão de semanas!
Virá gente do mundo inteiro! Brasil, Espanha, Alemanha, Holanda, Inglaterra, Austrália, França, Canadá, Estados Unidos, Suiça, Itália, Portugal… Olha a responsabilidade!
E o pior, estou acostumada a organizar eventos na minha casa, na minha cidade, ou seja, onde posso controlar os detalhes (admito, posso ser meio control freak). Mas, nesse caso, contratamos os serviços e basicamente acreditamos que vai dar certo! Tipo, uma questão de fé! Nós chegaremos literalmente na véspera da festa!
E só de escrever isso, meu estômago se contorceu! Ai, que nervoso! Mas enfim, é um nervoso gostoso, quero que chegue logo.
Sim, falta muita gente que gostaríamos que estivesse, alguns não conseguirão comparecer, alguns não tínhamos mais espaço para convidar, alguns nem mais entre nós estão… ainda assim, me emociona saber que conseguiremos encontrar tanta gente querida ao mesmo tempo, num só ambiente quase mágico. Quantas histórias entrelaçadas e como é bom lembrar de todas elas!
Não há como garantir que a vida seja uma história com final feliz, até porque felicidade não é um estado definitivo, é uma escolha, um “sim” que acreditamos. E dá trabalho! Problemas vieram e outros virão. Mas como é bom ter um dia de contos de fadas, onde todos que participam desse momento sejam envolvidos por uma energia boa, de amizade, de amor, de família e, mesmo que dure apenas uma noite, possa terminar com aquela sensação de, e foram felizes para sempre…
