Seguimos de Bruxelas para Paris de trem. Uma viagem curta e agradável.
Chegamos no hotel Etats-Unis Opéra, onde costumo ficar. Um amigo trabalhou ali no passado e ficava mais fácil para encontrá-lo. Acabei acostumando, acho um hotel honesto e de bom custo vs. benefício. A localização é ótima, o quarto é limpo e o preço é relativamente bom para a cidade.
Luiz precisava trabalhar um pouco. Então, o deixei no quarto e fui direto para a rua bater perna. Sempre melhor sair com ele que sozinha, mas nesse dia, especificamente, senti que precisava conversar intimamente com a cidade, só nós duas.
Tenho uma relação muito especial com Paris e como não tê-la? Alguns ciclos importantes na minha vida foram encerrados ou iniciados ali. E acho uma delícia caminhar pelas suas ruas me sentindo completamente confortável, reconhecendo cantos, esquinas, bares, prédios, cheiros… lembrando histórias.
Dessa vez, havia um tom de nostalgia que nem sei dizer se era mesmo triste, mas algo como saudades antecipadas. Sair da Europa me afastará. Não é que não possa voltar, não é que fosse para lá com tanta frequência assim, mas saber que estava tão perto era confortador. Ainda que eu não fosse, sempre teria Paris.
Saí da pequena Rue d’Antin pensando em quantas vezes cheguei por ali rolando uma maleta; entrei na Avenue de l’Opéra mentalizando o mapa do centro parisiense e o que estaria em cada direção; optei por entrar pelo Boulevard des capucines, onde ainda há o café que, quando ainda morava no Brasil, fui tomar meu cappuccino tranquila e fugir dos preços abusivos do hotel que fiquei na época, alguns anos depois, já morando na Espanha, sentaria novamente no mesmo lugar com a intenção de fazer minha reflexão do ano que havia passado, sem nem ter ideia de quantas vezes eu mesma ainda passaria por ali; passei pela Lavinia e lembrei de acompanhar meu amigo que comprava uma Dom Pérignon para celebrar a formatura do filho; cheguei à Place de la Madeleine, lembrei da Ladurée, onde finalmente comi o primeiro macaron que achei delicioso; passei na porta do Alain Senderens, meu objeto de desejo; entrei na Rue Royale, não me aguentei e passei na Bernardaud para comprar umas pequenas luminárias de porcelana pelas quais sou enlouquecida; passei pela Place de la Concorde, avistei o Louvre de longe e lembrei da exposição de uma amiga e das vezes que sentei pelo chão do museu para treinar o olhar desenhando esculturas; entrei na Champs-Élysées, bem no comecinho, onde havia uma feira de fim de ano com diversas barraquinhas de comidas e lembranças, uma avalanche de turistas e eu seguindo com meu passo de local, as barraquinhas não me interessavam, passei pelo Lenôtre e lembrei da minha primeira aula de culinária; ainda na Champs-Élysees, mas agora na parte mais comercial, lembrei da minha mãe, da primeira vez que fomos juntas e ali sentamos para almoçar, da primeira vez que foi meu irmão e subimos no Arco do Triunfo, e do fim de uma das melhores noites de Ano Novo da minha vida, em que nem vi o tempo passar e chegando ali perto, lembrei preocupada ao Luiz para ele evitar dirigir pela região porque devia estar cheio de gente, no que ele me olha rindo, Bianca, são seis da matina, não tem ninguém mais na rua!
Voltei para o hotel viajando pelo tempo e espaço e avisando à minha velha amiga que talvez me demore um pouco a aparecer e caminhar por suas ruas, mas que ela não se preocupasse porque não era um adeus e ambas estaríamos bem.
Com meu ritual completo, encontrei Luiz e saímos para jantar com um amigo francês no seu restaurante de carnes favorito, o (esqueci o nome, mas já me lembrarei). Muito bom! A carne realmente era um ponto forte, mas meu prato favorito foi a entrada, um ovo pochet com um tipo de creme de foie gras. Marcamos de jantar juntos no dia seguinte também.
Na segunda-feira, me deu vontade de caminhar até Montparnasse, onde morei na Impasse Robiquet. Fiz toda caminhada com Luiz, nos perdemos um pouco na ida, mas até foi bom para conhecer novas ruas. Voltamos pelo caminho conhecido, seguia meio nostálgica, mas menos que no dia anterior. Demos uma paradinha na Galeries Lafayette, nem compramos nada, só sentamos para tomar uma taça de champagne e fazer hora.
Jantamos com o mesmo amigo francês, o filho de uma amiga brasileira que apresentamos a ele, um meio que adotou o outro, e uma amiga brasileira que está morando por lá. Fomos a um restaurante na Île-de-France, honesto, nada demais, recomendado mais pela localização e companhia. De lá, caminhamos até o Le Fumoir para um drink de fim de noite e aproveitarmos um pouco mais a conversa.
Nos despedimos rápido, no limite de tempo para pegar o metrô, e com a promessa de tentar fugir mais um fim de semana para lá antes de nos mudarmos. No fundo, sei que será difícil.
Na terça-feira, pela manhã, saímos direto para a estação, hora de ir para casa. Viagem agradável, matei minha curiosidade de fazê-la em trem, gostei da experiência. Passei quase todo o trajeto memorizando a paisagem, lembrando de histórias e tentando não pensar em quanto tempo levarei para voltar, não importa. Gosto de seguir acreditando que sempre teremos Paris.
Sim!!! Always will have Paris! Eu também adoro Paris, quando eu tinha uns 18 anos , era meu sonho estudar e morar lá, mas a condicao financeira não deu. Mas tudo bem, já a visitei umas tantas vezes . Fica bem xxx
Ahhh Paris! Apesar de ter ido lá algumas vezes, ainda tenho um passeio turístico pendente: subir a Torre Eiffel :))
Deixei pra depois … sendo que o “depois” é sempre uma mera desculpa para o reencontro 🙂
Bjos!
Seu post me deu saudade.
Boa sorte na vida nova.
Beijos!