Há algumas semanas atrás, durante um churrasco, um casal de amigos disse que iria assistir um show da Ivete Sangalo em Coimbra e perguntou se nos animávamos a ir também. Veja bem, não sou tão fã assim para ir a outro país só por causa disso, mas acho ela bem simpática e adoro uma bagunça diferente, então vamos!
Fomos em três casais, de carro, nesse último fim de semana, o show foi no dia 21 de maio. Nossos amigos decidiram ir no próprio sábado. Tinha conversado com Luiz que, se fosse possível, eu realmente preferia ir na sexta-feira, afinal, são quase 600 km de distância e chegar num dia e voltar no outro, a gente aproveitaria muito pouco. Ele conseguiu se liberar mais cedo do trabalho e às 17h do dia 20, pegamos a estrada. Dessa vez, deixamos o Jack sossegado em casa com uma amiga.
Talvez tenha sido uma das viagens mais agradáveis de carro que fizemos. Sempre é um pouco cansativo, mas não foi sofrido. Levei o Ipad e fomos cantando e papeando até entrar em Portugal, daí passou a ser mais divertido colocar o rádio e imitar o sotaque português.
O problema é o seguinte, depois que você mora fora, é como se tivesse uma tecla na sua cabeça para idioma nativo (português do Brasil) e idioma estrangeiro, que varia de acordo ao país que estamos. Quando a gente escuta o português de portugal, é inevitável, acionamos a tecla idioma estrangeiro e fazemos uma confusão danada. Ou seja, a cada vez que tentava imitar o sotaque português, saía uma tremenda mistureba com espanhol. Melhor falar o portugês brasileiro mesmo que eles entendem muito bem. Aliás, aproveito para dizer que achei o sotaque em Coimbra muito mais fácil de entender do que em Lisboa. Ainda assim, um dos nossos amigos que foi conosco, brasileiro, não conseguia falar em português nem a pau! Cada vez que abria a boca saía espanhol! Era engraçado.
Mas voltando à viagem, chegamos em Coimbra na sexta, por volta das 22h de Madri. Achamos que inclusive seria difícil encontrar um lugar pra jantar, nem tinha grandes expectativas. Na recepção do hotel, nos demos conta que em Portugal é uma hora menos que a Espanha, ou seja, ganhamos uma hora e deu tempo perfeitamente para irmos a um restaurante e comermos bem.
Largamos as malas no quarto e fomos ao Giuseppe e Joaquim, indicação do hotel, um restaurante que como o nome indica, servia comida italiana e portuguesa.
Fomos para o restaurante a pé, aliás, o hotel era central e fizemos sempre tudo caminhando. Pois foi pisar nas calçadas de pedra portuguesa que me senti em pleno centro do Rio de Janeiro, mais especificamente, me senti no Catete. É curioso como a gente quando sai do ambiente por um tempo, percebe as coisas de maneira diferente. Até então, ainda não tinha me dado conta no quanto havíamos sido influenciados arquitetônica e culturalmente. E olha que não é a primeira vez que vou a Portugal!
Passando em frente às padarias era quando mais tinha a sensação afetiva de casa. As padarias em Madri cheiram diferente, não é ruim, mas é diferente porque só vendem basicamente pão e feito de outra maneira, muito seco ao meu paladar. As padarias brasilerias foram totalmente influenciadas pelos portugueses, tem aquele cheiro de pão doce e lugar para comer dentro delas. Eu nem gosto de pão doce, mas sentir aquele aroma invadindo as narinas foi uma delícia!
Seguimos até o restaurante, de atendimento simpático, onde uma das garçonete era brasileira e conversou um pouco conosco. Luiz foi no bacalhau e eu não resisti à picanha. É que, ainda que a comida na Espanha seja ótima, a carne de boi deixa muito a desejar, você se acostuma, mas não é o mesmo prazer. A de portugal é bem melhor e fizeram bem da maneira brasileira, macia e suculenta. Para outros turistas brasileiros, talvez não seja tão interessante, mas para mim, que fico tantos meses fora do Brasil, era o paraíso! Só me decepcionou não terem de sobremesa os doces tradicionais portugueses, mas tudo bem, tomamos dois cálices de Porto, um tinto e um branco e foi de bom tamanho.
De lá voltamos direto para o hotel e não esticamos muito a história, preferíamos acordar mais cedo no dia seguinte e aproveitar melhor a viagem. É uma cidade universitária, provavelmente os programas noturnos fossem invadidos por gente muito jovem. E vamos combinar, a noite de Madri é muito difícil de superar. Então, sempre preferimos ao invés de ficar reclamando, aproveitar o que há de melhor em cada lugar.
Dia seguinte, acordamos com calma e pedimos café no quarto. Eu amo de paixão café na cama! Já disse algumas vezes e repito, para mim, os dois maiores luxos do mundo são café da manhã na cama e banho de banheira! Pois aproveitei os dois e me senti uma rainha!
Muito bem, o dia estava nublado, mas com temperatura agradável. Saímos para dar um passeio a pé enquanto nossos amigos não chegavam. Eles saíram no mesmo carro de Madri bem cedo, pelas 6 da matina, e tinham previsto chegar pela hora do almoço.
A cidade não é exatamente bonita, pelo menos, eu não achei. Está mais velha que antiga, decadente, não sei se me explico. Mas ao mesmo tempo, possui um ambiente bastante acolhedor, parte pela semelhança que sentimos com o Brasil, mas também porque as pessoas parecem mais acessíveis e abertas. Provavelmente, influência da universidade que acolhe um bom número de estrangeiros e de portugueses mesmo, mas que não são de Coimbra. De maneira que em um primeiro momento, a cidade me pareceu meio sem graça, mas à medida que ia caminhando e conhecendo melhor, gostava mais e me sentia bastante à vontade.
Nossos amigos chegaram e fomos encontrá-los em seu hotel, bem perto do nosso, mas era outro. Como fizemos antes, mal largaram as malas nos quartos e fomos todos para a rua. Verdade que eles pareciam mais mortos que vivos, também acordaram de madrugada! Mesmo assim, não desanimaram. E eu fiquei feliz com a decisão de ter vindo no dia anterior.
Primeiro fomos descobrir o lugar do show, acho que chamava Palácio das Canções ou algo assim, fica logo após atravessar a Ponte de Santa Clara. Era bastante fácil de chegar, uns 10 minutinhos caminhando tranquilamente desde o hotel.
De lá, fomos conhecer a famosa Universidade de Coimbra, que fica bem no alto de um morro. Você se embrenha por uma série de escadarias e ladeiras até lá. Se nossos amigos já estavam cansados da viagem, imagina durante a subida! Francamente, agora vou me exibir, não fiquei nem cansadinha! Sinal que o sofrimento na malhação deve estar dando algum resultado!
Essa subida lembra muito as ladeiras de Ouro Preto, novamente não havia como não relacionar com a influência direta no Brasil. Ainda que possa ser um pouco cansativo para os mortais, reconheço, acho que vale muito à pena. E também é possível subir de carro, para os que tenham dificuldades de locomoção. Eu prefiro a pé.
No caminho, paramos para almoçar em uma tasca com mesas exteriores. O local era bem agradável, mas a comida não agradou a maioria e com toda a razão. Bom, eu me dei muito bem, pedi umas sardinhas assadas, nesses botecos não tem muito erro. Minha amiga pediu um bacalhau, que segundo ela não estava o melhor do mundo, mas normal. E as outras quatro pessoas cairam no conto da picanha, que não era picanha nem aqui nem na china e estava duríssima! Uma pena, porque em geral, se come muito bem em Portugal. Decidimos comer depois as sobremesas em outro lugar (sábia decisão!).
Seguimos até o alto do morro, onde fica a Universidade. Além da arquitetura ser bastante interessante, a vista lá de cima compensa bastante o esforço da subida.
Pessoalmente, meu lugar favorito foi o Museo Nacional Machado de Castro, um contraste do novo, antigo restaurado e a igreja por detrás. Além da vista ser muito bonita.
Outra coisa que achei legal nesse caminho são os grafites, uma maneira interessante de expressão e bastante bem humorada!
Agora, vamos combinar, as campeãs são as placas e os avisos! Sensacionais!
Muito bem, ladeiras devidamente conhecidas, baixamos atrás de doces portugueses. Estava com um desejo incontrolável de comer ovos moles! E me atraquei com uma porção deles, além de uma queijada! Minha cota de doces está batida por meses, mas valeu! Detalhe para o tamanho do suspirinho de Itú!
Mais uma passeada pela cidade e voltamos para o hotel.
Muito bem, lembra que a história de ir a Coimbra começou porque tinha um show da Ivete Sangalo? Pois é, à noite foi o show. Começava às 22h. Marcamos na porta do hotel dos nossos amigos pelas 20:30h. Daí estávamos naquela preguiça no quarto para nos arrumar, pensando se deveríamos comer alguma coisa antes do show, afinal não sabíamos como seria a estrutura por lá e tal. Claro que me veio outro desejo irresistível de comer em uma padaria. Queria porque queria um pão com bife no pão de sal! Será que tinha?
Tinha. Chama prego no pão e estava divino! Carne macia, temperadinha com pimenta do reino, no pãozinho igual ao nosso. Juro que comi como se fosse uma iguaria de outro planeta! O que fez Luiz se lembrar de sua terrível picanha do almoço e ficar com raiva! O bifinho da padaria estava milhões de vezes melhor!
Ora pois, de lá encontramos nossos amigos e fomos para o show. No local também havia uma boa estrutura, vendiam sanduíches diversos bem honestos, refrigerante quente e cerveja. Levei minha garrafinha de cachaça na bolsa e ninguém me encheu o saco, vantagens de ter essa cara de boa moça! Na verdade, até acho que sou uma boa moça mesmo, mas adoro uma cachacinha!
E como foi o show? Foi legal, estava bem cheio, no início parecia que seria vazio, mas logo o povo foi chegando e acho que o espaço lotou. A Ivete nos pareceu um pouco rouca, também, era o terceiro dia seguido que ela cantava e pulava sem parar, né? Mas tudo bem feito, bem produzido, figurino bacana e ela é bem carismática. O público também foi participativo e educado sem ser frio, civilizado com animação. Gostei. Tirei várias fotos com meu celular, todas tremidas ou escuras, sinto muito!
Fiz uma força danada para não fazer amizades, porque acho que todo mundo, incluindo o Luiz estava bem cansado. Só no finalzinho conhecemos uns universitários e me informei onde seria um lugar bom para seguirmos pela noite. Não adiantou muito porque estavam todos realmente mortos. Quebrei o galho do Luiz e voltamos diretamente para o hotel. Nossos amigos ainda saíram para comer alguma coisa, tarefa que pelo horário não foi nada simples.
Domingo, acordamos naturalmente pelas 9 e alguma coisa, tomamos nosso café com calma, arrumamos as malas e saímos por volta das 11h de Coimbra, em direção a Madri. Da estrada, contatamos nossos amigos e nos encontramos para almoçar no caminho. Não estava afim de sanduíche, preferia sentar e fazer uma refeição. Comemos uma bisteca de porco, pure de batatas e uma salada verde fresquinha, para nós, muito gostoso e por um preço excelente. Engraçado que, nessa viagem, acho que comi muito bem, mas só coisas simples e caseiras.
Chegamos em casa por volta dàs 19h, eu acho, até porque paramos no caminho para comer e a volta pareceu mais comprida. Mas também não demoramos muito em casa, estava louca para ir para a Puerta del Sol ver como estava a manifestação. Mas essa história, fica para a próxima crônica.
E de agora em diante, se ficar morrendo de saudades do Brasil e não der para a gente ir, vou para Coimbra comer nas padarias!
Ah, e uma última coisinha, se alguém tem alguma dúvida é só ir ao consultório de explicações!
Hahaha otima cronica Bibis, realmente foi otimo e valeu os quase 600 quilometros e a acabaçao total rsrsrsrs. Na realidade ia começar a escrever sobre a viagem mas fiquei com preguiça rsrsrs. Beijossss ahhhhhhhh eu quero prego no paoooooooooooo
Adorei, muito boa. Eu gostei de Coimbra, tb achei velha e nao tao bonita, mas bem agradavel, me senti muito bem, e todas as vezes que fui a Portugal, senti isso da influencia que temos no Brasil, de estar andando e ter a sensaçao de estar andando em alguma rua do Rio, por exemplo. Mas o que to com odio, é que nao comi prego no pão, rsrsrssr beijos
E viva o prego no pão! 😛 Besitos
Bianca….deu saudade do prego no pão.
Achei linda tua foto no meio dos mosaicos..aonde era aquilo?ou melhor o que era aquele espaço?
bj a vc e luiz, que mais parecia um miliciano..kkkkkkkk
Esqueci!!!! e o pastel de Santa Clara???????comeram?
Oi, Sonia! Não dei conta do pastel de Santa Clara também! Alguma coisa teve que ficar para uma próxima vez 😛 O lugar dos mosaicos é o Museo Nacional Machado de Castro. Tem um cantinho pequeno, como um tipo de clarabóia, com esses azulejos. Muito legal, né? Besitos
PS: garanto que teve uma galera essa semana que se atracou com um sanduíche de pão com bife! heheheh…
Caríssimos
Em poucas linhas, estivemos em Portugal, aprendendo coisas importantes, assim como “caso a porta esteja fechada é porque não estamos abertos” GRANDE!
Beijos
NTVianna
Oi, Seu Nelson! Seja bem vindo! 🙂 Besitos
oi, estou indo a portugal em setembro e adorei suas dicas.vou lá comer prego no pão,gostaria de saber se o hotel onde ficou era bom e barato e e possivel o nome.Um abraço e não se esqueça do nosso Brasil.
Oi, anônimo! Estava viajando de férias e só vi seu post agora. Para ser sincera, não lembro o nome do hotel, mas pesquisei pela internet mesmo. Você não terá dificuldades, há uma boa oferta. Pode deixar que não esqueço do Brasil não, todo ano estou por aí e minha família segue por essas bandas! 🙂 Boa viagem!