I – Chegando em Madri

Chegamos em Madri no dia 06 de abril de 2005. Exaustos! Vindos de Atlanta, após uns oito meses de espera e nove horas dentro de um avião – com um gato! Nem a classe executiva foi capaz de me distrair totalmente. Claro que tinha que chegar de classe executiva, sinto muito! Economizasse milhas, economizasse dinheiro, mas queria entrar pela porta da frente! Eu merecia! 

Pelo processo burocrático com normas e regras novinhas em folha, chegou Luiz com seu visto de residência e eu de turista. Apesar de ser totalmente legal, tivemos a precaução de entrar em filas separadas na imigração, acho que resquício da neurose americana. 

Todas as malas chegaram, coisa que nem sempre acontece. Seis malas grandes, bolsa de mão do Luiz com computador, bolsa de mão da Bianca com um gato. Aliás, pensando bem, ainda havia uma malinha de mão com as coisas do gato e outro laptop. Melhor que em Atlanta, onde chegamos com umas treze malas! Aprendemos um pouquinho e Luiz trouxe algumas antes de mudarmos de vez. Tínhamos malas conosco, no escritório em Madri e em Paris com um amigo. Malas muito internacionais! Um mar de malas… 

Recolhendo as bagagens já reconheci o característico cheiro de cigarro da cidade, mas dessa vez tinha coisas mais importantes para me preocupar. Providenciamos com antecedência toda a documentação do gato, Jack Daniels, que estava espremido em sua bolsinha mais de doze horas, sem direito a nem um xixizinho! Dividindo nosso colo é lógico! Eu é que não mandaria meu gatinho naquele bagageiro frio! Ninguém nos perguntou nada, acho que nem o viram ou acharam que era uma bolsa de viagem normal e, enquanto Luiz explicava porque trazia tantas malas, usei minha habilidade de passar invisível por portões e o esperei do lado de fora. Eu sei fazer aquela cara número 11 de faço-isso-todo-dia-sei-o-que-estou-fazendo-e-não-me-pergunte, passo com ela em todas as portas e portões do mundo!  

Ele não demorou, quando mostrou o visto de residência, os fiscais o deixaram passar. Quem muda de país e não leva, pelo menos, meia dúzia de malas? Também, se tivesse sido parado, nada além de roupas usadas e lembranças para revistar. Nosso maior crime foi trazer oito garrafas de bebidas que não pudemos deixar para trás. Enfim, como era bom entrar em um país de bom senso outra vez! 

Pela primeira vez relaxei um pouco. Lembro da minha visão passando pela porta de saída das bagagens, olhei as pessoas em volta e vi a claridade da rua vindo na direção dos meus olhos. Saía de uma cesariana difícil. Não estava novamente em minha zona de conforto, se é que ainda me resta alguma, mas ali queria viver.

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