Um par de dias após a chegada da Suíça: carnaval. Essa época é uma das mais difíceis para mim, porque adoro, mas gosto do carnaval bem brasileiro, de me acabar de dançar na rua e de cantar as músicas que sei de cor desde a infância.
Talvez seja um dos poucos rituais com o qual ainda me identifique, me traz a certeza, por alguns dias, de que sou mesmo brasileira e me dá muito orgulho de ser. Nem todos meus carnavais foram perfeitos e, de certa forma, não sentia tanta falta deles quando estava no Brasil. Mas o fato de sair de lá atribuiu um peso maior a essa questão.
Ver de longe, por fotos e reportagens, os blocos e os trios passarem, me deixa surumbática. É como se me perdesse um pouco. Tento não pensar tanto no assunto, mas de uma maneira absurda, a própria tristeza e a saudade me lembram quem ainda sou. Pode ser que por isso tenha boa memória. Lembrar me confirma que sou de verdade. Lembro, logo existo.
Enfim, nem tudo é tristeza e o que não tem remédio… fabrica-se uma fórmula caseira para quebrar o galho, certo?
Fomos a uma festa de carnaval brasileira aqui em Madri mesmo, na Sala Caracol. Era também a despedida de uma amiga que voltou ao Brasil, depois de passar um ano por essas bandas. Pulei e suei um quilo inteiro. Voltei para casa quase sem voz. Tudo bem, ainda sambo e não perdi o ritmo.
Quero meu crachá!