Hoje é 6 de dezembro, quarta-feira, feriado não-sei-de-que, alguém me disse que é dia de São Nicolau. Na sexta será feriado outra vez, de maneira que boa parte dos espanhóis emendarão a quinta. Aqui, essa emendada de feriado se chama “puente”, ponte, como no Brasil. A rua está deserta e Luiz está em Paris. Que saco de dia! A hora não passa.
Feio, o dia não está. Tem chovido bastante e não reclamo, precisamos muito da água. Mas hoje amanheceu ensolarado. Acontece que no inverno amanhece com jeito de fim de tarde e me dá a sensação que nossas manhãs são roubadas.
Deu vontade de sair para caminhar, mas não animei. De qualquer forma, está tudo fechado, vou olhar o que? Pensei em fazer uma faxina na casa, mas fiquei bem quietinha esperando essa vontade imbecil passar.
Falei com minha mãe pelo MSN, meu pai opera hoje a carótida. Todo mundo diz que é uma cirurgia simples, já li que é uma cirurgia simples, até acredito que seja uma cirurgia simples, mas é uma cirurgia. Só vou sossegar quando ouvir alguém me contando que deu tudo certo e foi uma cirurgia simples.
Li noticiários de todo planeta pela internet, os blogs de opinião, as comunidades do orkut… Perdi o hábito do jornal impresso, mas sinto falta de saber as notícias daqui, do Brasil e de outros lugares. Para falar a verdade, um dia imagino que vou acabar me cansando dos noticiários da internet também, não pela forma, mas pelo conteúdo. Como desgraça dá ibope! Entre um jornal e outro, dá vontade de dar uma passadinha no banheiro e cortar os pulsos! Aquecimento global, tsunami, palestinos ou israelenses? E por que não “e” ao invés de “ou”? Nunca consigo abrir uma página de notícias no Brasil, cuja a manchete ou os principais temas não estejam vinculados à corrupção. Às vezes agradeço o fato de não ter a necessidade de gerar um filho.
Tentei trabalhar em alguma peça, mas me senti voltando ao colégio e precisando estudar para uma prova chata. Daquele jeito em que tudo é pretexto para distração, toda hora a gente precisa beber água e procurar algo que possa ter nascido na geladeira nos últimos cinco minutos.
Hora que não passa…