Minha fase hiena reclamante está acabando. Primeiro porque eu mesma me canso do mal humor, segundo porque tenho amigos muito legais que ajudam a vida ficar melhor. Terceiro porque tenho alguém do meu lado que sempre se esforça para que eu fique feliz. E por último, podendo ou não, vou dar a festa de aniversário mesmo e dane-se!
Há exatamente um ano atrás estava no maior dilema se dava ou não uma festa. Foi a primeira em Madri e, apesar dos meus receios, no fim deu tudo certo.
A festa de aniversário foi no mesmo dia em que meu documento espanhol ficou pronto. Na verdade, foi o dia em que fui tirar minhas digitais. Encaramos, Luiz e eu, uma fila de quase quatro horas embaixo de um frio de 5 graus. Na época acho que não fiz essa comparação, mas talvez de alguma forma estivesse nascendo outra vez. É possível que aconteça a mesma coisa agora. A renovação do meu documento está há meses atrasada, quem sabe possa nascer novamente em novembro.
Por enquanto, estou tentando me acostumar que sou uma imigrante. I-mi-gran-te! Parece um palavrão, um xingamento. Ainda não tinha caído a minha ficha até essa semana. Sempre me considerei só estrangeira. Acontece que uma estrangeira que mora fora do seu país de origem é uma i-mi-gran-te. Bom, pelo menos posso dizer que já faço parte de alguma estatística. Depois, ainda é melhor que em inglês, onde o termo é “alien”, o mesmo utilizado para alienígena. Eu era uma “legal alien”, que imaginava a tradução como uma alienígena gente boa. Ficava mais simpático.
E por falar em simpático, vou terminando com o Sting que ficou muito mais legal depois que se divorciou do Raoni.
… I am an alien, I am a legal alien, I am an English man in New York…