50 – Jantar em Paris

Uma vez, quando morávamos em São Paulo, estávamos deitados na cama vendo televisão, por volta das 18:00hs. Toca o telefone, um casal de amigos cariocas nos chamando para assistir um show da Fernanda Abreu no Rio de Janeiro, naquele mesmíssimo dia.

 

Luiz falou com eles que assim muito em cima da hora ficava complicado, afinal de contas, morávamos em outra cidade. Desligou o telefone e daí por diante o nosso diálogo foi mais ou menos o seguinte: Muito em cima, né? Nem que a gente quisesse… pois é, e a gente já tá até de pijama… e no Rio… tem que pegar um avião… então vamos… checa os horários dos vôos… liga para seu irmão buscar a gente?

 

Pouco mais de duas horas depois, estávamos na frente do Canecão com meu irmão e as nossas malas no carro dele. Pequeno detalhe, o casal de amigos que nos convidou chegou ao local mais tarde que a gente!

 

Valeu muito a pena, foi o máximo e ficou uma história super divertida para lembrarmos. Naquela época, me parecia algo totalmente extraordinário pegar um avião para assistir um show em outra cidade!

 

O tempo passou, a vida mudou, estávamos nós aqui em Madri e descobrimos que um casal de amigos brasileiros estaria em Paris…

 

Eles passariam pouco tempo por lá e perguntaram se por acaso a gente não poderia se encontrar por aquelas bandas. Achei a idéia ótima e enchi o saco do Luiz para a gente ir. Ele também queria, mas viaja muito mais do que eu, por causa do seu trabalho, e acaba só conseguindo se agendar meio em cima da hora. De maneira que, só na sexta-feira à tarde tivemos certeza que no sábado poderíamos estar em Paris.

 

A essa altura, tinha combinado de sair também na sexta-feira com mais dois casais de amigos daqui de Madri. Não dava para furar, já havíamos tentado outras vezes e sempre acontecia alguma coisa, portanto, resolvi sair mesmo assim. Jantamos e depois fomos dançar. Chegamos em casa por volta das três da matina e precisávamos acordar às cinco e meia para embarcar às oito! Não é difícil fazer as contas do quanto dormimos naquela noite.

 

Eu amo Paris! Acho a cidade mais bonita do mundo! Também gostamos muito do casal de amigos que fomos encontrar por lá, o que quer dizer que estava empolgadíssima, mesmo sonâmbula. Pois saímos o dia todo e só nos rendemos à uma ligeira cochilada no fim da tarde, afinal de contas, queríamos jantar bem.

 

Admito que eu e Luiz parecíamos dois gatos gordos preguiçosos, onde a gente encostava por mais de cinco minutos, os olhos iam fechando. Por sorte, com o dia agitado, a gente esquecia um pouco do sono. Só foi duro de aguentar quando nossos amigos entraram na Notre Dame, porque como nós já conhecíamos, resolvemos ficar na praça da igreja sentados para descansar um pouco. Luiz queria deitar no meu colo e falei com ele que seria péssima idéia, porque dormiria também e achariam que éramos dois mendigos! Enfim, nesse momento, pedimos arrego e fomos dar a tal cochiladinha no hotel antes de sair à noite.

 

Por incrível que pareça, acordei nova! Fomos ao Ze Kitchen, restaurante elegante, mas despojado, de cozinha fusion, obviamente, pendendo mais para a francesa. Uma Champagne Diamant para iniciar os trabalhos, seguida por um Chateauneuf-du-Pape arrasador. Depois demos uma volta pela rua e nos prometemos fazer isso todo ano. Espero que a promessa não seja só a empolgação do vinho, pois levei a sério.

 

No dia seguinte, bem cedo outra vez, embarcamos de volta a Madri. Em casa, nosso gato esperava ansioso e com uma carência canina. Fez de tudo para se mostrar, mas estava bem.

 

Há alguns anos atrás, me parecia quase uma loucura pegar uma ponte-aérea no susto. Dessa vez, nem havia me dado conta do que estava fazendo até que avisei a minha mãe que estaria viajando, caso ela quisesse falar comigo. Foi ela que começou a rir e a dizer que isso de passar um fim de semana em Paris era o máximo. E foi já no aeroporto que Luiz lembrou do show que fomos assistir às pressas no Rio e que agora, ir a outro país parecia normal.

 

Na verdade, é normal. Não é muito diferente de ir de São Paulo ao Rio, tanto pelo preço, como pela distância. Mas convenhamos, que quando vamos para o terreno poético da fantasia, sair de Madri para jantar com amigos em Paris c’est très chic! Não tem preço!

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