Faz tempo que não escrevo sobre o esquisito do dia. Acho que estou me acostumando com eles a ponto de nem me chamarem mais atenção.
Talvez seja porque já desenvolvi aquela habilidade de olhar para o nada quando estou em um transporte público. Aquela coisa de tornar tolerável a presença muito próxima de completos desconhecidos. Nesse sentido, bom que chegue o outono, pois o cheirinho de verão é dose!
Muito bem, estava no meu habitual transe do metrô, quando de repente levantei a vista um pouco e vi, do outro lado da estação, um cidadão vestido de fraque negro comprido com botões grandes dourados, uma bengala com cabeça também dourada, muito bem cuidada e brilhante, cabelos longos e cavanhaque. Reconheci na hora: era o conde Drácula! Tenho certeza, sorte que ele não me viu!
Quer dizer, acho que não me viu, pois levava óculos escuros, ainda que fosse noite, e foi muito rápido. Rodava sua bengala no ar, enquanto conversava com uma pobre mocinha, que deveria ser sua próxima vítima!
Fui o resto do caminho tentando controlar o riso. Provavelmente, alguém também me olhava e imaginava do que aquela louca esquisita estaria rindo sozinha?