Desde que saí do Brasil, não temos empregada nem faxineira. Limpar a casa não é a coisa mais gostosa do mundo, mas depois de um tempo a gente se acostuma. Além do mais, o apartamento é pequeno, comparado aos que morei, e os produtos de limpeza são bem práticos.
Não quero dizer com isso que goste de fazer a faxina, mas simplesmente que entrou na minha rotina.
Nessa última viagem ao Brasil, Luiz ficou sozinho por três semanas. Ficava imaginando o caos que estaria o apartamento quando eu chegasse. Mas a verdade é que ele se virou direitinho e um dia antes da minha chegada, contratou uma diarista. Bom, foi melhor do que nada, com certeza, mas a verdade é que ficou bem meia boca, como já imaginava.
Enfim, nunca me animei a chamá-la novamente e voltei, pouco a pouco, a fazer as coisas de casa.
Tanto eu como Luiz estamos vivendo um período meio complicado. Alguns amigos e familiares com problemas de saúde, emocionais etc. É difícil viver isso de longe porque não temos muita coisa a fazer. Por outro lado, às vezes é conveniente estar distante, por mais egoísta que pareça esse pensamento. De uma forma ou de outra, tem dias que nos custa manter o bom humor.
Acontece que tenho vocação para ser feliz ou, pelo menos, tomei essa decisão um dia. Então, chega uma hora que eu mesma me encho o saco de estar para baixo e procuro alguma atividade produtiva. Algumas vezes, é algo legal, intelectual, criativo, mas outras é braçal mesmo. Parto para violência e vou para o faxinão.
Hoje foi dia de faxinão daqueles! Encarnei a “Maria”, detonei os produtos de limpeza, botei luvinha, prendi o cabelo e levei a coisa a sério. Tornei literal a expressão poder comer no chão, só estava bom quando os rejuntes entre os azulejos mudavam de cor. Estava perigosíssima! Nem o gato chegava perto. Ataquei a casa e não sobrou pó sobre pó.
Os machistas e as feministas que não me escutem, mas foi libertador! Fazer faxina no dia-a-dia é um porre! Fazer faxina limpando neuroticamente a casa é terapêutico!