37 – Esquiar no verão

Nos arredores de Madri, há um shopping que tem uma estação de esqui com neve artificial. Não é imitação de neve, é neve mesmo! Lá dentro faz entre um e dois graus negativos. Tem uma pista pequena para iniciantes e outra maior, com 250 metros de descida. Diz a lenda que é a segunda maior pista de esqui indoor no mundo. Claro que não é a mesma coisa que descer uma montanha real, mas quebra bem o galho.

 

Esse shopping chama Xanadú e fica um pouco longe da nossa casa. Antes de ter carro, ficava difícil a gente se animar para ir, me dava preguiça só de imaginar. É que a gente tem quase todo o equipamento, menos os esquis, daí levamos uma verdadeira bagagem. Convenhamos que de metrô e ônibus é muito chato. Taxi na ida ainda vai, mas na volta é a maior dificulade para conseguir um. Ou seja, a gente só ia quando coincidia de ter alugado um carro. Agora ficou mais fácil e vamos quase todo fim de semana. Assim, quando chegar o inverno, o mico é bem menor.

 

Continuo achando muito trabalhoso levar e colocar toda aquela roupa de astronauta, mas agora que esquio um pouco melhor, até que me divirto. A pista pequena para iniciantes, hoje em dia funciona só para meu aquecimento. Há muito pouco tempo atrás ainda me parecia um desafio, agora é um pouco tediosa e acabo preferindo ir para a grande. Entre o medo e o tédio, opto pelo medo. Preciso começar a descer a grande com Luiz, mesmo não sendo em uma montanha, é alta o suficiente para me dar um pouco de vertigem. As primeiras vezes, desço até a metade olhando para as costas dele e não para baixo, depois vou me acostumando.

 

Esse fim de semana fomos com uma amiga, que é bem iniciante. Luiz adora quando consegue mais algum adepto ao esporte e tem paciência para ensinar. Ele tem jeito para professor, só não funciona comigo, mas com o resto do planeta parece que sim. Ele esquia bem melhor que eu, o que não deve ser muito difícil. Mas agora, pelo menos, consigo acompanhá-lo e é bom ter alguma atividade em comum.

 

O curioso dessa história é que estamos em pleno verão madrileño! Agosto costuma ser o mês mais insuportavelmente quente do ano e, ainda que esse ano esteja razoável, continua muito estranho sair para esquiar com o sol a pino! Você sai de camisetinha e sandália e na sua mala tem calça e casaco impermeável, underware e meias de lã, além das malfadadas botas de esqui!

 

Bom, todo esquiador tem coxão e tenho a esperança que ajude a modelar minhas pernas, ainda que até o momento, o máximo que consegui foram ematomas. Não caio muito, mas sou hiper sensível e as botas apertadas sempre me marcam um pouco. Além do fato de ter sido atropelada por um snowborder. Aliás, essa é uma regra, você nunca deve se aborrecer com quem te atropela. Normalmente, ele ou ela fazem isso porque foi impossível evitar! Experiência própria!

 

Comecei a esquiar adulta e há algum tempo atrás me ressentia de não ter tido a oportunidade antes. Fica difícil quando você mora nos trópicos e seus pais não querem sair de férias no inverno! Sentia que se houvesse começando mais jovem, poderia ser boa esquiando, me senti assim como alguém que passou da idade para fazer balet. Agora, continuo achando que nunca poderei acompanhar alguém que começou criança, mas posso evoluir mais do que imaginava. Mais que o suficiente para me divertir.

 

Em dezembro, estamos planejando esquiar na Itália. Pode ser em outro lugar também, tanto faz, desde que dessa vez seja em uma montanha de verdade. Até lá, preciso aprender a fazer aquela cara meio marrenta de quem está acostumada. Atitude ajuda muito!

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