Sexta-feira, fomos matar a saudade da balada. Desde que havia chegado do Brasil, não saíamos para dançar.
Começamos pelo “Lateral”, um bar com ótimos tapas e o maitre mais antipático da cidade, que é quem sempre me lembra porque demoro tanto para voltar lá. Mas enfim, passado o mal humor do déjà vu de stress da chegada, a companhia estava agradável e relaxei.
Luiz estava meio cansado e achei que de lá voltaríamos para casa. Ele acabou se animando e fomos ao bom e velho “El Junco”. Chegamos cedo demais e ainda estava vazio. Daí, fazer o que? Quem está na chuva…
Decidimos tentar o Berlin Cabaret. Finalmente, conseguimos entrar! O Berlin é um dos meu lugares favoritos por aqui, bizarro, mas tudo funciona. Entretanto, há muitas outras pessoas que compartilham da mesma opinião e no fim de semana fica praticamente impossível entrar. Quer dizer, pelo menos para mim que não tenho paciência para filas longas sem nenhuma garantia.
Bom, mas contei essa história porque o tal do Berlin fica em La Latina e, por isso, fomos parar nessa região pela uma da matina, até rimou. Acreditávamos que poderia estar meio vazio, afinal de contas era um fim de semana de “puente”. Puente é o nosso feriado emendado. O feriado mesmo era na terça-feira, mas ninguém trabalhava desde sexta.
Quando saltamos do metrô, a surpresa: a rua estava absolutamente lotada. Uma amiga perguntou a um policial do que se tratava e ele respondeu educado, mas com a voz de quem dizia algo óbvio: La Paloma! Para quem não sabe, paloma quer dizer pomba em espanhol.
Claro que não tinha a menor idéia de que raio de festa era essa, mas havia escutado algo sobre o feriado ser por causa de uma “paloma”. Não achei que ninguém faria tanta festa por conta de uma pomba e certamente seria algum tipo de santa ou algo assim. Nesse dia, descobri que era a “Virgen de la Paloma”, celebrada todo dia 15 de agosto, quando há missa televisionada e um tipo de cerimônia em que um esquadrão dos bombeiros baixa o quadro com a imagem da virgem. Há festas por toda Espanha, procissões, touradas etc. E, por favor, que não me perguntem o que a tourada tem a ver com isso.
Como em todo país religioso, as festas pagãs são ótimas! Em La Latina, os bares colocam música alta e mesas do lado de fora. Montam balcões para vender bebida na área exterior e a rua fica entupida de gente! A decoração parece de uma grande festa junina, com as bandeirinhas e tudo. Até que é animado, ainda que seja difícil para eu entender uma imagem gigante de santa entre a música eletrônica dos DJs de bares concorrentes. Dura todo o feriado, haja energia!
Cair de pára-quedas no meio de um festão na rua não foi nada mal. Boa forma de voltar à ativa na noite madrileña.