Quando entra o verão, por volta de junho, também se inaugura a temporada das “terrazas”. Não se traduz exatamente como terraço. Tratam-se de espaços com mesas ao ar livre, não necessariamente no teto dos edifícios, pode ser nas calçadas mesmo. É quando as mesas dos bares e restaurantes se mudam para o lado de fora e todo mundo quer curtir o bom tempo.
Apesar do pouco tino comercial que o espanhol possui, as “terrazas” parecem fugir um pouco à essa regra e os estabelecimentos se esforçam em viabilizar espaços criativos, bonitos e confortáveis. Normalmente, inclui algum tipo de evento musical ou artístico.
Há “terrazas” realmente interessantes e hoje indicarei algumas que gostei. A primeira tem um jeito mais tradicional, sem perder a elegância. O lugar chama “El Espejo” e fica na calçada do Paseo de Recoletos, quase na Plaza de Colón. Possui uns vitrais coloridos, com jeitão de estação antiga, e é comum ter apresentações em um enorme piano de cauda.
Outra “terraza” super charmosa, que entrou rapidamente para a minha lista de favoritas, é a da “Casa de América”. Inaugurou esse verão e já começou bem. O bar tem um clima de lounge, com almofadões e esculturas metálicas. Inclusive, serve caipirinha. A partir das nove da noite, abre o restaurante “Paradís”, também ao ar livre, entre heras gigantes, embaixo da copa das árvores e a luz de velas. Bom serviço, bons vinhos e cardápio original. Fácil agradar.
Uma outra que é bonitinha e agradável, mas só serve bebida e há pouca oferta é o “Marula”, embaixo do Viaduto de Segóvia. Esse viaduto possui uma história meio fúnebre, era de onde os suicidas espanhóis gostavam de se jogar. Como se pode observar, até para se matar, se seguia algum tipo de processo estabelecido. Vá ser burocrático assim lá longe! Hoje em dia, para evitar a tradição esdrúxula, o viaduto é todo protegido com vidros bem altos. Mas enfim, o local não possui nenhum tipo de clima pesado, pelo contrário, é arborizado e simpático. Fica na região de La Latina, uma área bem castiça e alternativa da cidade. É só lembrar de não ir com muita fome!
Para quem gosta de música eletrônica, as “terrazas” de “La Casa Encendida” são uma boa pedida. Oferecem sempre concertos com hardcore, post-rock, drum’n’bass, hip-hop, trip-hop, entre outras linguagens que a gente não sabe bem o que significam e é mais fácil chamar de música eletrônica.
O que não falta em Madri são opções de “terrazas” em estilos e preços distintos. Continuarei experimentando. O fato é que, enquanto o tempo está bom, a gente adora por as manguinhas de fora, literalmente.