23 – … tô aqui, com uma amiga de infância!

Eu tenho amigos de infância! É como ganhar na loteria! Digo ganhar, porque surgiram na minha vida depois de muitos anos afastados, viva a internet!

 

Não é a primeira vez que escrevo dos meus amigos de Brasília, que estudaram comigo entre a 1a e a 8a séries, mas é que essa semana recebi a visita de um deles aqui em Madri. Ontem fomos jantar, com a outra amiga da mesma escola que já mora na cidade há alguns meses, aliás, essa já virou da família. Foi o segundo encontro internacional de ex-alunos, muito legal! O primeiro, foi em fevereiro desse mesmo ano e para mim é sempre uma emoção encontrá-los. Difícil explicar, fico nervosa antes e feliz depois. Incluo também os maridos e esposas, que multiplicam  essa coisa boa de conhecer gente.

 

Acho que deve ser assim para muitas pessoas. Alguns felizardos, conseguem crescer convivendo com seus amigos de tantos anos e talvez não percebam que isso é um presente. Para nós, os nômades, é complicado, precisamos de um esforço a mais para não perder as pessoas no tempo. Esforço que não me importo em fazer, porque me ajuda também a não me perder nesse tempo. O olhar do outro constrói quem somos, os amigos recuperam nossa memória.

 

Não gosto de todo meu passado, muito menos acho a infância a fase mais feliz da vida, pelo contrário, sobrevivi a ela. No início, encontrar os amigos que pertenceram a esse passado não foi fácil, parecido para muitos de nós desse grupo, nos perguntamos quantos fantasmas íamos desenterrar e confrontamos quem realmente éramos, e não quem nos esforçávamos para lembrar. Isso é sempre duro. Por outro lado, quando a gente consegue passar desse medo, dessa barreira inicial, a recompensa é enorme. A gente de repente percebe que não era tão má assim, tão gorda assim, tão feia assim… só faltava um pouquinho de perspectiva, de olhar com um pouco mais de distância. Descobrir que os temores e traumas passavam na cabeça de quase todos, simplesmente alguns disfarçavam melhor, traz um alívio estranho e a sensação aconchegante de se sentir parte de um grupo.

 

Foi engraçado escutar meu amigo falando ao telefone:… tô aqui, com uma amiga de infância! Sei que não era nenhuma novidade, mas foi diferente escutar da boca de outra pessoa e saber que era eu. Não apenas tinha amigos de infância, era amiga de infância de alguém! Parece um trocadilho, mas não é, na prática faz diferença, me trouxe uma consciência maior de quem sou e das minhas responsabilidades. E gostei.

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