Depois de dois dias de determinação ferrenha em caminhar no parque, claro que caiu um toró daqueles e não deu para por o nariz na rua. Luiz me disse, também, você assim tão esportista, até choveu!
Verdade seja dita, de se admirar que não foram canivetes. Não posso negar que um pouco de razão ele levava, mas realmente decidi que preciso mudar alguns hábitos. Vamos combinar que a balada dos fins de semana não pode ser considerada seriamente como um esporte. Querer fazer o Caminho de Santiago, caiu como uma luva para me motivar em vários sentidos.
No segundo dia de chuva, fiquei de olho e na primeira nesga que abriu no céu, desci tão rápido para caminhar que até me surpreendi com a boa vontade. É verdade que também esqueci do alongamento e o preço me foi cobrado dolorosamente mais tarde. Tudo bem, assim vou aprendendo. Pelo menos fui.
E se por um lado os céus pareciam me desafiar, por outro, uma ótima notícia, ganhei companhia para caminhada. Uma amiga nova que mora perto e resolveu, por seus próprios motivos, andar no parque do Retiro com regularidade. Não sei se conseguiremos ir todos os dias juntas, mas uma boa companhia sempre estimula. Além do mais, o parque é razoavelmente seguro, mas em alguns lugares não vou negar que fica um povo meio esquisito, ela também acha. Como uma brasileira sobrevivente, prefiro não correr riscos. Em dupla, não creio que alguém se atreva a nos perturbar. Depois, ela é simpática e fica bem mais divertido, passa mais rápido.
Quanto ao povo suspeito do parque, Luiz chegou a me oferecer spray de pimenta, o que no primeiro impulso aceitei. Depois pensei melhor e acho que não. Não quero entrar nessa neurose de já sair de casa achando que algo pode acontecer. Levei muito tempo para desenvolver a sensação de que estou segura e prefiro dar mais uma chance ao caos.
Mas enfim, voltando ao Caminho, por mais determinada que estivesse, essa semana tive alguns altos e baixos. O primeiro foi em relação à temperatura, que havia aumentado significativamente e pensei que talvez prejudicasse nossa agenda. Quem sabe devêssemos esperar até o outono. Depois, apesar da chuva e até um pouco por causa dela, a temperatura baixou novamente. Dificulta a preparação, mas vi com muito bons olhos, porque novamente viabilizou a idéia.
Combinei de fazer o Caminho com uma amiga, mas como não nos falávamos há algumas semanas, fiquei na dúvida se ela ainda estava animada. Cogitei se faria sozinha, cheguei a conclusão que faria de qualquer jeito, mas no fundo não estava tranquila, queria a companhia dela. No domingo, finalmente nos falamos e ela nem pestanejou, topou na hora e fechamos nossa data.
Valeu por não ter desanimado. Digo, dúvidas acho que terei sempre, até o momento de iniciar, sei que ainda haverão outros altos e baixos. Mas o mais importante foi não ter desistido de treinar, mesmo achando que poderia furar. Acho que agora vai!