Muita gente continua me perguntando se não é chato o fato do Luiz viajar frequentemente a trabalho. Para mim, chega a ser uma pergunta engraçada, porque na prática, mesmo que quisesse, nem teria com o que comparar. Sempre foi assim.
Casei na ponte aérea, e nesse caso, quem viajava era eu, foi minha opção sair do Rio. Lembro na festa de casamento as pessoas me perguntando, e quando você volta para o Rio? E eu, não volto. Então, quando Luiz vai para São Paulo? Não sei. Respondia isso com muita naturalidade, e confesso que tinha um prazer meio malvado e irônico em perceber o ar de interrogação do outro lado. Gente que não conseguia entender como aquela equação funcionaria. E eu é que não ia explicar. Resulta que aí já havia entendido que nossa decisão estava tomada, o resto era circunstancial.
Quando finalmente Luiz mudou para São Paulo, nós dois trabalhávamos com consultoria e ambos viajávamos. Talvez por isso tenha sido mais fácil compreendermos que era desgastante e cansativo o suficiente estar constantemente fora de casa, para ainda ter que administrar crises de carência, insegurança ou cobranças. Era assim porque era assim.
Hoje em dia, na verdade, já há algum tempo, não viajo mais por obrigação, mas ele sim. E há anos a cada vez que Luiz viaja, minha mãe me pergunta preocupada, que chato, você não se sente sozinha? E minha resposta é sempre a mesma: não. Não tenho nenhuma dificuldade em ocupar meu tempo, então para que ficar enchendo o saco? Melhor guardar a saudade para a volta e pronto, resolvido.
E falando em ocupar o tempo, essa semana começou animada. Na segunda-feira, chegou em Madri uma amiga que conhecemos em Atlanta e mantivemos contato desde então. Às vezes, nos encontramos pelo mundo para aproveitar algum evento. Ela decidiu, às pressas, vir à Espanha, esquiar no fim de semana em Formigal. Na volta, dormiu uma noite em Madri e seguiu viagem para os EUA. Portanto, só tínhamos aquela noite para nos encontrar. Foi pena Luiz não estar, porque somos todos amigos, mas para mim foi ótimo ter um programa inesperado para uma segunda-feira.
Fomos a um restaurante chamado Aldaba, indicado por uma amiga dela espanhola. Muito bom, ótima comida e atendimento bastante educado e atencioso, eles possuem uma excelente carta de vinhos e um sommelier considerado entre os melhores no país. Claro que isso era apenas o contexto, fui mesmo para encontrar com ela, mas se o ambiente era agradável, a comida era boa e o vinho corretíssimo, ficou perfeito.
É curioso ver como as distâncias pelo mundo se tornam cada vez mais relativas. Há 15 anos, em São Paulo, Luiz ainda não havia mudado para lá, fui designada para um projeto em Osasco. Lembrando que nesse momento, não havia internet e pouquíssimas pessoas possuiam um celular, nós não tínhamos. Desculpe o francês, mas pensei… fodeu! Se casar na ponte aérea já era considerado uma ousadia, como é que vou morar em São Paulo, trabalhar em Osasco e ir todo fim de semana para o Rio? Ainda por cima meio dura, não tinha mais que 25 anos e mantínhamos duas casas. Não era tão impossível como soava na época, tanto que aqui estamos, muito bem, obrigada. A questão é que agora janto em Madri, com uma amiga de Atlanta, falando ao telefone com Luiz na Alemanha. E é normal.
Ao mesmo tempo, se alguém nos chama para sair nos arredores da cidade, achamos longe. Afinal, o que é perto ou longe? O que nos interessa classificar como longe? Quanto custa ser perto? Entender as distâncias e ampliar a capacidade de percorrê-las também amplia nossa capacidade de pensar?
que massa,nao sabia essa historia.falando do tema: perto ou longe? quantas vezes temos alguém ou algo tao perto e sentimos que está tao longe?
Creio que a sua filosofia é a melhor “guardar a saudade para o reencontro “e para fazer deste momento o melhor.
Eu já pensei muito nisso… o que é perto? O que é longe? Antes eu achava Madrid do tamanho de um bairro de Sao Paulo, me parecia absurda de pequena e pra mim tudo era perto. Mas hoje em dia já fico achando longe também, estou muito mal acostumada com essa vida de suburbana! rs… E isso que a cidade está cheia de estaçoes de metrô! Mas nao sei, acho cansativo andar por Madrid… de carro, tem muito trânsito, nao tem onde parar… de metrô, pode haver muitas estaçoes, mas vc tem que fazer duas baldeaçoes pelo menos pra qualquer lugar aonde vai… mas é verdade, eu acho que o perto e o longe é vc que faz.
Oi Bianca
Pois é voce sempre é lembrada nas conversas como se fosse uma amiga que morasse aqui do lado de casa e que a gente se visse todos os dias.
Pra falar a verdade eu sei mais do seu dia dia do que do dia dia do meu irmão por exemplo, que mora na mesma cidade que eu.
Mudando a conversa, queria saber, como voce sempre tem pão de queijo ai nas festas??????
Beijos
Marianne
É Bi, e nós que viemos lá da Amazonia aqui pra essas bandas .. e o que aconteceu de mais valioso disso tudo.. foi encontrar VOCES!!
Pessoas maravilhosas que cruzaram nosso caminho!!!
Adoro voces!!
Sempre estarei PERTO.. bem pertinho!!
De alguma forma!!
Oi, Tamise! Pois é, não lembro mais se já tinha contado isso aqui ou não, como não volto nas crônicas antigas, às vezes fico um pouco repetitiva… heheheh… mas a medida que vou lembrando, vou contando. Besitos
Oi, Alessandra! Depois de morar em São Paulo, minha noção de distância física ampliou muito. Hoje também acho Madrid uma cidade pequena e fácil de andar, faço muitas coisas caminhando no inverno e quase tudo nas outras estações do ano. A única desvantagem é que fica difícil usar um sapatinho mais feminino ou bonitinho, vivo eternamente com minhas botas de trekking. Quando cheguei, adorava a praticidade do metrô, mas hoje em dia, me sinto um tatu claustrofóbico quando preciso dele. Nos arredores de Madrid, para mim já complica um pouco, porque não dirijo e se vamos a alguma festa ou reunião, como Luiz não bebe e dirige (o que estou de total acordo), também é complicado para ele. Nesse sentido, amo morar em uma região central, sou urbana até os ossos! Besitos
Oi, Marianne! Pede para o Beto fazer um blog! 😛 A recíproca é verdadeira e quando nos encontramos, tenho essa sensação que não passou tanto tempo. Às vezes, nem passou mesmo, né? Bom, respondendo sua pergunta, temos quase de tudo por aqui. Pão de queijo congelado, vende em Madrid, mas algumas vezes os amigos que viajam trazem aquela mistura em pó. O que não encontro aqui de jeito nenhum é carne seca e paio, daí temos algumas opções, a principal é um amigo nosso que trabalha em uma cia. aérea e vive indo ao Brasil. Agora, na hora do desespero, se não tem de jeito nenhum, meus pais enviam por sedex… hehehehe… Besitos
Oi, Dani! Obrigada, que bonitinho 😀 A recíproca é totalmente verdadeira! E vocês terão que inventar um jeito de vir aqui nas férias, ainda por cima, a gente vai por o Afonso tocando no Kabocla… hahahahahahah… pará pápápá pápápá clack bum! Besitos
Oi queridovska!!
Pois então, me desculpe a ousadia, mas acho que o casamento de vocês dá tão certo porque vocês sempre tiveram uma certa distância e principalmente, trabalharam sempre muito bem com ela.
Não me casei ainda e nem sei quando (ou se) isso vai acontecer, mas algo eu tenho claro desde já: vou precisar ter alguma distância do meu amado amante. Porque acho que proximidade demais – no sentido de integral, gente grudada – não funciona. O bom é quando as duas pessoas, independentes, com suas devidas formas de ser/pensar, se juntam para viver uma vida realmente em comum, o que significa administrar o tempo em comum e o tempo que não é em comum. Sei lá, parece manual de relacionamentos perfeitos, mas acho que vocês estão aí para mostrar que sim, funciona muito bem.
Problemas? Claro que sim. Eles existem e, ouso dizer, DEVEM existir. De que outro jeito a gente cresceria um pouquinho até os 70 anos? 😉 Mas o importante é que dois seres individuais vivam juntos de forma apaixonada, respeitando e sendo respeitados.
E nada como ter saudade boa de alguém, né? Acho isso magnífico e, no caso de um casal, um verdadeiro afrodisíaco. 😉
Beijossssssssssss
Oi, Alê!
Discordo por um lado. Não acho que a distância nos ajude nem atrapalhe, honestamente, como disse, para mim é apenas uma circunstância, não é o foco de nenhum problema, só uma variável. Também é uma questão de equilíbrio, por exemplo, ainda que ele viaje durante a semana, além de não ser todos os dias, nos fins de semana sempre estamos juntos. Ou seja, também não ficamos tanto tempo assim longe. É que, às vezes, as pessoas fazem muito drama com coisas pequenas e que nem atrapalham significativamente.
Agora, concordo com o ponto de manter sua independência, de saber administrar o tempo em comum e o individual. Não é o único ingrediente do manual-de-relacionamentos-perfeitos, mas ajuda.
E, senhorita taurina, “algo que você deve ter claro desde já” é que não há nada claro nem definido 😛 A gente não “tem que ter” nada. Vamos aprendendo a administrar as necessidades, que ainda por cima mudam sempre! Tem razão que um grude-grude toda hora é chato, mas olha que às vezes é bom… heheheheheh…
Besitos