Na minha memória, os dois primeiros pratos que aprendi a fazer foram farofa de ovo e omelete de salsicha. Não sei em que ordem, mas lembro com certeza que o omelete de salsicha foi meu avô paterno quem me ensinou. Não acredito que eu tivesse mais que uns seis ou sete anos de idade, quando a salsicha me parecia ser uma iguaria inigualável.
Há muitos anos não faço mais o tal omelete, mas ainda sou louca por farofa de ovo. É possível que também tenha sido meu avô a me ensinar, mas a dica que darei hoje, aprendi com uma bronca da Conceição, quando tinha por volta de uns dez anos e quase arruinei sua farofa. A Conceição trabalhou na casa da minha avó materna desde que minha mãe tinha uns onze anos, fez parte da nossa família até sua morte. Ela e minha avó tinham uma cumplicidade bacana e difícil de entender para quem estava de fora, talvez em outro momento escreva sobre isso. Mas hoje, vou contar da farofa.
Acho que a farofa comporta um monte de coisas gostosas, bacon, ovos, azeitonas, cebola, alho, cada um elege sua própria mistura. A generosa farinha agradece. Como acompanhamento, prefiro a farofa simples, aquela só fritinha na manteiga, quem sabe com um refogadinho de pouco alho.
E confesso que tenho mania de comer farofa de ovo pura. Pode ser afetivo, sei lá, os americanos tem um bom nome para isso, “comfort food”. Só sei que quando bate aquela fominha, junto com a preguiça de preparar toda uma refeição, coloco na frigideira umas duas ou três colheres de sopa de manteiga, deixo derreter, coloco um ou dois ovos, dependendo da fome, adiciono farinha e sal. Se tiver aquela farinha baiana fina e amarelinha então… ui! Deixo ganhar um pouquinho de cor, e lá está ela: a deliciosa farofa de ovo!
Qual é a dica?
Assim que você colocar os ovos na manteiga derretida, e veja bem, deixar só derreter, não deixar ficar aquela manteiga preta, mas continuando, não mexer os ovos imediatamente. Se você fizer isso com eles ainda muito crus, os pedaços ficam pequenos, separados, parecem um omelete que não deu certo, e quando você adiciona a farinha, ao invés de ter aqueles pedaços consistentes que você pode mastigar e sentir o sabor, você tem umas bolinhas indefinidas ou pedacinhos mínimos de ovo. Foi isso que fiz com a farofa da pobre Conceição, que depois de se aborrecer, ficou rindo e me ensinou a fazer direito.
O truque é simples, após adicionar os ovos inteiros à manteiga derretida na frigideira, quebrar as gemas e deixar o ovo ganhar um pouco de corpo, só quando a clara já está esbranquiçada é que se mistura devagar um pouco a gema e a clara, e se começa a partir o ovo em pedaços, com a própria colher de pau. E só então, com os pedaços de ovos em um tamanho definido e com a clara já branca, é que se deve adicionar a farinha e misturar tudo. É uma bobagem de nada, mas faz toda a diferença na aparência e no sabor.
Oi Bianca…
Queria agradecer pela dica do ovo na farofa. Eu comi uma vez numa rotisseria uma farofa maravilhosa, o que eu gostava nela era que havia pedaços fartos de ovos, eram gordinhos, havia pedaços de gema, clara tudo meio separadinho uma delicia…nao era um omelete que nao deu certo, e eu sempre imaginava como aquele cozinheiro fazia aquilo..como ele conseguia?! Fiz várias vezes, mas sempre tentativas frustadas, agora vou seguir sua dica..tenho certeza que dessa vez vai dar certo!
Beijinhos pra ti e um forte abraço
Ma
Oi, Ma! Obrigada a você! Tenta lá que vai dar certo sim! Besitos
Funciona e faz toda a diferença. Aprovado!
😉