XXXII – Falando em Burdeus

Temos um casal de amigos franceses que gostamos muito. A forma que nos conhecemos foi curiosa. Acompanhei Luiz a um treinamento na Inglaterra, em uma cidadezinha minúscula há mais de uma hora de Londres. Quando estava quase morrendo de tédio, resolvi gastar os últimos dias em Paris. Nesse curso do Luiz, ele fez um amigo francês e lhe contou que eu estava indo para lá. O amigo, por sua vez, também lhe disse que a esposa estava só em Paris. Eles haviam acabado de se mudar e ela ainda não tinha achado emprego. Daí o Luiz deu meu telefone celular ao seu amigo, que repassou para a esposa dele. 

Eu nunca acreditei que ela iria me ligar, mas ela ligou logo em seguida. Ficamos super amigas e saímos a semana toda. O fato curioso é que Luiz ficou amigo do marido, sem eu nunca vê-lo; e eu fiquei amiga da esposa, sem Luiz conhecê-la. Mantivemos o contato e, quase um ano depois, ficamos hospedados na casa deles por um fim de semana, quando finalmente nos conhecemos os quatro juntos! 

Bom, esse ano, essa minha amiga fez 30 anos e o marido lhe preparou uma festa surpresa. Eles agora moram em uma cidadezinha próxima a Bordeaux. Fomos convidados para festa e ficamos hospedados novamente com eles, em Marmande. 

Foi quando descobrimos que os espanhóis chamavam Bordeaux de Burdeus! 

Marmande é uma gracinha. Pequena e interessante, com algumas construções datadas do ano de 1300. 

Os donos da casa onde foi a festa eram os pais do nosso amigo. Um casal muito gentil e simpático. Nem sempre nos entendíamos no idioma, mas íamos misturando as línguas e apelando para mímicas. Funcionou! Como a temperatura estava agradável, quase todas as refeições foram servidas no jardim. Fazia tempo que não relaxava tanto. 

Aparentemente, na região é comum, quando um filho nasce, os pais comprarem uma caixa de determinado vinho e guardarem para as datas de aniversário importantes. No caso, no dia da festa, tomamos um Bordeaux 30 anos. Fantástico! 

Finalmente, estava preparada para tomá-lo e entendê-lo. A primeira vez que tomei um vinho tão antigo e importante quanto esse, não estava pronta. Foi há alguns anos atrás e meu sogro que ofereceu. Na minha ignorância, acreditava que o vinho deveria ser mais gostoso. Acontece que mais gostoso é chocolate. 

O que faz um vinho assim ser inesquecível é a falta de sabores e aromas comparáveis. Ele é único! Apesar da minha boca salivar em lembrá-lo, acho inútil descrevê-lo. Além do mais, é fundamental você se sentir especial a ponto de alguém achar que você mereça dividí-lo. Ter essa possibilidade junto com Luiz e entre amigos, não tem preço!

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