V – Onde morar?

Luiz não quis decidir sozinho onde morar, preferiu me esperar chegar e ajudar a escolher o bairro e o apartamento – um sábio!  

Conhecia a cidade como turista, o que é bem diferente. Além do mais, já havia passado uns nove anos e, mesmo na europa, muita coisa pode mudar nesse período. Luiz nesse vai-e-vem entre Atlanta e Madri, sempre estava a trabalho e ocupado, também não estava seguro de onde morar. 

Desde Atlanta, através de sites de busca e guias, tinha um bairro de preferência: Salamanca. O que não é muito difícil, considerando que, agora que conheço, é uma das melhores regiões por aqui. No fim de semana, sugeri que caminhássemos pelo bairro, não havia encontrado muitas ofertas de aluguel pelos jornais na internet. Foi ótima idéia, pois as pessoas colocam placas com telefone na portaria e nas janelas dos edifícios. Daí eu ia escolhendo alguns lugares e Luiz, com o espanhol bem melhor que o meu, ligava para perguntar preço e se poderíamos visitar o imóvel.  

Vimos apartamentos em outras regiões também, mas como suspeitava, acabamos nos encantando por Salamanca. O apartamento que alugamos fica em um prédio meio feinho, mas limpo e estava reformado. Depois, da minha janela via prédios lindos e o preço era razoável. Fiquei pensando: o que será melhor? Morar em um prédio lindo, ou olhar para um prédio lindo? Não importava muito, era alugado mesmo, e apenas por um ano. E o fundamental, tinha dois banheiros que não me davam nojo e elevador! 

Engraçado como o conceito de qualidade de vida das pessoas é diferente, além de mudar de tempos em tempos. Para umas pessoas é ter uma refeição por dia, para outras é possuir uma Ferrari! Conhecia esses dois tipos. Morar em cidade de praia, morar em cidade tranquila, morar em uma metrópole onde se encontra de tudo, ser casado/a, ter filhos, ser independente, estudar, ter bom emprego, ter dinheiro, ter saúde, animais de estimação, canto de passarinhos, silêncio total, paz, agitação, oportunidades, tradição, novidades… tantas coisas diferentes! 

A primeira vez que tentei categorizar o que acreditava ser qualidade de vida foi em São Paulo, pouco depois de mudar para lá. Cheguei a conclusão que era poder morar mais de três dias da semana na mesma casa que meu marido e que nessa casa me sentisse segura. Alguns anos mais tarde, adicionei a essa lista a vontade de não ter medo da violência cada vez que saísse na rua. 

Chegando em Madri, minha qualidade de vida era morar em um apartamento de pelo menos dois quartos e dois banheiros, elevador, perto de metrô, onde eu pudesse caminhar pela rua e fazer minhas compras a pé. Pronto! Com isso eu poderia ser feliz.

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