Na volta de Barcelona, tinha uma coisa muito importante que precisava fazer: cortar o cabelo!
Eu sou do tipo cabelão, daquelas que quando corta o cabelo sai do salão com um pouco de vergonha. Parece até que estou descalça, levo um tempo para me acostumar. Mas de tempos em tempos, preciso fazer. É como uma renovação simbólica. Cortar o cabelo não muda a vida de ninguém, mas muitas vezes, quando mudamos de vida, cortamos o cabelo. Pelo menos, nós mulheres!
Em Atlanta, meu cabelo caiu muito. Era bem longo, quase pela cintura. Comecei a notar no chão e no ralo do banheiro que estavam caindo demais. Só não chegou a ser um problema sério porque tenho tanto, que não fez falta. Mas eu sabia que não era uma coisa normal. Depois de um tempo comecei a recolher os fios e a guardá-los. Sou artista plástica e sabia que um dia isso seria material para um trabalho bem pessoal. Alguma coisa tinha que levar de lá, nem que fosse meu próprio cabelo! Quem sabe um dia eu conte essa história.
E, voltando a Madri, precisava resolver essa questão capilar tão significativa! Queria estar mais moderna, mais aberta, começar outra vez. Precisava de um marco, um ritual de passagem. E assim foi!
De cabelos curtos e alma leve fui sentindo o vento se alternando no rosto e na nuca até chegar em casa. Estava pronta e fresca.