Até que enfim acabou meu curso de espanhol. Foi excelente e é verdade que melhorei sensivelmente no idioma, recomendo. Por outro lado, já não tinha muita paciência para esse negócio de aula todos os dias, chamada, dever de casa… Sei lá, acho que estou velha para isso.
Bom, no último dia do curso, combinamos de sair depois da prova final. A grande maioria dos alunos voltará para seus países de origem, poucos ficam por Madri. Fora as três amigas que vieram na minha casa para o aniversário, com os outros, nunca saí antes, acho que eles também não saíam juntos. Tinha dúvidas se me divertiria. Cerca da metade da turma é de americanos, nada contra, mas fiquei pensando se eles começariam a só falar em inglês e pareceríamos turistas pela noite madrileña. Estava errada.
A maioria do grupo, me incluindo, saiu direto da aula para um bar, o El Buscón. Quem organizou nossa ida para lá foi a estudante francesa, minha primeira amiga do curso. Foi engraçado andar novamente pela rua com um bando de pessoas juntas. Me senti um pouco adolescente, mas relaxei logo e curti a sensação. O restante do grupo foi primeiro em casa se arrumar e nos encontraram no bar. Digo, no primeiro bar, pois foi uma via crucis! Aliás, isso é muito normal por aqui, dificilmente vamos a um lugar só.
Nesse primeiro bar estávamos em dezessete pessoas. Luiz me encontrou lá, depois do trabalho. Só pôde nos acompanhar nesse lugar, pois tinha que trabalhar cedo no dia seguinte, mas pelo menos aproveitou um pouco.
Dalí, os americanos tinham um jantar de despedida e também se foram, com a promessa de nos encontrar mais tarde. Nunca acreditei que realmente fossem voltar, mas de novo, estava errada.
Um dos professores apareceu e fomos para o segundo bar, o Malaespina. Nesse, estávamos em seis pessoas, entre elas, minha amiga koreana preocupada com o horário de voltar para seu apartamento. Ofereci que ficasse em minha casa, bom para mim que voltava com companhia e bom para ela que podia ficar à vontade.
É engraçado conhecer as pessoas fora do ambiente de trabalho ou de estudo, no caso. Todos estavam mais descontraídos e as diferenças de idades e de nacionalidades não faziam mais nenhuma diferença.
Esse segundo bar foi escolhido pelo alemão. Dois minutos depois de entrarmos lá, descobrimos o motivo de sua escolha, estava apaixonado pela garçonete russa. Aparentemente, vivia por lá. De qualquer forma, também foi divertido e o lugar era legal.
Sem nenhuma vontade de voltar para casa e recebendo ligações dos americanos querendo saber qual era a próxima parada, nos animamos a sair para dançar. Dessa vez, sugeri eu, o Berlin Cabaret. Acho que já comentei que é um dos meus lugares favoritos em Madri, mas às vezes pode estar muito cheio e não tão bom. Nessa quinta, estava perfeito!
Os americanos apareceram super animados e voltamos a ser um grupo grande. Cantei as músicas que sabia e inventei as que não conhecia, até porque ninguém escuta mesmo, então qual é o problema, né? Finalmente, aprendi a dançar como se ninguém estivesse olhando e pouco me importou. Parecia que éramos velhos amigos de longa data. Nos acabamos de dançar até às cinco da manhã, só paramos quando começaram a acender as luzes e desconfiamos que o lugar iria fechar.
Lá no Berlin, talvez porque seja pequeno, é comum que as pessoas se falem. Quem está mais perto do balcão acaba ajudando quem está mais atrás a fazer os pedidos, coisas assim, muito civilizado. No fim da noite, alguém veio nos perguntar se éramos um grupo de alguma empresa saindo juntos. Não éramos, mas achei curioso e acredito que a pergunta me explicou porque me sentia tão bem. Não sei se verei essas pessoas no futuro, algumas talvez sim, a maioria provavelmente não. Mas sei que nesse dia Madri foi uma cidade pequena e familiar, fomos uma mesma turma, uma galera, e foi muito bom.