99 – O dia da forra

Após um carnaval aburrido e um bico de dois palmos e meio por uns três dias, no fim de semana seguinte veio a forra. A verdade é que nem foi tão mal assim, acho que é mais a questão psicológica de saber que era carnaval. Em qualquer outro fim de semana teria ficado super feliz, pois chegaram amigos do Brasil, tivemos gente em casa, encontramos amigos aqui… Enfim, mas quando imaginava que do outro lado do mundo pipocavam trios elétricos, só gastando toda minha energia para me satisfazer. E adianto, isso não é tarefa fácil!  

Acabou que tive uma semana super cheia, encontrei com duas amigas do tempo de colégio, uma veio com o marido de férias e a outra fica por um ano e estudaremos juntas. Foi divertido e chegou na sexta-feira eu já estava de bom humor outra vez. 

O curioso é que como agora minha vida é literalmente um livro aberto, todo mundo sabia que tinha ficado emburrada no fim de semana passado. Isso é engraçado porque as pessoas se procuram nas coisas que escrevo e ainda não sei lidar com isso. Para mim são dois mundos diferentes, mas um dia me acostumo. 

E como ia dizendo, na sexta-feira, no pique madrileño, nos liga uma amiga chamando para sair, o irmão dela estava visitando. Fomos nós quatro para o Lateral, um bar modernoso, com tapas super criativas e um bom preço. Para variar, também fica perto de casa. Ali encontramos mais dois amigos e batemos papo até dar a hora de poder ir para uma boite. É que antes de uma da manhã estão todas vazias. 

Fomos para a Posada de las Ánimas, onde já praticamente batemos cartãozinho na porta. Mas para falar a verdade, nesse dia impliquei com o DJ. Sei lá, para mim ele não estava acertando a mão. Os dois amigos que nos encontraram no Lateral foram para outra boite e nós quatro insistimos um pouco mais para ver se melhorava. 

Por volta das duas da manhã, resolvemos tentar a próxima parada. Fomos para uma boite chamada El Junco, indicada por um casal de amigos brasileiros que nos encontraria lá mais tarde, com outros amigos. Entrei meio desconfiada, mas em pouco tempo já estava amarradona! Muito bom lugar, super despojado, informal e boa música. 

Adoro essa coisa de Madri da noite ir acontecendo. Você não vai para um bar e ponto, esse é só o começo. Ali você encontra uns amigos, depois vai para outro lugar e encontra outros, às vezes os lugares são modernos, às vezes super tradicionais… e quando nos demos conta eram quase seis da manhã. Casa cheia e todo mundo dançando! 

Tudo muito bom, tudo muito bem, mas realmente bateu uma fome desesperadora! Daí nos deparamos com o seguinte problema, não há em Madri uma lanchonete que venda hamburguer às 6 da matina. O máximo que você consegue são churros com chocolate quente. Acontece que não queria churros, queria um super hamburguer gigante, com muito queijo e bacon! Aquele do Bloomings de São Paulo que a gente sempre comia depois de qualquer festa. Fazia parte do ritual. 

Cheios de esperança e uma fome do cão, partimos nós e um casal de amigos em busca do hamburguer perdido! Por sorte, como já passavam das seis, o metrô havia aberto e tivemos condução para voltar para casa. No caminho, Luiz lembrou de uma possível padaria 24 horas que me soou muito estranho, mas o desejo carnívoro não me deixava pensar direito. Saltamos perto de casa e caminhamos nos arrastando mais umas cinco quadras atrás da tal padaria, que obviamente estava fechada. 

E para achar um taxi para voltar? Porque andar ninguém aguentava mais. Sentamos em um ponto de ônibus para ver o que passava primeiro com rodas para nos levar, quando avistamos um mercadinho com as luzes acesas.  

Nos dirigimos ao mercado salivando por haver algo quente para comer. Claro que não havia. Porém, a nossa salvação estava na geladeira. Eles vendiam sanduíches plastificados e havia cheeseburguer! Não tinha grandes expectativas quanto ao sabor do dito cujo, mas pelo menos tinha cara de hamburguer e já era alguma coisa. 

Em casa, após tomar um banho rápido e incinerar a roupa que fedia a cigarro, fui para cozinha esquentar nossos hamburgueres. Nunca comi um hamburguer tão ruim com tanta vontade. O jeito foi encher de mostarda para ter gosto de alguma coisa. Mas a verdade é que quebrou o maior galho! 

No dia seguinte, ou melhor, no mesmo dia, assim que acordamos fomos direto tomar nosso café da manhã… no Burguer King, é claro! Comi um cheesebacon duplo e Luiz comeu dois! 

No comecinho da noite, fomos com o mesmo casal de amigos do hamburguer no La Daniela fazer um programinha light. Todos morrendo de sono. Voltamos para casa cedo e dessa vez sem a menor reclamação da minha parte. Estava acabada, mas feliz da vida. 

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