96 – Menos um carnaval

Sempre fui louca por carnaval! Adoro as festas, a animação, as fantasias… tudo! Sei que muitas vezes também saem brigas e confusões, mas a verdade é que essa parte pior nunca chegou em mim. 

Gosto da sua preparação, dos ensaios de blocos, da ilusão do pecado permitido, do clima que traz aos lugares que o celebram, das escolas de samba e da Portela que infelizmente não é mais a mesma.  

Achava que celebraria todos os anos até ficar velhinha. Claro que sem o mesmo preparo físico teria que sambar como turista americana, levantando os dois indicadores para cima. 

Luiz não gosta de carnaval, o que gera uma total insatisfação uma vez ao ano. No início, tínhamos um trato de comemorar um e descansar outro, mas isso nunca foi cumprido. De doze anos de casada, só tive um carnaval decente, mesmo assim, porque comprei as passagens “no susto” e fomos para Salvador. 

Nos outros carnavais, sempre sofri acompanhando pela televisão a animação das pessoas nas festas por todo Brasil. Até que, desde o ano passado, desisti de saber o que acontece pelo mundo, não leio as reportagens na internet e foi um alívio não ter um canal de TV brasileiro. 

Mesmo assim, descobri que na Espanha também se comemorava o carnaval, coisa que me animou um pouco e me fez pensar que, quem sabe, esse ano quebraria meu jejum. 

Viajamos na semana anterior e fiz um esforço para chegar em Madri antes do sábado de carnaval, tudo bem que fosse um dia só, mas já valeria alguma coisa.  

Começamos bem. Fizemos uma festa de aquecimento em casa para nos prepararmos para a noite que começou cedo. Até aí, por mim ia tudo as maravilhas, com amigos legais e tomando minha cachacinha envelhecida em barril de carvalho. De casa fomos para uma festa de carnaval brasileira, que não estava muito cheia nem tão animada, mas que por mim estava ótima!  Infelizmente, nem todos pensavam assim. Meu carnaval que já havia se reduzido a um dia, se resumiu a uma hora, porque dali fomos para outro lugar.  

Por mim, também sem problemas, não me importava onde estivesse e sim que era sábado de carnaval. Podia dançar música brasileira, espanhola, grega, do cafundó do judas… dane-se, queria meu dia de direito. 

Pois com mais uma hora na outra boite, nada de ninguém se animar a ir para pista e Luiz com sua boa vontade peculiar de carnaval começou a dançar comigo bocejando. Francamente, isso me irritou! 

Decidi voltar para casa e amargar mais um ano. Vai passar. Voltamos a pé na chuva e nos graus negativos. Me recusei a pegar taxi, não queria ser educada com ninguém. Nem me incomodou a água, não vi a neve, nem senti o frio, só lembrava que mais um carnaval decia pelo ralo.  Assim como minha Portela, também não sou mais a mesma.

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