Sabadão de preguiça, parecia até domingo. Se já é complicado levantar quando tenho o que fazer, imagina sem nenhum compromisso e com aquele céu super nublado.
Nem era resquício da balada, que adiamos. Um casal veio jantar conosco na noite anterior, com a promessa de sairmos logo em seguida para encontrar outros amigos na Posada de las ánimas. Duas garrafas de um delicioso grand cru depois e um jantar meio improvisado, que modéstia às favas estava bem gostoso, claro que baixou a lombeira geral. A balada podia esperar a próxima noite livre.
No dia seguinte, recebi a mordomia do café na cama, o luxo que mais adoro no planeta! Daí é que não dava vontade de sair mesmo.
Ando caseira. Acho que estou curtindo o apartamento novo, sei lá, talvez sejam os dias chuvosos. Mas está sendo bom para descansar um pouco. Tomar um vinhozinho com Luiz ou com alguns amigos em casa, ou na casa deles, tem me parecido um programão.
Enfim, quando tomei coragem de por o nariz na tela do computador, comecei a escutar um barulho diferente de chuva, barulho de umas pedrinhas. Luiz falou do andar de cima, está chovendo granizo!
Fomos para a janela da sala por curiosidade e a chuva de granizos engrossou. Por alguns segundos, a rua ficou branquinha como se fosse neve. Fotografei, mas não aparece bem as pedrinhas de gelo.
Quando levantei a vista, percebi que tinha gente por praticamente todas as janelas. Meu impulso foi de me afastar um pouco do vidro, pois estava de pijamas. Depois notei que todos estavam de pijamas, iguais a mim. Ou seja, éramos um bando de preguiçosos, morgando em casa, curiosos na janela.
No prédio da frente, alguns andares abaixo, havia um casal de crianças, daquelas com olhar de moleque, que não sabiam se olhavam a chuva ou as janelas. Acenei para elas, que se acabaram de rir acenando para mim de volta. Por que criança acha tão divertido dar tchau para estranhos?
Em poucos minutos, a chuva acabou e o céu abriu com sol. Parecia outro dia. Saímos das janelas e da farra coletiva, e cada um voltou para sua própria preguiça.